LA PALATINA

Isabel Carlota do Palatinado, Princesa da Baviera, Condessa Palatina de Simmern, sendo por isso chamada na França de “Princesa Palatina” ou “A Palatina", foi a segunda mulher de Felipe d’Orléans*, irmão de Luís XIV.

Quando morreu, em 1722, a “Palatina”, deixou 90.000 cartas para relatar, segundo seu humor instável, a vida cotidiana do Castelo de Versailles.

A “Palatina” escrevia ao falar do marido: “O senhor irmão ou o pequeno senhor irmão do Rei”. “Enquanto o rei adora caçar, meu marido adora jogar, comer e enfeitar-se. Claro que ele dança, mas como uma dama. Não consegue dançar como um homem em virtude da altura dos saltos de seus sapatos”.

90.000 cartas em 70 anos significam aproximadamente 1.285 cartas por ano, já descontando os anos em que ela ainda não sabia escrever e brincava como qualquer criança. Isso quer dizer que escrevia, sem exceção, três ou quatro cartas por dia, numa época em que se usava bico de pena!

As pessoas costumavam dizer da Palatina e de Filipe d’Orléans que “a madame era muito senhor e o senhor era muito madame".

Era inteligente e tinha um humor ferino. Compensou o físico ingrato com inteligência e originalidade, o que muito agradava ao rei.

* Felipe d’Orléans era conhecido pela maneira extravagante de se vestir, sendo responsável pela popularização do uso das perucas e do salto alto na corte, e famoso pelos amantes do sexo masculino. Embora fosse abertamente homossexual e agisse livremente de forma afeminada, cumpriu o dever real: casou-se duas vezes.

                                                                    Helena Lacerda

Ilustração: “A princesa Palatina”, de Hyacinthe Rigaud, c. 1713