Ygor da Silva Coelho
Sempre quis descobrir o nome do engenheiro, agrônomo ou paisagista que há mais de 100 anos arborizou o Corredor da Vitória e proporciona até hoje tamanha beleza e sombra. Recorri ao Instituto Histórico e descobri que foi por ordem do Governador J.J.Seabra que as árvores foram plantadas, em torno de 1915, data da inauguração da Avenida Sete. O Governador queria dar um ar europeu à nossa Salvador e assim fez! Fez desse trecho da cidade a área mais interessante e cobiçada da Bahia:
De um lado o mar, do outro o Vale do Canela, no meio um Champs-Élysées. Guardadas as proporções, evidentemente.
Mas nossa gente quer lá saber de Champs-Élysées... Mais importante é fazer festa, carnaval! E se tem que podar as árvores de J.J. Seabra para passar o trio elétrico 'Chupa Toda', que se pode! Impiedosamente! O trio 'Chupa Toda' tem mais prestígio do que as árvores.
Ocorre que o carnaval vai passar, as águas de março virão. Cada vez mais intensas. Lembra das últimas chuvas e dos alagamentos há dois meses? Eu mesmo fiquei três horas (de relógio) preso num engarrafamento no Vale do Ogunjá. Lembra da tempestade do ano passado que destruiu quatro ou cinco piers neste mesmo Corredor da Vitória? Ah... esqueceram?
Hoje cortam-se árvores por mil razões. Algumas justificadas, outras banais. De uma forma ou de outra, pagaremos o preço. Com mais calor, mais inundações, mais tormento.
Um dia aprenderemos? Não acredito. Se no Corredor da Vitória, morada de universitários, intelectuais, museólogos, artistas e gente bem sucedida, que se diz informada, cortam-se árvores ao meio-dia, imagine em locais distantes do Centro! E o pior... Alguém protestava? Ninguém. Nem o rico, nem a baiana de acarajé, nem o jovem estudante que se dirigia ao Restaurante Universitário, balançando seus cabelos à la Bob Marley. Ninguém!
Perdoe-nos, José Joaquim Seabra!
Nenhum comentário:
Postar um comentário