quinta-feira, 4 de novembro de 2021

NARCOPENTECOSTALISMO

 

A ascensão do ‘narcopentecostalismo’ no Rio de Janeiro

Parte da cúpula da facção Terceiro Comando Puro se converteu a igrejas evangélicas neopentecostais. Peixão, chefe do crime no conjunto de favelas chamado Complexo de Israel, se refere aos seus soldados como Exército do Deus Vivo



À esquerda, uma estrela de Davi no Complexo de Israel; à direita o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, vulgo Peixão
REPRODUÇÃO TV GLOBO/ACERVO PESSOAL

No Alcorão e na bíblia hebraica, Arão é apontado como o irmão mais velho de Moisés e um profeta de Javé, o deus de Israel. Nascido em 1396 antes de Cristo, seu nome na língua judaica significa “pai de mártires”. No Rio de Janeiro, em 2021, Arão é o apelido Álvaro Malaquias Santa Rosa, 33 anos, traficante que comanda o Complexo de Israel, conjunto de favelas que abriga mais de 130.000 pessoas na zona norte da capital fluminense. Uma das principais lideranças da facção criminosa Terceiro Comando Puro, o TCP, ele tem sob seu comando centenas de “mártires” armados com fuzis de assalto prontos para matar ou morrer na defesa dos pontos de venda de droga nas comunidades de Parada de Lucas, Cidade Alta, Vigário Geral, Pica-Pau e Cinco Bocas. Essa não é a única função deste moderno Arão do crime organizado: existem indícios de que ele teria sido ordenado pastor de uma igreja evangélica, segundo investigações da Polícia Civil.

O traficante, que também responde pelo vulgo Peixão —uma alusão ao antigo símbolo do cristianismo— determinou que fossem erguidas bandeiras de Israel em diversos pontos dos territórios controlados por ele. A estrela de Davi, símbolo maior do judaísmo, também estampa muros nas ruas e vielas do Complexo —uma delas pode ser avistada da avenida Brasil, uma das principais do Rio. O traficante leva a sério seus estudos de religião. Durante uma ação no local, policiais encontraram um esconderijo subterrâneo atribuído a ele: dentro do pequeno bunker, coletes à prova de bala, munições e um exemplar da Torá, o livro sagrado judeu, segundo reportagem do jornal O Globo.



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