sexta-feira, 23 de setembro de 2022

PUTIN CONTRA SEU POVO

 A outra guerra cruel de Putin: contra os russos que se opõem à invasão da Ucrânia

Na direção do totalitarismo, o presidente russo anunciou uma guerra aberta contra os compatriotas que se alinham com o Ocidente nas críticas à invasão da Ucrânia, a quem chamou de escória e traidores. Num discurso mais sombrio do que os que tem proferido nas últimas semanas, Putin expôs a sua visão para esta “nova” Rússia, conclamando a população a uma limpeza da sociedade, que automaticamente reavivou a memória da era stanilista: “O povo russo, sempre será capaz de distinguir verdadeiros patriotas de escória e traidores, e simplesmente cuspi-los como um mosquito que acidentalmente voou em suas bocas, cuspi-los na calçada”.


Na prática, a repressão e a intimidação do Kremlin aos opositores foram redobradas desde que Putin ordenou os ataques ao país vizinho. Um relatório sobre o movimento antiguerra realizado nas duas primeiras semanas da campanha militar pela ONG independente OVD-Info, que monitora protestos e prisões, reafirma a progressão dos instrumentos de repressão contra os ativistas.

“É importante notar que nem as detenções de massa nem a violência contra os manifestantes são novos para a realidade russa. As autoridades usam a experiência adquirida nos últimos anos para suprimir os protestos antiguerra”, afirma o documento. Em 17 dias, 14.906 pessoas foram detidas em mais de cem cidades. Entre elas, 170 menores de idade.


    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa durante evento de comemoração de 8 anos da anexação da Crimeia pela Rússia, no dia 18 de março de 2022 — Foto: RIA Novosti Host Photo Agency/Alexander Vilf/Reuters

    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa durante evento de comemoração de 8 anos da anexação da Crimeia pela Rússia, no dia 18 de março de 2022 — Foto: RIA Novosti Host Photo Agency/Alexander Vilf/Reuters

    Nos protestos de ruas, os ativistas são submetidos a maus-tratos, arremessados contra o chão ou paredes, espancados com bastões e sofrem tentativas de estrangulamento, segundo relatos obtidos pela OVD-Info. “Os detidos enfrentam o bullying e a tortura pela polícia, acusações de traição da pátria, ameaças de acusação criminal para o extremismo e terrorismo, bem como ameaças de violência sexual.”

    A base para detenções em massa é a proibição de manifestações espontâneas, determinada pela legislação russa, ainda que elas sejam pacíficas. Ativistas são mantidos ao relento em estacionamentos, sem água, comida e acesso a banheiros. Defensores e advogados também são submetidos a pressões e intimidações.

    A guerra contra a mídia independente se desenrola sob uma nova lei, promulgada este mês, que começou a criminalizar a disseminação de “notícias falsas”, entre as quais a definição da chamada “operação militar especial'' realizada na Ucrânia, como “guerra” ou “invasão”.


    De acordo com a OVD-Info, a propaganda do Kremlin está ganhando novas proporções, em classes especiais organizadas em universidades, onde é incutida a versão oficial para a invasão da Ucrânia. Há expurgos e demissões de funcionários universitários por participação em comícios contra a guerra ou pela assinatura de manifestos.

     

    O medo e a oposição à campanha militar na Ucrânia levam ao êxodo de milhares de russos – acadêmicos, artistas e jornalistas – para o exterior. 


    No pronunciamento desta quinta-feira (17), Putin deixou claro que quem não está com ele, está contra ele. E a memória dos Gulag, o sistema de campos de concentração da antiga União Soviética para abrigar os presos políticos, ainda segue viva na sociedade russa.


    COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO. - Acho muito estranha a teimosia de certa esquerda que continua achando que a Rússia é socialista e apoiam desmedidamente a política agressiva e mortífera deste ditador, digno de Stalin e Ivan o Terrível. É óbvio que ele só continua no poder pelo uso da força e da repressão.

     

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