120 ANOS DA MORTE DE LUIZ TARQUÍNIO
Antes que o Ano Novo se inaugure, quero pedir a atenção de todos para o extraordinário baiano Luiz Tarquínio (1844-1903).
Ele nasceu na mesma Rua dos Capitães, no centro da Cidade do Salvador, em que Ruy Barbosa (1849-1923) nasceu cinco anos depois. Desconheço se, ainda meninos, tiveram aproximação, porém, quando adultos, sim. A relação dos dois requer pesquisa a respeito, caso ainda não se tenha feito. Enfim, se o centenário da morte de é em 1º de março de 2023, o 120º aniversário de morte de Luiz Tarquínio será lembrando sete meses depois.
Por que adjetivar Luiz Tarquínio de extraordinário?
Vejamos: nasceu pobre, mestiço e sem o selo familiar que Ruy Barbosa, que tampouco era rico, ostentava, filho de primos de origem portuguesa. Tarquínio trabalhou em múltiplas frentes, sobretudo no comércio de tecidos. Foi balconista, designer têxtil, administrador e, aos 46 anos, com a vida econômica bem sucedida, resolve executar o sonho de edificar conjunto fabril (1891) e vila operária (1892, portanto há 130 anos).
A Vila Operária, de que restam algumas unidades residenciais e equipamentos sociais e educativos nas margens da Avenida Luiz Tarquínio, na Boa Viagem, é o grande diferencial dele porque nela executou propostas de solidariedade que desagradou a ponto de ser carimbado de comunista (adjetivo que prossegue destorcido e mal aplicado).
Se peço atenção para o extraordinário baiano nascido na Rua dos Capitães em 24 de julho de 1844 não significa que ele não seja conhecido e estudado. A propósito, festejemos o perfil que o professor Adriano Leal Bruni escreveu no livro Questões empresariais inspiradoras (Salvador: e.a., 2022), obra em que ele figura como também como um dos organizadores e que teve o patrocínio do Sebrae. Fecomércio e FIEB.
Há outros trabalhos que tratam de dele. Li há pouco a segunda edição do livro Luiz Tarquínio, pinheiro da Justiça Social no Brasil, do ex-ministro Péricles Madureira de Pinho (1908-1978), obra com que a Cia. Empório Industrial do Norte comemorou, em 1944, o primeiro centenário de nascimento do seu fundador. A edição que tenho, adquirida no Sebo de João Brandão, foi impressa pela Gráfica Econômico, por solicitação do Rotary Clube Bahia Norte, em 1978.
O livro informa, por exemplo, que Luiz Tarquínio foi casado com Dona Adelaide de Figueiredo Tarquínio e que, com ela, teve 14 filhos, dos quais três faleceram jovens. Reproduz cartas relatoriais que ele encaminhava para os patrões estrangeiros, informa ele viajou para o exterior muitas vezes e que escreveu livros e artigos em jornais. Informa que mantinha dois veículos jornalísticos voltados para os operários que viviam na Vila Operária; o jornal Operário e a revista Cidade do Bem (quem, porventura, tem essas coleções?)
Ao encerrar o livro na página 99, o escritor Péricles Madureira de Pinho escreve:
“Que poderemos acrescentar como uma palavra atual ao que já se disse de Luiz Tarquínio?
Apenas que as grandes lutas da hora presente são, no fundo, resultado da negação de ideias como as que Luiz Tarquínio defendeu, como as que inspiraram sua obra de pioneiro na justiça social no Brasil.”
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