Salvador é uma cidade singular. Seu centro histórico é único. Tem paisagens espetaculares, arquiteturas de altíssima qualidade tanto do período colonial quanto do século XX, tudo junto e misturado. Apenas como exemplo, nenhuma outra cidade no mundo tem igrejas como a de São Francisco, com seus retábulos dourados e seu claustro azulejado e, a menos de um quilômetro, um elevador como o Lacerda.
Apesar disso, a subserviência ao turismo de massa que pasteuriza tudo predomina. Se não bastasse já ter na Praça Municipal - em frente ao Elevador Lacerda - o nome "Salvador" em letras garrafais para os turistas CVC tirarem fotos instagramáveis, agora fizeram o mesmo na outra praça fundacional da Cidade Alta: o Terreiro de Jesus. Outro letreiro gigantesco para turistas tirarem fotos, desta vez pertinho da Catedral Basílica e de outras igrejas monumentais que - estas sim - representam a singularidade de Salvador.
Salvador se junta, assim, a tantas outras cidades, em todos os continentes (coloco fotos de Puebla, no México;
Baku, no Azerbaijão; e Amsterdam, na Holanda, mas existem centenas de outras), em que o nome da cidade esculpido em letras monumentais disputa espaço com monumentos arquitetônicos realmente singulares, antigos ou modernos, para turistas de pouca visão e nenhuma sensibilidade se auto-fotografarem e poderem dizer "eu estive aqui".
Afinal, o patrimônio precisa desse tipo de legenda?
Bem fez a Prefeitura de Amsterdam que, em 2018, retirou o letreiro que ficava em frente ao Rijksmuseum - principal museu da cidade e um dos principais do mundo - por promover o turismo de massa: https://www.dezeen.com/.../i-amsterdam-sign-removed.../
[Fotos retiradas do Google, exceto a do Terreiro de Jesus, de autoria de Aline Figueiroa]
NIVALDO ANDRADE
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