Já tinha minha crônica quinzenal pronta, quando acontecimentos recentes no centro antigo de Salvador me levaram a tratar do velho tema, quotidianamente atualizado. O da segurança.
É de
conhecimento público e notório que onde tem turista, tem ladrão. Seja na torre
Eiffel, em Time Square, no Coliseu ou na Praça Djemaa Elfna. E nos transportes
públicos. Se pegar o famoso elétrico 28 de Lisboa, saiba que tem sempre pelo
menos um ladrão de plantão. Sempre bem vestido e perfumado.
Mas no Pelourinho
e adjacências há mais um ingrediente: a violência. O vídeo dos dois jovens
romenos ensanguentados em plena luz do dia a esta hora deve ter corrido o
mundo, suscitando o espanto e o medo de meter o pé na nossa tão badalada Boa Terra.
Na Deltur,
que recusa redigir B.O. por agressão sonora, melhor você estar bem vestido. Já
teve quem se queixou de não ser atendido por estar de bermuda. Na rua, os Cosme
e Damião ficam tão absorvidos no celular que pode passar uma boiada de
malandros a dois metros numa boa. Já assisti a isso, pessoalmente, junto à
Ordem Terceira de São Francisco, esquina com a Ladeira do Pax. Apesar da gritaria,
nem levantaram o nariz da telinha.
A polícia
sabe onde os receptadores têm seu antro. Quantas vezes por ano são incomodados?
Um ponto tradicional de assaltos a turistas é na parte alta da Ladeira do
Carmo. Serviço 24 horas. Depenação profissional garantida. Quem tiver
curiosidade, que pergunte aos moradores da área. Obterá fartura de informações.
No Santo
Antônio, o Largo e a Cruz do Pascoal são os dois pontos mais nevrálgicos. Bastaria
fiscalizar a entrada das ladeiras do Pilar e dos Perdões para diminuir a
sangria.
Acabar com a
pivetagem é um rochedo de Tântalo. Não existe solução a curto prazo, pois a
raiz mais profunda é a injustiça social que caracteriza nossa sociedade.
Educação deficitária, desemprego, falta de perspectiva para os jovens, apelo
fácil da droga e preconceito racial encurralam uma boa parte da população para
a marginalidade. Posso dar um exemplo? Na Cidade Baixa, por trás da Igreja do
Pilar, um antigo frigorífico foi transformado em conjunto habitacional para as
famílias que ocupavam a encosta. Pobreza, comida escassa, adolescentes ociosos.
Do outro
lado da avenida Jequitaia, um imenso espaço verde com terreno de futebol,
piscina, áreas de lazer cobertas, árvores frondosas, gramado, estacionamento. É
o quartel dos Fuzileiros Navais. Fora os jogos de bola e, vez ou outra, alguns
jovens correndo, pouca, bem pouca atividade.
Custaria
muito os responsáveis abrirem o portão por algumas horas por semana e fazer um
trabalho social com os jovens vizinhos tão carentes? As Forças Armadas não têm
nenhum compromisso com a camada social mais necessitada, nenhum mesmo?
POLÍCIA: VIOLENTA, MAS INCOMPETENTE:
As soluções existem, mas a falta de sensibilidade, de boa vontade e de inteligência barra tudo. E além do lastimável episódio, a Bahia vai perdendo também com o declínio do turismo.
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