quinta-feira, 27 de abril de 2023

O CHATGPT

 

O CHATGPT PRECISA DE FONTES E REFERÊNCIAS 

 ARMANDO AVENA 

 JORNAL A TARDE

De tanto ouvir falar sobre o ChatGpt, resolvi conversar com ele. O ChatGpt é a face visível da inteligência artificial e está a assustar o mundo com sua capacidade de reunir informações e sacá-las do bolso do colete. 

Não costumo conversar com que não conheço e, por isso, após os cumprimentos iniciais, perguntei de pronto: “Você me conhece?” Ao que ele respondeu: “Sim, eu tenho algumas informações sobre Armando Avena. Ele foi um escritor, jornalista e economista brasileiro nascido em Salvador que faleceu em 2016”. Tomei um susto e a antipatia foi imediata, afinal, o ChatGPT havia decretado minha morte, mas continuei prestando atenção.  “Avena foi membro da Academia de Letras da Bahia, Secretário de Planejamento do Estado e prefeito de Camaçari”. Como estou escrevendo essas linhas, presumo que estou vivo, além disso, não sou político e nem quero ser, muito menos prefeito de Camaçari. Com isso, tive certeza de que as informações do CharGPT nem sempre são verdadeiras.

Fiz então um print, que ainda preservo,  dos erros da inteligência artificial e informei-a dos seus equívocos. Aí ela  começou a desculpar-se: “Desculpe, como modelo de linguagem treinado por dados, obtenho informações a partir de fontes públicas disponíveis, mas não tenho capacidade de verificar se as informações que tenho são verdadeiras ou não”.

Bingo! Esse é o problema do ChatGPT e de todas as inteligências artificiais que estão disponíveis na internet: eles não citam a fonte, não trazem referências sobre as informações que estão disseminando e, por isso, são um perigo para a humanidade, pois se constituem em fonte de desinformação e de mentiras. Mas percebi que  a inteligência artificial aprende, pois à medida que eu ia informando seus erros, ela pedia desculpas e mudava suas respostas, até que, quando voltei a perguntar por mim, ele respondeu que não tinha informações específicas sobre pessoas.

Segui em frente e perguntei ao ChatGPT vários assuntos sobre economia. Suas respostas eram corretas, mas simplistas, ou seja, ele dizia o que cada conceito representava, no entanto,  as  inter-relações que fazia eram por vezes incompletas, inadequadas  e nem sempre  era dito o nome do pensador ou estudioso que propôs esse ou aquele conceito. Novamente, faltavam as fontes e as referências.

Na verdade, iniciei minha conversação com o ChatGPT com o objetivo de levá-lo a erro e, de certa forma, consegui, mas admito que seu nível de informação sobre várias questões é monumental, o problema é que não posso acreditar totalmente nelas, pois não são referenciadas.  Até a Wikipédia, a enciclopédia da internet, só aceita a publicação de verbetes quando existem fontes e referências.

E é aí que está o busílis. Por isso, os governos precisam agir, não para suspender as pesquisas ou o desenvolvimento das inteligências artificiais, mas para exigir que suas respostas tragam as fontes e as referências. Se não for assim, estaremos destruindo a história e criando uma geração que acredita em qualquer coisa.

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