Salvador foi transformada em sede de diocese já em 1551, apenas dois anos após a fundação da cidade pelogovernador-geral Tomé de Sousa. Em 1552, ao chegar à Bahia, o bispo D. Pero Fernandes Sardinha utilizou como Sé a Capela de Nossa Senhora da Ajuda, construída pelos jesuítas com taipa e cobertura de palha. Essa primeria catedral é, devido a sua precaridade, apelidada Sé de Palha.
Uma nova sé-catedral começou a ser erguida ainda na época de Tomé de Sousa numa zona fora dos muros da cidade, onde também os jesuítas instalavam seu colégio e igreja definitivos. Essa zona foi também logo cercada por um muro, necessário devido às ameaças de ataque dos indígenas e de outros europeus. Não se sabe exatamente quando foi começada nem terminada, mas em 1570 o governador Mem de Sá informa que a reconstruiu em pedra e cal, com uma planta de três naves.[1]
A Catedral foi novamente reconstruída no início do século XVII, durante o governo de Gaspar de Souza (1612-1617). A nova igreja localizava-se no mesmo lugar da anterior, com a fachada virada para a Baía de Todos os Santos, mas esta vez o interior era de uma só nave.[1]
Durante a invasão holandesa em 1624, a Sé foi usada como posto militar e foi muito danificada quando a cidade foi retomada, em 1625. A diocese ficou vacante durante dez anos, recuperando seu bispo apenas em 1634 com a chegada de D. Pedro da Silva Sampaio.[1] A partir de 1637 algumas obras foram feitas na Sé, que encontrava-se em mau estado.[1]
Na segunda metade do século XVII a Sé da Bahia foi reconstruída de maneira definitiva, uma época em que muitos edifícios religiosos do Brasil colônia foram refeitos em maior escala e magnificência.
Infelizmente não existem documentos que determinem a data de início das obras e o autor, mas é provável que o edifício tenha sido desenhado em Portugal, dada a atenção que dispensava o governo da metrópole com relação às obras da Sé.[1]
O edifício era bastante grande para os padrões do lugar e época, com fachada flaqueada por duas torres voltada para a Baía.[1] Sua estrutura arquitetônica geral estava terminada já nos inícios do século XVIII, mas a decoração interna (retábulos, pisos, pinturas, tetos etc) só terminou na década de 1730.
Em 1707 realizou-se na Sé o Sínodo da Bahia, organizado pelo arcebispo D. Sebastião Monteiro da Vide, do qual saíram asConstituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, considerado o mais importante documento religioso do Brasil colonial. O mesmo arcebispo construiu o Palácio da Arquidiocese, que era ligado à Sé por um passadiço.
Ao longo de todo o século XVIII, vários documentos indicam que a Sé tinha sérios problemas de conservação. Então, em 1761, os jesuítas foram expulsos da colônia, e seu colégio e magnífica igreja ficaram vazios. Numa carta ao arcebispo D.José Botelho de Matos, datada de 1765, o rei José I ofereceu-lhe a igreja jesuíta de maneira interina até que a Sé fosse restaurada.[1] Essa situação provisória, porém, continuou até os dias de hoje.
Nos inícios do século XIX, a fachada ameaçava ruína e foi refeita a muralha em frente à fachada, para tentar impedir a caída das torres. O muro acabou ruindo, o que levou à demolição preventiva das torres e grande parte da cantaria da fachada. O enorme edifício, descuidado pelas autoridades eclesiásticas, foi entregue a uma irmandade religiosa, a do Santíssimo Sacramento da Sé, que realizou uns poucos trabalhos de manutenção, inclusive substituindo alguns retábulos no interior.
Demolição
No dia 7 de agosto de 1933, após anos de debates e grande polêmica, a antiga Sé da Bahia foi demolida junto com dois quarteirões de edifícios do centro histórico. A demolição foi realizada numa época - o começo do século XX - em que o centro de Salvador passava por muitas reformas urbanísticas, e o objetivo da destruição dos edifícios coloniais foi dar lugar aos trilhos dos bondes da Companhia Linha Circular de Carris da Bahia.[2][3]
O espaço criado deu origem à Praça da Sé, que inicialmente abrigava os bondes da Companhia. Como homenagem a seu significado religioso e histórico, em 1956 foi colocado na Praça um busto de bronze de D. Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil e impulsor da construção da primeira catedral.
Em 1999, onde se localizava o adro da Sé, foi levantado o monumento Cruz Caída, criado em aço inox pelo escultor Mário Cravo, em memória da destruição do histórico edifício.
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