Em maio de 1992, notando a costumeira banalidade das decorações da prefeitura para o desfile do 2 de julho, resolvi, com minhas amigas e vizinhas Neguinha e Nerina, enfeitarmos a rua Direita de Santo Antônio desde a Igreja do Boqueirão até a Cruz do Pascoal confeccionando centenas de metros de bandeirinhas coloridas. Em paralelo organizei um concurso de decoração de fachadas, sacadas, janelas e portas. Os únicos prêmios eram troféus realizados pelo artista paulista Flávio Morais, então morador do mesmo bairro. O resultado foi tão impactante que a prefeitura (Lídice da Mata) resolveu, o ano seguinte, estender o concurso ao longo de todo o trajeto. Infelizmente - parece ser uma praga - quando os políticos interferem na cultura popular, é mais para descaracterização que para incentivo. A prefeitura inventou premiar em dinheiro, ocasionando mil brigas entre moradores. Nas gestões seguintes resolveram premiar pintando as fachadas... e demorando onze meses para concretizar o compromisso. Desisti de promover uma iniciativa pela qual eu era o responsável inicial. A participação popular foi caindo rapidamente. 25 anos passados pouco restava do entusiasmo inicial.
Agora recebo um panfleto da atual prefeitura que condiciona a premiação a uma série de ajustes de contas, entre outras com a Fazenda Federal, a Fazenda Municipal, o Tribunal Superior do Trabalho e... “Comprovante da conta corrente ou de poupança de titularidade do morador”!
É para rir ou para chorar de estupidez?
Dimitri Ganzelevitch
Salvador 28 de junho de 2019
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