Presidente francês enquadra Bolsonaro e ameaça não assinar acordo
Sessões do G20 não começaram, mas críticas à política climática do Brasil já tomam espaço
Depois de ter rebatido Angela Merkel, chanceler alemã que afirmou querer uma ‘discussão clara’ com o presidente sobre desmatamento, o presidente Jair Bolsonaro foi agora enquadrado pelo presidente francês, Emmanuel Macron: “Se o Brasil deixar o Acordo de Paris, no que nos diz respeito, não poderemos assinar um acordo comercial com eles”.
A declaração foi feita a repórteres no Japão antes de uma reunião do G20, e diz respeito ao acordo comercial que visa firmar um pacto entre a União Europeia e o Mercosul – no qual estão inclusos Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Se bem-sucedida, a negociação dará origem a um dos maiores acordos de livre comércio do mundo, com mais de 770 milhões de consumidores.
Macron ainda mencionou que o uso de agrotóxicos influencia no andamento das negociações. “Estamos pedindo aos nossos agricultores que parem de usar pesticidas, estamos pedindo a nossas empresas que produzam menos carbono, que tenha um custo de competitividade”, disse o francês. “Então, não vamos dizer de um dia para o outro que vamos permitir a entrada de produtos de países que não respeitem nada disso”.
Na terça-feira 24, 340 ONGs europeias e sul-americanas, incluindo o Greenpeace e a Friends of the Earth, pediram à UE que “pare imediatamente” as discussões “por causa da deterioração dos direitos humanos e da situação ecológica no Brasil” desde a posse em janeiro do presidente Jair Bolsonaro.
Em 2018, UE e Mercosul comercializaram quase 88 bilhões de euros em mercadorias. Os países da América do Sul exportaram, principalmente, seus produtos agrícolas, e os europeus, seus produtos industriais e farmacêuticos.
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