7 de Setembro: morte
Brasil chega ao Dia da Independência com um genocida no poder e negacionistas do genocídio em todas as partes
Eliane Brum
Neste 7 de Setembro, vamos realizar uma manifestação online do movimento Liberte o Futuro, em rede com outros movimentos de resistência.
Chegamos a este momento com quase 130 mil brasileiros a menos. Em 6 meses perdemos mais do que o dobro do escandaloso número de homicídios anuais do país. Bolsonaro nem precisou armar (mais) seus fiéis. Bastou deliberadamente deixar a covid-19 avançar.
Há quatro pedidos de investigação de Bolsonaro por genocídio e outros crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional, três deles relacionados à negligência intencional no enfrentamento da pandemia.
Não é jogo político de retórica. São petições baseadas nos atos do Diário Oficial da União, na campanha oficial de desinformação, nas declarações públicas.
Estamos testemunhando um genocídio.
É imperativo parar de negá-lo, porque a cada dia há centenas de brasileiros a menos. E eles têm cor. No caso dos indígenas, muitas das grandes lideranças já estão mortas. Foram elas que lideraram seus povos na luta pelas terras ancestrais e contra a destruição da floresta e de outros biomas.
Hoje, parte da resistência indígena já foi eliminada. E a covid-19 ainda está longe de acabar.
Não é só a memória dos mortos e desaparecidos da ditadura militar que este governo tenta apagar. A memória das vítimas da irresponsabilidade intencional de Bolsonaro diante da covid-19 já está em disputa. Vivemos entre apagamentos, lutando para dar contorno à vida. A cada vítima de Estado que apagam, sumimos um pouco, vamos ficando também menos nítidos.
O movimento Liberte o Futuro, para o qual todos aqui foram convidados, é um movimento de resgate do futuro pela imaginação. A imaginação como ação política de intervenção no presente.
Nossa plataforma é https://liberteofuturo.net/#/
Além dos laboratórios de ações, realizamos uma vez por mês um manifão. Manifão é uma plataforma de manifestação online desenvolvida para os tempos da covid-19. Neste 7 de Setembro faremos o Manifão da Democracia, um dos temas de imaginação do futuro propostos pelo nosso movimento.
Estaremos no https://manifao.org/ a partir das 18h desta segunda-feira. Os articuladores das petições no Tribunal Penal Internacional vão explicar o que é crime de genocídio e por que Bolsonaro e outras pessoas do governo, militares e civis, podem ser enquadradas. Os articuladores dos memoriais, que hoje se converteram numa das principais frentes de resistência, vão contar sobre o que significa fazer memória e como estão vivendo aqueles que não puderam se despedir de seus mortos.
Luto e luta.
Pessoas que foram torturadas e que tiveram familiares assassinados por Carlos Alberto Brilhante Ustra e outros serial-killers de Estado vão contar sua experiência. E aqueles que estão fazendo os novos movimentos na política também estarão com a gente para apontar caminhos. O Manifão ainda exibirá um trecho inédito de Marighella, filme de Wagner Moura, aclamado pela crítica internacional, mas cujo lançamento no Brasil em 2019 foi censurado.
Haverá ainda muitas outras surpresas.
Venham com a gente. Avisem a família, os amigos, suas comunidades. Sigam-nos nas redes para ficarem atualizados. Nos ajudem a divulgar.
Chega de morte. Precisamos marcar posição. Mostrar que disputaremos o Brasil. Afirmar que pertencemos aos Brasis que escolhem a vida.
Até lá!
Compartilho ainda minha coluna desta semana no El País.
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