quarta-feira, 2 de setembro de 2020

A CRIAÇÃO DA FRATELLI VITA

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Em 5 de maio de 1892, com o capital social de apenas dois mil réis, os irmãos Vita registraram a firma da sua fábrica de bebidas “Fratelli Vita”, uma expressão italiana que em português significa “Irmãos Vita”, aludindo aos dois irmãos da família italiana Vita, Giuseppe e Francesco. Em 1902, já capitalizada, a Fratelli Vita se instalou em um grandioso prédio em estilo inglês, próximo ao porto, na Rua da Calçada, nº 120, Cidade Baixa de Salvador, bairro de Roma. No mesmo ano, os Vita foram os primeiros a fabricar água tônica no Brasil, com “quinino” (produto extraído da casca do tronco da “quina”, uma árvore, usada contra malária e febre) importado da Inglaterra.
Além da água tônica, a fábrica produziu inicialmente bebidas alcoólicas, como “gengibirra” (do inglês ginger beer, bebida à base da fermentação do gengibre), que não fez muito sucesso, vinhos e conhaques. E, entre 1905 e 1910, “licores finos” premiados em várias feiras e exposições de todo o Brasil. Tratava-se de “anisete mentolado”, uma bebida fermentada à base de “anis” (essência muito utilizada na Itália), e outros sabores aproveitando frutas da terra como jenipapo e murici. A qualidade das bebidas Fratelli Vita era premiada em quase todas as exposições e feiras das quais a empresa participava.
Até que, aproximadamente em 1907, devido ao consumo dos licores ser limitado e por questões de religiosidade, os irmãos Vita priorizaram a fabricação de bebidas não alcoólicas, como os refrescos, e começaram com suas famosas “gasosas”. Gasosas eram bebidas não alcoólicas à base de água com gás carbônico (água carbonada), que ficariam conhecidas como “refrigerantes”. Nascia, assim, a primeira indústria de refrigerantes do Nordeste, com opções nas essências de uva, maçã, cereja, ameixa, limão, pera e morango.
A fabricação de refrigerantes prosperou rapidamente, apesar das novas marcas que apareceram na Bahia a partir de 1911. Como infraestrutura da fábrica, os Vita possuíam ainda uma tipografia, para a impressão de suas propagandas, e uma fábrica de gelo, para o consumo de suas bebidas. O gelo era um produto bastante procurado para a refrigeração de bebidas, numa época em que refrigeradores, freezers e eletricidade ainda eram difíceis de obter. Até que, em 1912, um imigrante espanhol abalou o mercado local e, em 1913, já com um capital social de 200 mil réis, a Fratelli Vita resolveu enfrentar a concorrência crescendo horizontalmente com uma filial no Recife, onde a instalação de outra fábrica aumentaria o faturamento, uma vez que a capital pernambucana era a cidade de maior porte populacional e importância econômica do Nordeste devido ao seu porto e desenvolvimento industrial.
Foto: A primeira fábrica de Salvador em detalhe de anúncio na revista O Malho, ano XIII, n. 621, p. 42. Rio de Janeiro, 8 ago. 1914 (acervo da Fundação Biblioteca Nacional - Brasil, FBN) *colorizada

Texto e foto retirada do escritor 
Gustavo Arruda
, autor do livro super recomendado "No tempo da Fratelli Vita", que conta toda a saga da família 
Vita, e você poderá adquirir contactando no e-mail ariemvasconcelos@gmail.com

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