Afinal não são mais que 650 metros entre a Cruz do Pascoal e o Largo de Santo Antônio, mais uns 50 da Ladeira do Boqueirão.
Enfiar a fiação debaixo do chão, tirar os postes, reformar as
calçadas, obra simples que, a rigor, não deveria levar mais que uns cinco
meses. Com três responsáveis chineses, capazes de planejar, coordenar e
fiscalizar a obra, dois meses no máximo.
A quem atribuir a culpa de uma situação que castiga há mais
de meio ano moradores e comerciantes do bairro de Santo Antônio? A empresa
executora, a PEJOTA, aparenta evidente desorganização. Mas a verdadeira culpada
é a estatal CONDER que abocanhou anos atrás a responsabilidade pela execução de
todas as obras do patrimônio material do centro histórico de Salvador sem ter
quaisquer condições de substituir o IPAC. Trata este antigo bairro como se
fosse Massaranduba ou Imbuí.
É absolutamente inadmissível que a Rua Direita continue – por
ainda quantos meses? – parecendo a Transamazônica. Durante dias seguidos a obra
fica parada. O que aconteceu? Alguma greve? Uma cratera vulcânica no meio da
rua? Descobriram uma caverna com desenhos rupestres? Não: faltou material. A areia,
dizem, não veio de Jacobina, etc.
Há quantas décadas existe a CONDER? Quantas obras assinou a
serviço da Bahia? E ainda não sabe que ano de eleições é tempo de os prefeitos
mostrarem serviço? Parte daquilo que prometeram nas campanhas terá que ser realizada
se pretenderem ser reconduzidos ao cargo. Então, como fogo de palha, todos
correm atrás de material de construção e, por consequência, haverá falta.
Simples assim. A estatal deveria conhecer perfeitamente o problema. Elementar
questão de planejamento.
Resultado: apesar da pandemia dar sinal de enfraquecimento,
moradores e comerciantes continuam presos, sem poder voltar às atividades
inerentes à vida urbana. E com considerável prejuízo econômico para todos.
O mais deprimente de tanto amadorismo, se terminarem dentro
do prazo, é a feiura que nos espera no fim do ano. Existe algum (a) responsável
pela estética da obra? Em caso afirmativo, melhor esconder o nome porque
qualquer dona de casa do bairro de Pela-Porco tem mais sensibilidade e
criatividade. Como prova a idiota ideia de colocar grama no passeio em
ziguezague da ladeira do Boqueirão. Previram alguém para fazer a manutenção?
Cortar, molhar, capinar? Não. É só para fazer bonitinho no dia da inauguração e
tirar fotos. Quem achar que exagero pode ir até a Baixa dos Sapateiros e
apreciar os “embelezamentos” da famigerada estatal.
A recém-criada Associação do Centro Histórico Empreendedor
(ACHE) chegou em boa hora para fiscalizar futuras veleidades de políticos que,
verdade seja dita, pouco se importam com nosso patrimônio.
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