sexta-feira, 16 de abril de 2021

OS BEATLES E A SEGREGAÇÃO

 Em 1964, os Beatles se recusaram a tocar em um show segregacionista


Em meio às recentes manifestações antirracistas, Paul McCartney relembrou esse episódio. Saiba o que estava acontecendo naquela época.



Desde a semana passada, o assassinato de George Floyd por um policial branco em Minneapolis, nos EUA, movimentou o mundo, com dezenas de manifestações antirracistas e antifascistas em várias cidades do planeta.

Na internet, o movimento #BlackLivesMatter (#VidasNegrasImportam no Brasil), que surgiu em 2013, também se intensificou – famosos e anônimos se manifestaram em apoio aos protestos. 

Em meio a isso, o músico Paul McCartney relembrou, pelo Twitter, uma história dos Beatles envolvendo racismo. Em 1964, a banda, que estava em turnê pelos EUA, tocaria na cidade de Jacksonville, na Flórida, quando descobriu que os negros seriam segregados na plateia – e se recusou a entrar no palco: 

Na mensagem, Paul escreveu que, em seguida, os Beatles acabaram tocando para a primeira plateia não-segregada da cidade, e disse estar com raiva e enojado que, quase 60 anos depois, atos racistas (como a morte de George Floyd e inúmeras outras) ainda aconteçam.

A recusa foi unânime entre os quatro (Paul, John, George e Ringo) e acabou influenciando o restante da carreira da banda. Mas, para entender tudo isso, é preciso compreender o que estava acontecendo nos EUA naquele momento. 


“Beatlemania” e o movimento dos direitos civis

1964 foi um ano emblemático. Os Beatles haviam aparecido pela primeira vez na televisão britânica meses antes, em outubro de 1963. A partir daí, a banda, que ainda só possuía um álbum de estúdio, Please, Please Me, estourou. Em fevereiro do ano seguinte, Lennon, McCartney e cia. foram aos EUA, onde se apresentaram no programa de TV de Ed Sullivan. É um dos momentos mais importantes da música pop: a audiência, uma das  maiores da história, chegou a 70 milhões de pessoas, e consolidou a Beatlemania. 

Mas 1964 não foi emblemático apenas por isso. Nos EUA, foi quando o movimento encabeçado por Martin Luther King Jr. atingiu o seu ápice, com a aprovação da Lei dos Direitos Civis, que proibiu a segregação racial no país.

Antes disso, boa parte das cidades e estados americanos (sobretudo na região sul) adotava uma política racista: negros estudavam em escolas diferentes e nasciam em hospitais  Havia distinção até na hora de usar o banheiro e ser enterrado no cemitério.

Essa mudança na legislação, claro, não aconteceu de uma hora para outra. Por décadas, pequenos grupos de ativistas lutavam  como podiam para pôr fim à segregação. A coisa começou a tomar maiores proporções em 1955, quando a ativista Rosa Parks se recusou a ceder o seu assento a uma branca dentro de um ônibus em Montgomery,  , no Alabama.

Rosa, vale dizer, não foi a primeira a protestar em Montgomery, mas sua prisão foi o estopim para que a comunidade se organizasse. O primeiro ato foi um boicote aos ônibus da cidade: trabalhadores negros, ao invés de pegar o transporte, andavam até o trabalho, e defendiam o fim da segregação. Deu certo: mais de 50 mil pessoas aderiram, a a cidade revogou a lei dos assentos preferenciais. 


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https://super.abril.com.br/cultura/em-1964-os-beatles-se-recusaram-a-tocar-em-um-show-segregacionista-nos-eua/




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