Imagine...
Domingo, você está dirigindo o seu carro com a sua família dentro dele. Seu filho de 7 anos está no veículo.
No caminho você se depara com uma blitz do exército.
Ok. Extremamente comum no Rio. Você passa por blitz o tempo todo e isso até te traz uma sensação de segurança.
Você segue seu caminho normal até que, vejam bem, até que os soldados começam a ATIRAR no seu carro.
Sem abordagem.
Eles simplesmente disparam e você só pensa em tirar a sua família dali.
Você tenta fazer a volta com o carro mas você já foi atingido e começa a ficar inconsciente.
Você pede pra sua mulher correr e proteger o seu filho enquanto o EXÉRCITO SEGUE ATIRANDO mesmo sem você ter a possibilidade de reagir. Afinal, não é uma troca de tiros, você não está armado.
Sua mulher abandona o carro e pede socorro para o próprio EXÉRCITO afinal ela ainda acredita que essa entidade está ali para PROTEGER a sua família.
Mas por algum motivo eles ignoram a sua mulher e CONTINUAM ATIRANDO.
Sua mulher não apresenta resistência. Você, já morto, não apresenta resistência mas o EXÉRCITO CONTINUA ATIRANDO e por alguma patologia social acha que é uma boa ideia debochar da sua mulher e dos que assistem a cena.
Após algum tempo ATIRANDO indiscriminadamente o exército percebe que, ora pois, não se tratam de bandidos. Não existe troca de tiros. Não existem armas. Não há confronto. Tudo que existe é um pai de família, NEGRO, morto e uma família desfeita.
O que acontece? O EXÉRCITO então resolve socorrer a família, certo?
Errado. Eles deixam a cena do crime enquanto são acobertados pela narrativa do CML de que teriam reagido a uma "injusta agressão" de criminosos armados.
O que faz o Governador do Estado? Ah, ele prefere ficar em silêncio pois sabe que seus militares estavam apenas cumprindo as suas ordens de "mirar na cabecinha e pow... pra nao ter erro."
O que faz o Ministro da Justiça? Ah, ele também prefere ficar em silêncio porque esse caso, assim como centenas de outros, pode prejudicar os seus projetos de lei que incluem a licença para matar preto e pobre.
Texto de Natalia Balbino
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