sábado, 31 de dezembro de 2022
O TEMPO
sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
O REI DE NELSON RODRIGUES
Meu personagem da semana; leia crônica de Nelson Rodrigues sobre Pelé em 1958
Cronista se curva a dois fatos envolvendo o jogador do Santos: sua idade de 17 anos e seu talento; texto foi publicado originalmente na revista Manchete Esportiva
Depois do jogo América x Santos, seria um crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade Albert Laurence chama de "o Domingos da Guia do ataque". Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: 17 anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de 40, custo a crer que alguém possa ter 17 anos, jamais. Pois bem: verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racialmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. (...)
O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento.
E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: "Quem é o maior meia do mundo?" Ele respondeu, com a ênfase das certeza eternas: "Eu". Insistiram: "Qual é o maior ponta do mundo?" E Pelé: "Eu". Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção, que ninguém reage e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.
Vejam o que ele fez, outro dia, no já referido América x Santos. Enfiou, e quase sempre pelo esforço pessoal, quatro gols em Pompéia. Sozinho, liquidou a partida, liquidou o América, monopolizou o placar. Ao meu lado, um americano doente estrebuchava: "Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!".
De certa feita, foi até desmoralizante. Ainda no primeiro tempo, ele recebe o couro no meio do campo. Outro qualquer teria despachado. Pelé, não. Olha para frente e o caminho até o gol está entupido de adversários. Mas o homem resolve fazer tudo sozinho. Dribla o primeiro e o segundo. Vem-lhe ao encalço, ferozmente, o terceiro, que Pelé corta sensacionalmente. Numa palavra: sem passar a ninguém e sem ajuda de ninguém, ele promoveu a destruição minuciosa e sádica da defesa rubra.
Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: a defesa estava indefesa. E, então, livre na área inimiga, Pelé achou que era demais driblar Pompéia e encaçapou de maneira genial e inapelável.(...)
Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e mesmo insolente que precisamos. Sim, amigos: aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas de pau.
Por que perdemos, na Suíça, para a Hungria? Examinem a fotografia de um e outro time entrando em campo. Enquanto os húngaros erguem o rosto, olham duro, empinam o peito, nós baixamos a cabeça e quase babamos de humildade. Esse flagrante, por si só, antecipa e elucida a derrota. Com Pelé no time, e outros como ele, ninguém irá para a Suécia com a alma dos vira-latas. Os outros é que tremerão diante de nós.
PELÉ
Vitor Borges
Num mundo racista, todo mundo quer ser um Preto.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
O SARCÓFAGO DE KARAJÍA
No norte do Peru, encontra-se um dos povos mais enigmáticos das Américas. Conhecidos como Chachapoyas (700-1476 dC), receberam o apelido de “Povo das Nuvens”, devido aos seus sarcófagos, fortalezas e povoados que estão localizados em lugares de difícil acesso. Sua derrocada ocorreu pouco antes da chegada dos espanhóis, frente ao avanço Inca. Por este motivo, os remanescentes Chachapoyas apoiaram a conquista espanhola diante de seus opressores regionais.
Entre as várias e notáveis construções que este povo nos deixou, encontram-se os Sarcófagos de Karajía (também chamado Carajía). Sarcófagos, pois os Chachapoyas desenvolveram padrões funerários que podem ser classificados como mausoléus (tradição pucullo) e sarcófagos (tradição purunmacho), estes últimos caracterizados por estarem localizados em penhascos quase inacessíveis. Neste último caso, a maior parte encontra-se na margem esquerda do rio Utcubamba, nas proximidades da atual cidade de Chachapoyas. Além de Karajía, outros agrupamentos funerários são conhecidos, como os de Chipuric e Tingorbamba.
Os sarcófagos podem ser vistos encravados em fissuras rochosas, não raro cerca de 300 metros acima de um despenhadeiro. Algumas vezes de modo unitário, outras em conjunto, medindo entre 60 cm e 2,50 metros de altura cada um. Geralmente ocupados pelo fardo funerário de um único indivíduo, mumificado em posição fetal e ornado com tecidos e oferendas representativas de sua classe social. Pelo lado externo, os sarcófagos são modelados com argila, gravetos, mato e pequenas pedras no próprio local onde se encontram. O conjunto completo de Karajía possuía oito sarcófagos, sendo que um deles desabou do penhasco devido a um terremoto ocorrido em 1928. A análise do material desse sarcófago tombado trouxe muitas informações de seu conteúdo aos arqueólogos, que desta forma, evitaram profanar os sarcófagos fechados.
Alguns deles – mais elaborados – possuem esculpidas cabeças-máscaras coroando os sarcófagos, que são pintadas em branco, ocre, vermelho e amarelo. De forma geral, as esculturas apresentam apenas um torso com cabeça, sem braços ou pernas. Devido a dificuldade de acesso, muitos deles chegaram ao século XX intocados – mesmo que conhecidos pela população local – como é o caso de Karajía, que desta forma escapou da ação de huaqueros (caçadores de tesouros). Mesmo que conhecidos, os sarcófagos Chachapoyas só foram de fato estudados a partir da década de 1980.
Em 2006, um grupo de peruanos encontrou a 2.700 metros de altura outro conjunto de sarcófagos semelhantes a Karajía. Eles estão a 45 km da cidade de Chachapoyas e possuem 1,50 metros de altura, ostentando pinturas e cabeças estilizadas representativas de seus dignatários. Entre os habitantes locais, essas estátuas são conhecidas como antigos sábios.
Dalton Delfini Maziero é historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador dos povos pré-colombianos e história da pirataria marítima.
CINDY SHERMAN
As fotografias que desafiam padrões e identidades da artista Cindy Sherman
Cindy Sherman, a polêmica artista americana considerada uma das principais fotógrafas no campo da arte contemporânea
Cindy Sherman. Untitled Film Still
#9, 1978. Imagem: MoMa
Quem é Cindy
Sherman
Cindy Sherman (Glen
Ridge, EUA, 1954) é uma artista e fotógrafa americana que ganhou destaque no
mundo da arte contemporânea no final dos anos 1970 e é mais conhecida por
fotografias que desafiam padrões e exploram questões relacionadas à identidade.
Ela é associada à
chamada geração Pictures, um grupo de artistas que utilizava a apropriação de
fotografias e imagens de mídias de massa como ponto de partida conceitual em
suas criações artísticas. O grupo combinava cultura pop e arte contemporânea,
tensionando barreiras entre “baixa” e “alta” cultura.
Ao utilizar a
fotografia como meio principal para explorar o imaginário da cultura popular
americana, Sherman questiona qual é o papel da cópia ou da reprodução no campo
da arte contemporânea. Cindy Sherman se vale da ideia de que o cinema, a publicidade
e as mídias de massa são dotados de uma natureza opressiva e procura capturar
os efeitos tanto individuais quanto coletivos desse mecanismo através de suas
obras. Sherman também pode ser considerada como uma artista que trabalha com
apropriação, uma vez que muitos de seus trabalhos partem de releituras de
imagens tanto históricas quanto da cultura popular, alterando-as para abordar
temas como a construção da identidade de gênero.
Cindy Sherman. Untitled #474,
2008. Imagem: MoMa
A maior parte da
obra de Cindy Sherman é caracterizada pela própria artista incorporando
diferentes personagens, sendo ela mesma fotógrafa e modelo. Ela afirmou em
entrevista que tentou trabalhar com modelos, mas que nunca funcionou bem,
forçando-a a ter que refazer as fotos ela mesma. Sherman acredita que o motivo
desse insucesso ao trabalhar com modelos é o fato de ela não saber realmente o
que quer ou como articular seus desejos até ver a imagem.
Ao longo de sua
carreira, ela já posou como todo tipo de estereótipo presente no imaginário do
cinema e da mídia, desde estrela da Hollywood dos anos 1950 até monstro de
filmes de terror. A questão central do trabalho de Sherman é justamente o tema
da identidade, tanto individual quanto coletiva e o quanto as fronteiras entre
estas são borradas na contemporaneidade. Uma das leituras possíveis da obra de
Cindy Sherman é a de que a artista sugere que identidade, nada mais é do que a
alternância contínua entre diferentes estereótipos. Outros leem seu trabalho
como a expressão e exploração da própria personalidade da artista. Há ainda a
leitura de que Sherman, em seu trabalho, está examinando a noção de identidade
na sociedade contemporânea por uma perspectiva mais ampla.
Existe uma camada
performática em seu trabalho. Sherman lembra de se fantasiar desde a infância,
mas não como as típicas princesas e bailarinas. Ela explorava baús da família
com roupas velhas e se vestia como idosas ou monstros, se transformando em
personagens que tendiam ao lado mais perverso da fantasia, como a artista
relata no documentário Nobody is here but me (Ninguém está
aqui além de mim), de 1994.
“Eu gostaria de poder tratar todos os dias como Halloween, e me
fantasiar e sair para o mundo como um personagem excêntrico.” Cindy Sherman
Fato é que a
artista tem uma postura reticente ao falar sobre seu trabalho e dar
entrevistas, preferindo que o público tire suas próprias conclusões. Essa
indefinição discursiva abre espaço para especulação acerca de sua obra e suas
intenções e cria uma certa mística sobre seu trabalho e sua pessoa.
Cindy Sherman. Untitled #153, 1985.
Imagem: MoMa
Cindy Sherman e o
movimento feminista
Do ponto de vista
do movimento feminista, grande parte da obra de Cindy Sherman parece se tratar
de um comentário sobre a ideia de que ser mulher é uma performance socialmente
construída a partir do olhar masculino – especialmente no cinema, na publicidade
e na mídia, como comentado anteriormente. Por essa perspectiva, entende-se que
as mulheres sejam socializadas para performar uma feminilidade em todos os
espaços de sua vida. E são exatamente essas diferentes performances que a
artista explora em suas obras.
Tal leitura faz com
que o trabalho de Sherman seja fortemente associado com os movimentos
feministas que explodiram nos Estados Unidos nos anos 1960 e 1970 e se
desenvolvem até hoje. No entanto, a artista não se considera uma pessoa
particularmente politizada, apesar de admitir que seu trabalho pode ser
associado a temas políticos.
Untitled Film
Stills 1977-1980
Uma das obras mais
conhecidas e aclamadas de Sherman é Untitled Film Stills (Frames
de filmes sem título, em tradução livre), série que lançou Cindy Sherman no
meio artístico, no final dos anos 1970. Trata-se de uma série de 69 fotografias
feitas em filme analógico preto e branco ao longo de três anos, na qual a
artista personifica diferentes estereótipos femininos.
A inspiração da série vem da influência dos filmes europeus e dos filmes noir americanos dos anos 1940, 1950 e 1960. Estes gêneros cinematográficos frequentemente colocavam as personagens femininas como objetos sexuais ou ingênuas vítimas que precisavam ser salvas. Era comum na época que a divulgação dos filmes fosse feita através da distribuição de frames de cenas marcantes. Cindy Sherman se apropria dessa estética para a criação de Untitled Film Still, intencionalmente alterando ou potencializando os estereótipos femininos retratados ao ponto de causar um certo desconforto.
A imagem mais
discutida desta série é Untitled Film Still #21, na qual Sherman
aparece com uma jovem inocente do interior se aventurando na cidade grande para
ganhar a vida. A imagem traduz em seu plano e ângulo a linguagem
cinematográfica. No entanto, o faz de tal forma que provoca a sensação de que a
jovem está sendo observada ou julgada e que ela se arma de uma persona para
se defender desse olhar exterior. Coincidentemente ou não, esta era a realidade
de Sherman na época em que produziu a série. Ela havia saído da cidade onde
nasceu e se mudado para Nova Iorque, onde encontrou uma realidade hostil de
criminalidade nas ruas. No documentário Nobody is here but me (Ninguém
está aqui além de mim), Sherman afirma que sentia, na época, a necessidade de
adaptar sua postura nas ruas para poder sobreviver naquele ambiente.
History portraits
Entre 1988 e 1990,
Sherman realizou uma série intitulada History Portraits (Retratos
da História, em tradução livre). Nesta série, a artista recria obras clássicas
renascentistas, alterando a narrativa ao exagerar os aspectos artificiais que
compõem a encenação. Cindy Sherman vivia em Roma na época, seria de se esperar
que o ponto de partida para a criação desta série fosse visitas aos numerosos
museus com obras dos grandes mestres renascentistas espalhados
pela cidade. Porém, para criar a série, Sherman se manteve comprometida com a
cultura da reprodução e apropriação de imagens impressas, pois utilizou como
referência apenas imagens encontradas em livros.
Faz parte desta
série a obra Untitled #228, na qual Sherman recria o clássico
tema bíblico de Judite decapitando Holofernes. Nesta obra, como em tantas
outras releituras do tema, Sherman apresenta o assunto em um estilo clássico.
No entanto, ao examinar a obra com mais atenção, alguns detalhes se mostram
estranhos e desproporcionais. Parecem revelar o que tentam esconder: tudo não
passa de encenação, criação de uma imagem artificial, um trompe l’oeil.
Cindy Sherman. Untitled
#228, 1990. Imagem: MoMa
Neste tema familiar
para feministas e historiadores, Judite salva o povo israelita do tirano
general assírio ao usar seu charme feminino para seduzi-lo e o decapita quando
Holofernes cai no sono.
A imagem de Sherman
é carregada de ambiguidade, o que causa um certo desconforto no espectador.
Nela, Judite pode ser vista tanto como uma heroína quanto como um símbolo
sexual, uma vez que o sucesso de sua tarefa dependia de seu charme feminino. Na
versão de Caravaggio, inclusive, Judite seria originalmente retratada com os
seios nus. Imagens recentes de raio X mostraram que o véu que cobre os seios da
personagem foi uma decisão posterior no processo do artista.
Caravaggio. Judite e Holofernes, 1599.
Imagem: Google Arts and Culture
Cindy Sherman
produz incessantemente desde os anos 1970. Além das séries fotográficas aqui
citadas, muitas outras obras da artista podem ser exploradas, cada uma em suas
particularidades. No entanto, o fio condutor de seu trabalho se mantém o mesmo
ao longo das décadas: identidades que se constroem e se desconstroem,
apropriações e personagens estereotipados em imagens minuciosamente
construídas.
O trabalho de
Sherman já foi objeto de infinitas especulações. A própria artista não se sente
particularmente inclinada a analisar seu trabalho muito profundamente e não dá
muita importância àqueles que o fazem. A artista já afirmou em entrevistas que
prefere que o público seja capaz de se relacionar com o seu trabalho sem
precisar ler sobre ele. No entanto, ela não nega as implicações políticas e
sociais de sua obra. Ela é, afinal de contas, considerada uma das principais
fotógrafas da crítica social na contemporaneidade.
Luísa Prestes, formada em artes visuais pela UFRGS, é artista,
pesquisadora e arte-educadora. Participou de residências, ações, performances e
exposições no Brasil e no exterior.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
ANO NOVO NA PRAIA
TORRES DE BAMBU
Empresa desenvolve torre de bambu capaz de produzir mais de 20 litros de água por dia sem utilizar eletricidade
Foto: Warka Tower
|
Ong desenvolve torre de bambu que
pode gerar mais de 20 litros de água por dia para comunidades de regiões em
desenvolvimento. Projeto, que não usa eletricidade, promete mudar
significativamente a vida de povo africano.
Uma nova invenção poderá matar a sede de milhões de pessoas
pelo mundo. Na África, por exemplo, diversas pessoas lutam para ter
água potável e milhões de habitantes passam de 4 a 6 horas diárias em busca de
água, e na maioria das vezes ela nem sempre está limpa. Com a população do
continente africando chegando a um bilhão de pessoas, o problema está ficando
cada vez maior. Pensando nisso, uma organização sem fins lucrativos desenvolveu
uma torre de bambu barata e fácil de montar que ajudará a trazer água limpa
para os africanos.
Torre de bambu produz mais de 20 L
sem usar eletricidade
Warka Tower
As torres de bambu, que são capazes de recolher até 25 litros de água
por dia, são chamados de Warka Water, um projeto voltado para promover o acesso
à água para comunidades devastadas pela seca. Nos países em desenvolvimento há
muitos problemas em relação ao acesso à água potável, tendo em vista que muita
das vezes está contaminada por dejetos humanos e animais.
A má qualidade da água é a principal causa de problemas de saúde nas
comunidades indígenas. Todos os anos nesses países, diversas crianças morrem de
fome, desnutrição e outras condições. Essas torres de bambu são estruturas
passivas que atuam com fenômenos naturais como evaporação ou gravidade. Sua
instalação é algo muito simples, tendo em vista que não necessita de andaimes
ou eletricidade, e são os próprios habitantes das aldeias que os constroem.
As torres de bambu são desenvolvidas com materiais locais sendo
totalmente biodegradáveis. O principal componente é o bambu, apesar da
fabricação exigir alguns outros elementos, como folhas de palmeira, cânhamo ou
videiras. Esta é, sem dúvida, uma opção altamente econômica e ecológica para
lidar com o problema do saneamento de água nesses países.
Torre de bambu pode produzir água de
qualquer lugar do mundo
A Warka Tower é uma estrutura formada por malhas laranjas triangulares
de 10 metros de altura que pesam 60 kg. O projeto, que não usa eletricidade,
consiste em cinco módulos dispostos para coletar água potável do ar por
condensação. Em média, estas estruturas conseguem distribuir entre 10 a 20
litros de água por dia pelas comunidades.
O ar geralmente possui uma grande saturação de vapor de água. Este fato
torna possível coletar água de praticamente qualquer lugar do mundo. Os locais
com uma porcentagem de vapor de água no ar maior são os mais indicados para a
instalação deste tipo de torres de bambu. As primeiras unidades foram
instaladas na Etiópia e Camarões, contribuindo significativamente com a
população da região. A torre de bambu leva o nome da árvore “Warka”.
Esta é uma figueira gigante que pode ser encontrada na Etiópia e é
sagrada, tendo em vista que disponibiliza sombra, comida e um local de reunião
para os habitantes da região. O custo de instalação dessa estrutura está na
casa dos mil dólares por peça, sendo uma ótima alternativa aos povos africanos
para ter acesso a água limpa em um futuro próximo, isso tudo sem utilizar
eletricidade.
Saiba como contribuir com o projeto
No site da Warka Water é possível encontrar alguns meios de contribuir
para este projeto, realizando uma doação ou participando do projeto “Adote uma
árvore”. Apesar do principal trabalho da Warka seja melhorar o acesso à água
potável, eles também contribuem com as comunidades em que trabalham em outros
aspectos.
A Ong fornece alimentos e medicamentos para crianças. Também fornecem
educação para resgatá-los da pobreza e da escravidão, grande parte dos países
em desenvolvimento sofreu grandes ações de desflorestação nos últimos anos, e
por isso um dos seus objetivos é plantar árvores. Ajudam as comunidades
indígenas a obter certidões de nascimento e outras provas de cidadania.
LUIZ TARQUÍNIO
120 ANOS DA MORTE DE LUIZ TARQUÍNIO