Plano inclinado na Barra? 10 curiosidades históricas dos bairros de Salvador
Que Salvador tem bairros que exalam história, não é novidade para ninguém. Mas nem todo mundo sabe que qualquer passeio por aqui pode revelar causos, contos e até lendas de quase cinco séculos desde a sua fundação. Não se trata só do Centro Histórico - e nem mesmo o Centro Histórico tem apenas os fatos mais conhecidos a contar.
“Salvador, como cidade, é um lugar de memória”, diz o historiador Daniel Rebouças, doutor em História pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). “Muitas ruas, muitos lugares têm camadas de memória e cada vez mais a gente vai descobrindo, tornando a cidade mais importante. Por isso, é muito importante a preservação do patrimônio”, acrescenta.
Se você passou os últimos dois anos enfiada ou enfiado em casa e não sabe por onde voltar a explorar a cidade, o CORREIO preparou um guia com 10 bairros de Salvador com histórias curiosas ou nem tão conhecidas assim, mesmo por quem nasceu e sempre morou aqui.
Assim, na sua próxima visita a essas localidades, seja para desbravar com calma ou se simplesmente estiver vendo rapidinho da janela do carro ou do ônibus, pode lembrar que aquele bairro pode não ter só uma paisagem bonita, mas também uma bagagem cultural de fazer inveja.
Confira a lista completa
1. Barra
Hoje é possível chegar à Barra de diversas formas: de ônibus, de carro, de bike, a pé. Mas, no século passado, o bairro tinha outro transporte para visitantes e moradores: um plano inclinado que começava na região onde atualmente fica a Perini, na Avenida Princesa Isabel, e seguia até a região do Porto. Toda a ladeira funcionava como o plano inclinado.
Ali, havia um bonde puxado por burros que vinham da Vitória até o local do Hospital Português.
O Plano Inclinado da Barra percorria a via onde hoje fica a Avenida Princesa Isabel (Foto: Guilherme Gaensly/Acervo Ubaldo Senna Filho) |
“A empresa era a Transportes Urbanos, a mesma dona do Elevador Lacerda. Eles encaixavam os animais nesse sistema de plano inclinado e o bonde descia na gravidade. Tinham os freios que eram sacos de areia e eles só iam parar mais ou menos onde é aquele hotel”, explica o historiador Daniel Rebouças, referindo-se à região do Porto da Barra.
O plano inclinado foi inaugurado por volta de 1881 e teria funcionado por cerca de 20 anos. “Não durou muito porque o sistema era precário e os moradores não gostavam muito. Eram dois trilhos de madeira para descer com muita coragem”, acrescenta.
Ficha técnica
Nome do lugar: Barra
Onde fica: Barra
Quanto custa: Gratuito
Em que área da cidade fica: Região Barra
Melhor horário para visitar: Qualquer horário
Quanto tempo precisa para visitar: Livre
2. Bonfim
O passeio pelo Bonfim já é tradicional, mas pouca gente sabe que, por baixo do chão daquela região, ainda existem os trilhos do que foi o segundo bonde elétrico do Brasil. “Salvador foi quase pioneira no bonde elétrico, que ficava ali em Roma”, diz o historiador Daniel Rebouças.
Ali, já existia uma empresa de bondes antiga chamada Veículos Econômicos. Um dos sócios era Antônio Francisco de Brandão, que começou a fazer uma articulação com a Siemens, multinacional de origem alemã. Na época, a empresa vinha construindo bondes na América Latina. Foi assim que, em 1887, foi fundada a Companhia de Carris Elétricos, a segunda do país no ramo de bondes elétricos.
O Bonfim teve o segundo bonde elétrico do Brasil (Fotos: Marina Silva/CORREIO e Autor não identificado/Acervo Siemens Museum) |
“Além do bonde elétrico, tinha também uma espécie de delivery. Se você estava na calçada e queria mandar um material para o Mercado Modelo, ao invés de contratar carroça ou o bonde, a Siemens tinha também carros movidos a eletricidade, como um Uber mercadoria raiz”, cita o historiador Daniel Rebouças.
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