Minha campanha pela leitura “Pegue um
livro / Deixe um livro” acaba de festejar seu segundo aniversário. Cada manhã
coloco livros e revistas na grade de uma janela do térreo e de noitinha guardo
o que sobrou. Após ter sacrificado parte de minha biblioteca para tanto, amigos
e desconhecidos foram fartamente contribuindo. Claro que tenho que fazer um
mínimo de seleção, pois de tudo um pouco recebo. De pornografia a panfletos
evangélicos, passando por revistas de decoração dos anos 60, catálogos de
impressora e dicionários incompletos. Mas os bons livros e os bons autores são
a maioria. Não é raro eu mesmo levar um título interessante, devolvendo-o após
leitura.
Princípio de março, foram
deixados vários folhetos informativos sobre as riquezas do patrimônio cultural
da Bahia. Notável, a qualidade da impressão, das fotografias e dos textos. A
maioria datada de 2010 e 2013.
O total desconhecimento destas
publicações me levou a formular uma pergunta: Onde foram divulgados estes
folhetos, logicamente destinados aos turistas? Tendo duas suítes na minha casa que costumo alugar
pelo AirBnB, vou com frequência aos balcões do Estado e da prefeitura
destinados a atender os visitantes para abastecer a mesa de cabeceira de meus
hóspedes. A indigência em matéria de informação impressa costuma ser
deprimente. Raramente se consegue um mapa e nunca se sabe os horários exatos
dos museus. Então, para que servem estes misteriosos folhetos? Como qualquer
leitor, chegarei à conclusão que o intuito não era contribuir para o turismo,
mas de ajudar um programador visual, um fotógrafo, uma gráfica ou simplesmente
alguém meter uma comissãozinha no bolso, que a vida é dura para todos e esta
grana é pública, portanto, de ninguém.
Mas a responsável foi pelo menos duas
vezes a Sevilha, comeu churros e tapas com nosso tutu e tudo ficou por isso
mesmo.
O grande, o imenso
problema de nossa sociedade é o dinheiro público ser jogado na sarjeta ou
usado para comprar whisky, picanha e camarões. Alguns reclamam durante uns dias
e não se fala mais no assunto. O Ary do Cavaco até criou um hino para esta
gente: Se gritar pega ladrão...
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