Fartamente divulgado nas redes sociais, um objeto estranho – e sem a mínima beleza - pousou um belo dia no Largo de Santo Antônio. Um grande cubo colocado em equilíbrio numa das oito pontas. Na base, um texto elogia os 90 anos da criação do Rotary na Bahia e menciona os nomes do prefeito e outras vaidades.
Para quando a proibição das placas comemorativas?
Diz o Google:
“O Rotary International é
uma associação de clubes de serviços, cujo objetivo declarado
é unir voluntários a fim de prestar serviços humanitários e promover valores
éticos (expressos através da Prova Quádrupla) e a paz a nível internacional
(....) O primeiro Rotary Club foi fundado na cidade de Chicago, Estados Unidos, em 1905 pelo advogado Paul Harris e mais três homens de negócios”.
Com uma filosofia tão profundamente humanista,
logo aparece a pergunta que não quer calar. Porque colocar este trambolho num
bairro que nunca usufruiu da Prova Quádrupla e não aproveitar a oportunidade
para instalá-lo lá na Praça da Independência de Kiev, concretizando assim a
defesa da paz internacional?
Por enquanto não se sabe de nenhum morador do bairro do Santo Antônio beneficiado por serviços sociais da dita associação, nem mesmo os que moram a perigo nas encostas vizinhas.
Ou estou errado?
Mas o problema é muito mais em cima.
Trata-se, mais uma vez, das decisões envolvendo os diferentes bairros de
Salvador que são tomadas – tanto a nível municipal com estadual – sem que
absolutamente ninguém de nós seja consultado. Já vou descartando a eventual
conivência da meia-dúzia que, como os budas das lojas de R$2,99, tudo aprova.
Vamos organizar um plebiscito para saber quem
é a favor e quem é contra? Urna eletrônica, por favor. Chega de improvisar
projetos levianos para justificar gastos irreais que irão beneficiar um punhado
de espertalhões. Interferem durante anos no nosso quotidiano, prejudicando
nossa qualidade de vida.
Passamos mais de dois anos de obras infernais
da CONDER, obras essas que ainda não terminaram, mas cujo pífio resultado já se
pode constatar. Apesar de tanta mediocridade, esta parte do centro histórico virou
moda e tem até quem pretenda mudar o nome das ruas!
Uns dez anos atrás conseguimos nos livrar de
uma riquinha que pretendia transformar a Rua Direita em centro comercial e
chegou a me processar. Escapamos por pouco. Mas aquilo que antigamente era esnobado
pela burguesia tupiniquim agora é chique. E haja desfile de deslumbrados nos
passeios mal calçados desde o Largo do Carmo até a Ladeira do Baluarte! Até
parece o Shopping Salvador em fim de semana.
Felizmente, existe no bairro quem ousou clamar:
”O rei está nu! ” e transformou, num toque de varinha de condão, o óvni em hilário
dado gigante.
O humor nos salvará.
Dimitri Ganzelevitch
A Tarde, sábado 15 de abril 2022.
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