quinta-feira, 28 de abril de 2022

O REBAIXAMENTO DA INTELIGÊNCIA

 

Foto: Ricardo Stuchert

Brasil 247 – “Neste momento, vocês estão nas mãos de um ditador”, 

disse o sociólogo italiano Domenico de Masi, autor de O Ócio Criativo, argumentando 

que Mussolini, Hitler e Erdogan também foram eleitos.

Leia trechos da entrevista:


“Esta ditadura reduz a inteligência coletiva do Brasil. Durante esta 

pandemia, Bolsonaro se comportou como uma criança, de um jeito maluco. 

Ou seja, o ditador conseguiu impor um comportamento idiota em um

 país muito inteligente. Porque é isso que fazem as ditaduras.

Este me parece um fato tão óbvio que às vezes nos passa despercebido. 

Quando o país é comandado por pessoas tão tacanhas, a tendência é 

o rebaixamento geral do nível cognitivo da sua população.

É fácil entender por quê. Sob Bolsonaro, Damares, Araújo, Pazuello, Salles, 

Guedes & Cia, vemo-nos obrigados a retomar debates passados, 

alguns situados na Idade Média, ou no século 19, como se fossem novidades.

Terraplanismo, resistência à vacinação e a medidas básicas de segurança 

sanitária, pautas morais entendidas como questões de Estado, descaso 

com o meio ambiente, tudo isso remete a um passado que considerávamos

 longínquo.


Quando entramos nesse tipo de debate entre nós, ou com as “autoridades”, 

é como se voltássemos da pós-graduação às primeiras letras do curso

 elementar. Somos forçados a recapitular consensos estabelecidos há décadas,

 como se nada tivéssemos aprendido.

É como forçar cientistas a provar de novo a esfericidade da Terra ou 

a demonstrar eficácia da vacinação. Ou defender, outra vez, a necessária 

separação entre Igreja e Estado, mais de 230 anos depois da Revolução 

Francesa.


É muita regressão e ela nos atinge. De repente, nos surpreendemos discutindo

 o óbvio, gastando tempo com temas batidos e desperdiçando energia 

arrombando portas abertas séculos atrás na história da humanidade.

À parte a necessária luta política para nos livrarmos o quanto antes dessa 

gente, entendo que existe uma luta particular e que depende de cada um 

de nós: a luta para não emburrecer.


Manter a lucidez e a inteligência através da leitura de bons autores e da 

escrita. Manter viva a sensibilidade pela conversa com pessoas normais 

e pela boa música. Assistir a bons filmes para contrabalançar a barbárie 

proposta pela vida diária e pelas redes sociais.

Enfim, mantermo-nos íntegros e fortes para a reconstrução futura do país. 

Não podemos ser como eles. Não devemos imitá-los em sua violência cega. 

Não podemos nos deixar contaminar por sua estupidez. Eles passarão. 

E estaremos aqui, para recomeçar.


Provavelmente, o que leva a esse rebaixamento é o ódio e o ressentimento 

por levar as pessoas a se sentirem, no fundo, perdedoras (é o caso de todos 

os bolsonaristas que conheci mais de perto) e ter de encontrar bodes 

expiatórios para culpá-los. A cultura competitiva, que estabelece, com critérios

 perniciosos, o que é ter sucesso, faz com que quem entra nesse jogo perverso, 

sinta-se, no final das contas, sempre um perdedor.”

Um comentário:

  1. o Brasil é, de fato, um país muito inteligente, mas Bolsonaro revelou o quanto o Brasil está também repleto de idiotas.

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