sexta-feira, 30 de setembro de 2022
PICARETA OU MITOMANIACO?
O mix de picareta e fariseu
quinta-feira, 29 de setembro de 2022
ATHOS BULCÃO
Athos Bulcão é homenageado em segundo volume do projeto Mestres cobogós
Projeto Mestres Cobogós lança segundo volume da coleção, que aborda o artista que construiu uma obra indivisível da cidade
O vento sopra por entre os prédios, corre livre pelos pilotis e encontra, nas frestas dos cobogós, uma entrada para arejar a vida na capital. O pequeno tijolo vazado achou, aqui, espaço na arquitetura e no imaginário dos moradores. Não à toa, Ana Maria Lopes e Marcia Zarur, do coletivo Maria Cobogó, que carrega a peça no nome, lançam nesta quinta-feira (29/9), o segundo volume do projeto Mestres cobogós, em homenagem a grandes artistas que vivem nos detalhes da cidade. Desta vez, o protagonista do livro infantojuvenil é Athos Bulcão. O lançamento ocorre na Fundação Athos Bulcão, na 510 Sul, a partir das 18h.
Assim como o cobogó, Brasília é recheada de minúcias que podem passar despercebidas ao olhar desatento. Tendo isso em vista, o coletivo de escritoras Maria Cobogó decidiu produzir material que fizesse justiça aos artistas que, como figuradas vigas de concreto exposto, ajudam a sustentar a história da jovem capital. O projeto Mestres cobogós apresenta, em livro, a trajetória destas personalidades. O coletivo mira no público infantojuvenil para colher futuros adultos munidos de educação artística sobre a cidade em que moram. O primeiro volume apresentou o artista visual Glênio Bianchetti. Agora, Athos Bulcão ocupa o primeiro plano.
"O projeto visa dar visibilidade às figuras que fizeram Brasília mais bonita do que já é", conta Ana Maria Lopes, coautora do livro e uma das cinco escritoras do coletivo Maria Cobogó. A jornalista nasceu no Rio de Janeiro, mas se considera a mais brasiliense das cariocas. Como ela, Athos Bulcão também nasceu na Cidade Maravilhosa, mas escolheu Brasília quando ainda era apenas uma ideia na cabeça de Lúcio, Oscar e Juscelino. Por aqui, viveu de 1958 a 2008, quando morreu em decorrência das complicações do Parkinson. Nesse meio século, tratou de espalhar pela cidade a arte que produzia. Hoje, é impossível desvencilhar os dois. Do aeroporto à Universidade de Brasília, passando pela Igrejinha da 308 Sul, é possível criar um roteiro que surfa pelos coloridos azulejos do artista enquanto cruza a cidade em sua totalidade.
Em um mergulho no universo de Athos, Ana Maria e Marcia se municiaram de entrevistas, reportagens e conversas com amigos para remontar, mais do que o artista, o homem que foi Bulcão. Valéria Cabral, na condição de representante da Fundação Athos Bulcão, foi de imensa ajuda, segundo Ana Maria. As camadas da figura mítica rapidamente foram descascadas em um senhor que tomava chá, pontualmente, sempre às 17h, e adorava sorvete de creme. Além dos pormenores cotidianos, há a camada poética, como a emoção que Athos teve ao presenciar o céu de Brasília pela primeira vez porque o lembrava do céu que avistava, quando criança, do hospital onde a mãe morreu. "Nós vimos como era a sensibilidade do artista", conta.
Ambos os volumes da coleção contam com um encarte pedagógico escrito pela psicopedagoga Solange Cianni. O suplemento gera interatividade e reafirma o desejo da dupla de imprimir um viés educativo nos livros. Ana Maria acredita que a educação cultural nas escolas brasileiras ainda é precária, mas vê com otimismo o impacto do livro nesse aspecto: "Tudo que houver a mais em nome da cultura é lucro. Para ajudar o crescimento da formação de leitores, de novos artistas, de outros olhares. E ensinar a olhar é muito importante".
Para assegurar que o livro chegue à mão das crianças, 500 exemplares serão disponibilizados nas bibliotecas das escolas e doados aos estudantes do CEF 1 no Cruzeiro, CEF 15 no Gama, Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek na Candangolândia, CEL no Lago Sul e CEDLAN no Lago Norte. A distribuição conta com parceria do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. Para os adultos que mantêm a curiosidade, Ana Maria garante que o livro é válido para todas as idades e abre as portas do Athos Bulcão para que a arte brasiliense se faça vista.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
MEUS NOVOS VIZINHOS
Num fim de tarde da outra semana, passaram por mim, surgidos do nada. Dois casais negros, soberbos, silenciosos e indiferentes. Ignoraram a minha presença. Só hoje fui informado de que eram da mui respeitável família Carthatidea, o que, para quem não sabe, representa o nec plus ultra da aristocracia viária americana.
Hoje também,
de manhã cedo, quando fui dar de beber aos meus morangueiros – sete frutinhas
bem vermelhinhas me esperavam - vi que tinham
elegido as torres da igreja de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão,
belíssima fachada barroca, para fixar residência. Quatro urubus sobre fundo de
bulbos azulejados.
Você,
leitor, que talvez não tenha nem sessenta anos, coitado, não deve ter
frequentado O Tempo, do Joaquim, lá no Largo do Pelourinho. Uma entranha
estranha, meio templo, meio esconderijo. Undigrundi, este boteco. Decorado com
garrafas de aguardente contendo todo tipo de folhas e bichos, o longo espaço descia
por vários patamares até o quintal onde, no topo de uma coluna, reinava de
poder divino e absoluto, um urubu. Cada manhã, recebia sua oferenda de carne
crua. Bons tempos aqueles, quando se podia comprar carne para dar aos urubus...
Recém-chegado
da Europa, entre tantas coisas jamais por mim imaginadas, fiquei fascinado por
esta ave bizarra de aspecto rebarbativo. E passado quase meio século, eis que quatro
imensos abutres resolveram vir morar por aqui, bem perto. Oh! Amigo! Não me
venha com piada do tipo: “...aguardando sua carniça, véio! ” que não sou parsi
indiano!
Os meus são urubus-de-cabeça-preta (Coragyps atratus). Não é
cultura, sejamos honestos, é Google. E pertencem à família dos condores. Agora,
sim, marquei um ponto contra os que torciam o nariz ao ler meu texto. Urubu não
é chique, mas condor, moça, é muito mais que bolsa Louis Vuitton.
Deitado na
rede, deixo meu olhar seguir o voo lento das imensas asas escuras de extremidades
brancas. Flutuam sem um grito, sem um pio, ao acaso de brisas misteriosas que
mal deslocam a ponta dos galhos da imensa cajazeira. Algumas folhas caem
rodopiando. Uma borboleta branca, outra alaranjada e uma terceira amarela,
inebriadas de vaidade, se amostrando. Algum desfile de moda? Meus negros
vizinhos navegam bem acima do quartel dos fuzileiros navais, descem sem pressa pelos
lados do Moinho Bahia, voltam para posar por breves instantes na cajazeira e,
novamente se lançam ao ar azul, branco e dourado. Diria en passant que se alguém sugerir que estas mal traçadas são como
espelho ao “Os que voam” do Rui Espinheira, charmosa crônica publicada nestas
mesmas páginas, pode até ter razão. Machado de Assis não foi compadre de Eça de Queiroz? E se o mesmo alguém
falar em modéstia, saiba que desprezo irremediavelmente a palavra.
Dimitri Ganzelevitch
1 de outubro 2022
.
BRÉSIL: LA FIN DU CAUCHEMAR?
Chaque semaine, “Courrier international” explique ses choix éditoriaux et les débats qu’ils suscitent parfois au sein de la rédaction. Avant la présidentielle du 2 octobre, nous avons choisi de composer un numéro spécial sur le Brésil. Jair Bolsonaro va-t-il être battu par Lula, le revenant, donné favori ? D’ores et déjà, le président d’extrême droite a annoncé qu’il refuserait le résultat. Quel risque pour la démocratie ? Nous consacrons d’autre part 11 pages à la culture brésilienne : de la chanteuse Anitta aux auteurs noirs qui bousculent la scène littéraire, un panorama des nouveaux talents du pays.
Avant la présidentielle du 2 octobre, nous avons choisi de consacrer un numéro spécial au Brésil. Jair Bolsonaro va-t-il être battu par Lula, le revenant, donné favori ? COURRIER INTERNATIONAL
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“S’il
remporte l‘élection, il pourra se vanter d’avoir fait le come-back, sinon du
siècle, au moins de la décennie.” Le 2 octobre, les Brésiliens élisent leur
président et c’est de Luiz Inácio Lula da Silva, dit Lula, que le Financial Times parle ici.
Il faut dire que l’ancien ouvrier métallurgiste,
leader du Parti des travailleurs, élu deux fois consécutivement à la tête de
l’État brésilien entre 2002 et 2010, revient de loin. Emprisonné pour
plusieurs chefs de corruption en 2018, il aura passé en tout près d’un an et
demi dans les geôles fédérales. Avant d’être libéré, de retrouver ses droits
politiques et de faire son grand retour (et la une de Time en mai accessoirement, le prestigieux
magazine titrant alors : “Lula, acte II”) .
Ce n’est pourtant pas lui que nous avons choisi de
mettre en une à l’occasion de ce scrutin, mais bien son principal adversaire,
le président sortant Jair Bolsonaro, l’ancien militaire d’extrême droite, dont
l’élection en 2018, deux ans après celle de Donald Trump aux États-Unis, avait
provoqué un séisme dans un pays marqué par des années de dictature. Jair
Bolsonaro, qualifié depuis de “Trump tropical” pour
sa politique tout autant que ses méthodes, sera-t-il tenté par un scénario qui
s’inspirerait de l’assaut contre le Capitole le 6 janvier 2021 à
Washington ? De nombreux commentateurs de la presse étrangère le
redoutent. Et nous leur donnons largement la parole dans ce numéro.
Pour Público, c’est
l’avenir de la démocratie qui se joue ni plus ni moins dans cette élection.
S’il perd, estime le quotidien portugais, le président sortant contestera le
résultat et “proposera un retour à la dictature”. Dans
le même ordre d’idées, un universitaire explique dans The New York Times que ce que veut Bolsonaro,
au fond, c’est le chaos permanent :
“Bolsonaro
n’a pas l’intention de quitter ses fonctions, quel que soit le verdict des
urnes. Mais ce n’est pas à un coup d’État qu’il songe – pour lequel il aurait
besoin du soutien des élites et de la passivité du peuple. Ce qu’il souhaite,
c’est une révolution.”
Toute la politique menée depuis quatre ans par
Bolsonaro plaide pour ce scénario, insiste l’auteur.
“Plutôt que
de diriger le pays, il a tout fait pour le dérégler. Il a refusé de pourvoir
des postes essentiels, placé à des postes importants des fidèles ne possédant
aucune compétence technique, coupé le financement de plusieurs programmes
sociaux, et il n’a pas mis en place la moindre réponse coordonnée pour faire
face à la pandémie de Covid-19, qui a fait plus de 680 000 morts au
Brésil.”
Le bilan économique de Jair Bolsonaro est
consternant – l’économie du pays est l’une des plus fermées du monde –, sans
parler de son bilan écologique. Il faut lire le témoignage d’Eliane Brum,
journaliste et écrivaine qui raconte les destructions de l’Amazonie, visibles
depuis sa fenêtre, dans El País América.
À lire aussi le reportage d’O Globo sur les classes moyennes au Brésil (dont
le vote sera déterminant pour l’issue du scrutin) pour mieux comprendre
l’état dans lequel Jair Bolsonaro laisse le pays. “L’extrême pauvreté a progressé de plus de 30 % l’année
dernière, pour toucher 14 % de la population”, explique
le Financial Times.
Quatre ans après l’élection d’un président
ouvertement raciste, misogyne et homophobe, il nous semblait important de
consacrer un numéro spécial au Brésil, ce géant d’Amérique latine qui est
peut-être en passe de tourner la page Bolsonaro, malgré les risques évidents
qui pèsent sur l’après-présidentielle.
Le pays est certes aujourd’hui plus divisé que
jamais. Il n’en reste pas moins qu’il est d’une richesse incroyable. Outre les
enjeux politiques du scrutin, nous avons voulu aussi montrer largement un autre
visage du Brésil, celui de sa créativité.
De la chanteuse Anitta – née dans une favela de Rio
et devenue aujourd’hui la meilleure ambassadrice d’une nouvelle génération
d’artistes issus de communautés autrefois marginalisées au Brésil –, aux
auteurs noirs qui bousculent la scène littéraire, de la dernière telenovela en
vogue au portrait d’une tiktokeuse en Amazonie, nous consacrons 11 pages
aux nouveaux talents de la culture brésilienne. Pour découvrir le Brésil
autrement. Bonne lecture.
Claire Carrard
terça-feira, 27 de setembro de 2022
OS SAQUES DE BOLSONARO
Saques analisados pela PF foram da conta de Bolsonaro, diz Planalto
Conta pessoal do presidente teria bancado transações; gabinete nega o uso do cartão corporativo
O presidente Jair Bolsonaro em evento no Palácio do Planalto; gabinete do presidencial nega gastos no cartão corporativo pessoal do chefe do Executivo
O Planalto negou que os saques considerados suspeitos tenham origem em dinheiro público. “Os pagamentos de contas particulares são realizados com recursos exclusivos da conta pessoal do senhor Presidente”, afirmou à reportagem. “O Presidente da República nunca sacou um só centavo no cartão corporativo pessoal.”
Desde janeiro de 2019, o cartão corporativo pessoal de Bolsonaro está “zerado”, segundo o Planalto. Em reportagem publicada na 2ª feira (26.set), o jornal Folha de S. Paulo mostrou que a PF identificou mensagens que levantaram suspeitas de investigadores no telefone do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. A PF analisou movimentações financeiras destinadas ao pagamento de contas pessoais da família de Bolsonaro e de pessoas próximas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, entre elas uma tia, não identificada.
O material no telefone de Cid, entre mensagem, fotos e áudios trocados com outros funcionários da Presidência, indicaria a realização de saques em dinheiro. A pedido da PF, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a quebra de sigilo bancário de Cid. As transações consideradas suspeitas no gabinete de Bolsonaro estão sendo analisadas em inquérito policial. Não há até o momento acusação ou confirmação das suspeitas levantadas pela PF. O Poder360 apurou que o ajudante de ordens não havia sido informado sobre a quebra de seu sigilo.
De acordo com a Presidência, os saques e depósitos fazem parte das funções da Ajudância de Ordens. A Ajudância de Ordens faz parte da composição do gabinete do presidente da República. O artigo 8 do decreto 10.374, de 2020, que trata das funções da assessoria especial e do gabinete da Presidência, determina que: “À Ajudância de Ordens compete:
“I – prestar os serviços de assistência direta e imediata ao Presidente da República nos assuntos de natureza pessoal, em regime de atendimento permanente e ininterrupto, em Brasília ou em viagem; “II – receber as correspondências e os objetos entregues ao Presidente da República em cerimônias e viagens e encaminhá-los aos setores competentes; e “III – realizar outras atividades determinadas pelo Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República.”
Uma das transações questionadas envolve uma tia de Michelle Bolsonaro, que teria recebido pagamentos fracionados por atuar como babá da filha mais nova do presidente. De acordo com o Planalto, o “auxílio financeiro da primeira-dama à tia se dá por questões de confiança pessoal e segurança, já que ela sempre cuidou da filha Laura por ocasião das ausências da primeira-dama”. De acordo com a Folha, a quebra de sigilo foi realizada dentro do caso que apurava suposto vazamento de inquérito sigiloso da PF sobre um ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Cid passou a ser investigado por ter auxiliado Bolsonaro no dia em que o presidente divulgou o caso envolvendo o TSE e o ataque hacker. Neste ano, em maio, o ministro Alexandre de Moraes uniu a investigação sobre as declarações do presidente sobre o processo eleitoral ao inquérito que apura a suposta atuação de uma milícia digital contra a democracia.
Eis a íntegra da nota da Presidência divulgada em 27.set.2022 às 10h39:
“A Secretaria Especial de Comunicação Social informa que a Ajudância de Ordens da Presidência presta serviços de assistência direta e imediata ao Presidente da República também nos assuntos de natureza pessoal, em regime de atendimento permanente e ininterrupto, em Brasília ou em viagem.
“O desempenho de atividades notadamente particulares para atender o senhor Presidente da República, como, por exemplo, o pagamento de contas e boletos bancários está amparado pelo art. 8º do Anexo I, do Decreto 10.374, de 2020. Não ocorre “triangulação” com outros Ajudantes de Ordens, mas as mensagens trocadas entre os integrantes da Ajudância de Ordens referem-se às missões distribuídas entre eles para atendimento das demandas inerentes ao cargo. “Os pagamentos de contas particulares são realizados com recursos exclusivos da conta pessoal do senhor Presidente. O auxílio financeiro da Primeira-dama à tia se dá por questões de confiança pessoal e segurança, tendo em vista que, nas ausências da Primeira-Dama, é ela quem cuida da filha do casal.
“Nenhum dos recursos referidos pelo repórter da Folha de São Paulo tem origem no suprimento de fundos. O Presidente da República nunca sacou um só centavo no cartão corporativo pessoal.”
QUEM É CID
Um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro, Cid é o chefe da Ajudância de Ordens e acompanha o presidente em suas atividades diárias, inclusive em viagens. Também participa das transmissões ao vivo feitas por Bolsonaro. Por auxiliar diretamente o chefe do Executivo em lives, o tenente-coronel é mencionado em 2 casos em que declarações de Bolsonaro são questionadas pela PF.
O chanceler Carlos França, o presidente Jair Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid em viagem ao Japão em 2019
Além de ter participado da live em que Bolsonaro vazou suposto inquérito sigiloso sobre o ataque ao TSE, o ajudante de ordens também estava presente quando Bolsonaro declarou que estudos “sugerem” que pessoas vacinadas contra a covid-19 “estão desenvolvendo a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”. Em relatório enviado a Moraes em 17 de agosto, a PF disse haver indícios de que Bolsonaro cometeu crime durante a transmissão em que associou a vacina à aids.
Em 2020, Cid também foi ouvido pela PF por causa de trocas de mensagens com o blogueiro Allan dos Santos. As conversas foram identificadas pela PF no celular de Allan, que é alvo de 2 inquéritos no STF: um apura a disseminação de notícias falsas contra o Supremo; o outro, a organização de milícias digitais criadas para atacar instituições democráticas.
UMA BIBLIOTECA MUITO...
ZELLLIGE, UM ESTILO DE VIDA
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
FÁBRICA SANT´ANNA
POLÊMICA DO DIA
"Quando você apoia alguém que diz que mulheres devem ganhar menos porque engravidam, ou que diz que filho gay é falta de porrada, ou que não corre risco de ter uma nora negra porque os filhos foram bem educados, que afirma que não aceitaria ser operado por um médico cotista, que diz que o erro da ditadura foi torturar ao invés de matar, quando você concorda com alguém que apoia o assassinato de outras pessoas, independente de quem essas pessoas sejam, então a nossa divergência não é política.
domingo, 25 de setembro de 2022
UM PADRE DE OPERETA
MOURIR POUR POUTINE
Des Russes désertent vers la Turquie pour ne pas « mourir pour Poutine »
Après
que le président russe a décrété la mobilisation partielle des réservistes
pour faire face à la contre-offensive de l’armée ukrainienne, de nombreux
citoyens fuient le pays afin de ne pas être envoyés sur le front.
Raphaël Boukandoura
AntalyaAntalya (Turquie).– En cette fin du mois de septembre, à l’aéroport d’Antalya, ils
franchissent souriants la porte des arrivées, poussant leurs bagages ou
traînant à leur suite des enfants tantôt fatigués, tantôt surexcités. Les
employés des Club Med et des grandes chaînes d’hôtels se précipitent sur les
voyageurs qu’ils ont identifiés, leur placent d’autorité un bouquet de fleurs
dans les bras et les entraînent vers le parking.
Dans cette joyeuse cohue, certains sortent du lot, de jeunes hommes au
regard fuyant et au pas rapide, qui déclinent toute tentative d’approche.
D’autres, bien qu’apparemment équipés pour un séjour sur les plages
méditerranéennes de cette Mecque du tourisme turc, semblent pourtant très peu
enthousiastes.
C’est le cas d’Oleg, solide gaillard
trentenaire tout juste arrivé de l’enclave de Kaliningrad, dont les yeux
tristes rougissent lorsqu’il évoque la guerre en Ukraine et l’ordre de
mobilisation annoncé le 21
septembre par Vladimir Poutine. Il avait prévu de longue date ces vacances de
dix jours avec sa compagne et un couple d’amis, mais il se demande désormais
s’il ne ferait pas bien de prolonger indéfiniment son séjour.
« Je suis terrifié à l’idée de
rentrer en Russie pour qu’ils me mettent un fusil dans les mains, et m’envoient
tuer ou mourir pour Poutine, pour une guerre qui me révolte, mais je ne vois
pas non plus comment je pourrais quitter la Russie, ma famille, mon
travail. »
Un dilemme qui est celui de beaucoup
de jeunes voyageurs interrogés. Seul Ruslan, Moscovite de 29 ans, se dit prêt,
si besoin, à rejoindre les drapeaux « pour faire son devoir »,
même s’il n’approuve la guerre que du bout des lèvres : « Je
suis contre toute guerre d’agression, mais c’est compliqué de démêler les
faits, il y a tellement de désinformation... »
Une plage d’Antalya en août 2022. © Photo Diego Cupolo /
NurPhoto via AFP
Depuis l’annonce de la mobilisation, censée ne concerner qu’environ
300 000 personnes ayant déjà une expérience militaire, mais qui semble en
réalité s’étendre bien plus largement à la population russe, les billets pour
la Turquie s’arrachent à prix d’or, plusieurs milliers d’euros pour un aller
simple.
Confrontée à une explosion des demandes, la compagnie aérienne nationale
Turkish Airlines a annoncé qu’elle n’entendait pas augmenter le nombre de ses
vols. La Turquie, qui ne demande pas de visas aux citoyennes et citoyens
russes, est un des rares pays à continuer à desservir les aéroports de Russie.
Ce sont entre 100 et 150 vols qui arrivent chaque jour en Turquie, dont plus de
la moitié à Antalya, région qui accueille traditionnellement chaque été
plusieurs millions de vacancières et vacanciers russes.
Depuis le début de la guerre, de nombreux Russes qui ont fait le choix
de quitter leur pays se sont installés dans la ville ou ses environs. Ils sont
en majorité jeunes, anglophones, et exercent des métiers qui leur permettent de
travailler à distance.
Une nouvelle
vague d’exilés
Impossible de connaître leur nombre, mais dans la station balnéaire chic
de Kas, 60 000 habitant·es, le groupe récemment créé sur la messagerie Telegram
« Les Russes de Kas » compte près de 6 000 membres.
Vera y est arrivée le mois dernier.
Attablée dans la cour ombragée d’un café, son anxiété, la colère et la honte
qu’elle dit éprouver envers ses amis ukrainiens contrastent avec le farniente
ambiant. « Je suis malheureuse en plein paradis », se
désole cette avocate qui, pour conjurer ses cauchemars réguliers, tente de
venir en aide à ceux restés en Turquie qui manifestent ces jours
derniers. « Je suis en contact avec l’ONG OVD-Info et je fournis
par son intermédiaire des conseils légaux aux manifestants et aux personnes
détenues », explique Vera. Elle travaille également ces derniers jours
à fournir des invitations rédigées par des entreprises turques aux hommes
souhaitant quitter la Russie pour leur permettre de traverser les contrôles
douaniers dans de bonnes conditions : « L’un d’entre eux
vient d’arriver hier, il se remet de la panique qu’il a éprouvée. »
Les frontières terrestres avec la Géorgie et le Kazakhstan, comme les
avions à destination de l’Arménie, de la Serbie ou de la Turquie, sont le
théâtre d’un sauve-qui-peut qui pourrait s’intensifier à l’avenir.
Evgeny, lui, avait pris ses
précautions. Ce trentenaire originaire de Saint-Pétersbourg a quitté la Russie
il y a plusieurs mois avec son épouse et les enfants de celle-ci. « Je
m’inquiétais de l’évolution de la situation et du totalitarisme grandissant du
pouvoir. En 2021, j’avais demandé un passeport, au cas où je devrais quitter le
pays dans l’urgence », se souvient ce graphiste.
Plusieurs de ses proches aimeraient
les rejoindre en Turquie. « Mais ce n’est pas facile avec le prix
des tickets, les avions complets, et tout le monde ne peut pas travailler à
distance. D’autres, comme ma mère, doivent s’occuper de leurs parents
âgés. » S’ils sont tous contents d’avoir pu s’installer en
Turquie, ils considèrent leur présence comme temporaire et espèrent pouvoir
bénéficier d’un visa humanitaire pour rejoindre l’Europe. À défaut, d’autres
songent à partir en Asie.
L’espoir d’un
visa pour l’Europe
Certains pays nordiques et les pays
Baltes n’ont pas caché leur hostilité à l’accueil de citoyens russes fuyant la
conscription obligatoire. « Ce n’est pas le rôle de la Lituanie ni
des autres États de sauver les citoyens russes de la mobilisation », a
ainsi déclaré la première ministre lituanienne, Ingrida Simonyte, estimant
qu’ils auraient dû manifester plus tôt et plus ouvertement leur opposition à la
guerre ou qu’ils doivent rester dans leurs pays pour, hypothèse peu probable, y
renverser leur dirigeant. « Nous ne sommes pas les seuls à avoir
encouragé Poutine par notre passivité, les Européens aussi ont eu peur de lui,
comme nous, et l’ont laissé se croire tout permis », se défend Evgeny.
À LIRE AUSSIEntre Ukraine et Russie, la Turquie se maintient sur un fil
24 mars 2022Lire plus tard
Poursuivant son fragile jeu
d’équilibrisme géopolitique, le président turc Recep Tayyip Erdoğan était
rentré de sa visite du mois d’août en Russie en annonçant l’intégration
de Mir, système russe de
paiement par carte bancaire aux grandes banques du pays, afin de simplifier la
vie des touristes russes et les échanges commerciaux entre les deux pays. Mais
à la suite d’une nouvelle vague de sanctions américaines, deux grandes banques
privées turques ont annoncé qu’elles s’en retiraient. Elles pourraient être
suivies par les établissements bancaires publics, inquiets de possibles
rétorsions américaines.
« Cela devient compliqué de
retirer de l’argent ou d’ouvrir un compte », s’inquiète Evgeny, qui n’imagine pas retourner en Russie, pas plus que
les autres exilés qui tentent de noyer leur anxiété dans l’eau turquoise. «
Cette guerre a bouleversé nos vies, mais les véritables victimes sont les
Ukrainiens qui sont sous les bombes et qui ne quittent jamais nos
pensées », tient à souligner Vera.
Raphaël Boukandoura