D. João V: o Rei que morreu por excesso de afrodisíacos
Foi um dos reis mais extraordinários da história de Portugal e ficou marcado pelo seu caso com a Madre Paula. Conheça a biografia de D. João V.
Ficou para a história com o cognome
de “O Magnânimo”, pela generosidade em abrir mão de enormes fortunas, mas
também é chamado de “O Rei-Sol Português” ou mesmo de “O Freirático”, uma vez
que tinha diversas amantes nos conventos. D. João V era um rei tão esbanjador
que mandou fazer uma banheira em Inglaterra, para a oferecer a uma das suas
amantes.
Mas esta não podia ser uma banheira
qualquer: pesava 100kg, tinha cor dourada, pés em forma de golfinhos e sereia,
um enorme Neptuno à cabeceira e custou 3500 guinéus (cerca de 4200 euros
atuais).
Num tempo em que a vocação era uma das últimas razões para uma mulher ir para freira, as visitas aos conventos eram parte da etiqueta social, e era frequente um nobre “ter” a sua freira, com a qual se correspondia e que visitava no convento, com as celas a transformarem-se em alcovas ou bordéis.
D. João V tinha diversas “amigas”
freiras, mas deu sempre preferência à famosa Madre Paula, transformando a sua
cela conventual em aposentos dignos de uma rainha. O palácio Pimenta, onde se
encontra o Museu da Cidade de Lisboa, foi também mandado construir para
essa mesma amante.
Aliás, o amor do rei por esta freira
entrará para a história. Tudo começou quando Paula foi levada para o Mosteiro
de Odivelas, por ser pobre e órfã de mãe, sendo levada à força para o convento
pelo pai. A sua irmã já ali vivia, e o Mosteiro era já frequentado por D. João
V, que ali mantinha uma amante.
Por ser pobre, Paula tinha de fazer
as tarefas básicas e árduas, uma vez que as freiras vindas de famílias ricas
apenas tinham de cantar no coro da igreja, podendo vestir o que desejassem e
usufruindo de um estatuto superior às restantes.
Tudo isto contribui para uma maior
revolta em Paula, mas, com o tempo, ela apercebe-se que pode conquistar o poder
se enveredar pelo caminho certo. É assim que conhece o Conde de Vimioso e se
envolve com ele, tendo Paula ganhado estatuto no convento por causa desta
relação. Madre
Paula
Mas tudo mudou ainda mais quando D.
João V se apaixona por ela, tendo mantido a sua paixão até ao fim da sua vida
(embora tenha continuado a manter outras amantes). Deste amor nascerá um filho
ilegítimo, mais um na longa lista de bebés ilegítimos do rei.
São precisamente as traições e a
procriação que delas resulta um grande foco de conflito no casamento do casal
Real, com a rainha a perseguir os filhos ilegítimos. Ao aperceber-se da relação
de D. João V com Paula, a rainha encara-a como uma ameaça séria, não poupando
esforços para a eliminar da vida do esposo.
Para isso, alia-se a nobres
descontentes com o rei, incluindo o próprio irmão do monarca, que muito
conspirou contra ele por o achar incompetente. Apesar de tudo, o amor entre
Paula e o rei cresce por entre esta oposição, ficando para sempre marcado na
história.
Afinal, foi um amor que durou toda
uma vida, e o rei, mesmo mantendo outras amantes, dava sempre a sua preferência
a Paula. Mas a obsessão de D. João V por sexo acabou por levar ao uso
descontrolado de afrodisíacos, nomeadamente cantárias, que lhe foram minando a
saúde e acabaram por apressar a sua morte.
Assim, a 31 de julho de 1750, morreu
o rei, depois de quase meio século de governo. O seu corpo repousa no Panteão dos
Braganças, ao lado do da esposa, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
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