segunda-feira, 13 de outubro de 2025

TSUNAMI EVANGÉLICO



 Uma enxurrada de pregadores evangélicos norte-americanos apoiadores de Trump têm visitado o Brasil nos últimos meses. A missão deles? Influenciar líderes evangélicos brasileiros. Nos congressos e encontros bíblicos pelo país, as palavras de fé e profecias se misturam ao vocabulário político.

Os pastores vindos dos Estados Unidos têm tratado de temas como profecias, milagres, exorcismo e teologia da prosperidade – e são peça fundamental do trumpismo. Muitos procuram preparar o terreno para projetos de interesse de Trump no Brasil e América Latina, avaliam estudiosos e pastores evangélicos progressistas.
O pastor Christopher Beleke, apresentado como profeta, anunciou: o Brasil “passará por uma limpeza semelhante à ocorrida em El Salvador”, se referindo ao país governado pelo regime de exceção de Nayib Bukele e festejado pela extrema direita.
A profetisa Chantell Cooley, que diz “impactar vidas através do sacerdócio de mercado”, abençoou o senador Flávio Bolsonaro, do PL do Rio de Janeiro, e disse que o Brasil é o país “escolhido”.
Já o pastor Samuel Rodriguez, uma das principais lideranças de Trump na comunidade latina nos EUA, profetizou a Silas Malafaia um dia antes do ato a favor de Jair Bolsonaro em 7 de setembro: “todo gigante cairá”, em possível referência ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Os três fazem parte de uma nova onda de evangelização dos EUA. Na nova gestão de Trump, esse fenômeno parece estar se repetindo – com apoio de forças evangélicas brasileiras.
A presença de pregadores vindos dos Estados Unidos ocorre no Brasil desde o século 19, quando chegaram aqui os primeiros missionários do sul estadunidense, conservadores e escravagistas. A presença de pregadores americanos foi marcante também nos anos 1960 e 1970, período do surgimento das chamadas igrejas neopentecostais no país; e cresceu a partir de 2010, no governo Dilma Rousseff, do PT, quando o Plano Nacional de Direitos Humanos 3 (do terceiro governo petista) fortaleceu questões de direitos e de gênero. Veio então, a partir daí, a reação à chamada ideologia de gênero, por grupos evangélicos e também católicos conservadores.

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