Esse Sergio Cabral não é normal. Ambiciosos, muitos são, gananciosos são
perigosos e cruéis, desonestos são cínicos e andam por aqui, bem perto de nós.
Mas o Sérgio Cabral não se enquadra exatamente numa dessas categorias, é uma
espécie de arquétipo da corrupção, como definiu alguém, uma improvável mistura
de segurança e insanidade. Segurança no
poder ilimitado, chegara, afinal, ao governo do Rio de Janeiro, jovem,
simpático, convincente, poderoso aliado dos governos do PT, com direito a ser
chamado de homem de bem por Lula e a bebedeiras ao lado da Dilma, parceira
constante, que priorizou o Rio no PAC- o Programa de Aceleração do Crescimento,
de triste memória, e só andava por lá, nos palanques, aos abraços com o
governador, inaugurando obras.
Nesse tempo, ah, bons tempos! dizia-se no Rio
que Cabral seria o próximo presidente da República e Eduardo Paes, então
prefeito, o próximo governador. Paes não conseguiu sequer fazer o sucessor, que
parou num melancólico terceiro lugar.
E o líder Sergio, menino talentoso, nascido
no subúrbio carioca mas destinado ao Leblon e ao que de melhor o mundo oferece,
caiu em pleno vôo, como um zepelim
inchado de dinheiro e destroçado, que não voará jamais.
Sergio pode dar aulas a Fernandinho Beira-Mar de como criar uma organização criminosa de alto
desempenho. Pode sair na Forbes, o mais corrupto do mundo. Tudo fluía as mil maravilhas no reino do Rio
de Janeiro, sob seu sorridente comando. Cinco por cento de todos os recursos
investidos em qualquer atividade de ponta a ponta do estado.
Simples assim.
Como
um ladrão vasculhando uma a uma todas as gavetas, caixas e bolsas em busca de
mais e mais. Farejando dinheiro, como os cães. Estávamos em êxtase, definiu,
muito bem, sua mulher Adriana. E que
êxtase! Sem qualquer limite, como nos contos de fadas. A Adriana do país das
maravilhas, coberta de jóias, nadou em mar de champagne, descobriu salões nunca
antes imaginados. O êxtase do casal sobrou para parentes, amigos, sócios,
cúmplices.
Quase toda a quadrilha já está presa. Os chefes desfrutando de
privilégios. Adriana conseguiu, estritamente dentro da lei, voltar pra casa. Se
as outras milhares de mães presas tivessem advogados, também conseguiriam. O
chefão, por enquanto réu em onze processos, mudou de hospedaria e continua preso,
mas dorme no ar condicionado, recebe visitas a qualquer hora na sala do diretor
e circula livremente. E, do jeito que o Rio está arruinado, ainda deve ter
muito dinheiro escondido.
Os hábitos de viagens do ex-governador Sérgio Cabral e sua esposa Adriana Ancelmo são para poucos. Gastos listados em denúncia do Ministério Público ...
O casal criminoso merece toda a cadeia possível. E uma boa banca
psiquiátrica. Precisamos saber, afinal, que doença é essa que acometeu o Sergio
Cabral. Não é possível que tudo tenha
sido apenas puro êxtase.
Eleonora Ramos
Jornalista
noraramos@uol.com.br
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