quarta-feira, 30 de setembro de 2020

RECUPERADA OU ROUBADA?

 A NOVELA DA RUA DIREITA



Novo capítulo: "Desenterrando o passado"

Como prova o boletim "O BOQUEIRÃO" - jornal que foi publicado durante minha gestão como presidente da associação do bairro de Santo Antônio "AMABASA" - no número 6, A COELBA, durante o mês de Agosto de 1997, esburacou toda a rua para enterrar a fiação de cobre.

23 anos depois, durante a lentíssima e bagunçadíssima obra da CONDER/PEJOTA, esta valiosa fiação está sendo objeto de uma polémica cuja conclusão talvez não venha a público por inteiro.

Importante lembrar que esta fiação de cobre fora instalada pela COELBA quando ainda era uma estatal.

Portanto esta fiação pertence ao Estado da Bahia. Nos, contribuintes, pagamos por ela.

AFINAL FOI REPURADA OU ROUBADA?

DA TANZÁNIOA PARA O MUNDO

 Sir David Adjaye é premiado com a RIBA Royal Gold Medal 2021

Sir David Frank Adjaye OBE RA é um arquiteto Gana-Britânico. Ele é conhecido por projetar muitos edifícios notáveis ​​em todo o mundo, incluindo o Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana em Washington, DC, e a Escola de Administração Skolkovo de Moscou. Adjaye nasceu em Dar es Salaam, na Tanzânia.

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O Royal Institute of British Architects (RIBA) acaba de anunciar que Sir David Adjaye é o vencedor da Royal Gold Medal 2021. Uma das maiores honrarias do mundo da arquitetura, a medalha é concedida como reconhecimento ao conjunto da obra, "a uma pessoa ou grupo de pessoas que tiveram uma influência significativa, direta ou indiretamente, no avanço da arquitetura".


Sir David Adjaye, ao longo de 25 anos, conquistou a atenção internacional por meio de uma série de intervenções inovadoras construídas em diferentes partes do globo, abrangendo desde casas particulares, exposições e design de móveis, até grandes edifícios culturais e masterplans de cidades. Desde o início de sua carreira, combina a prática profissional com o ensino em escolas de arquitetura no Reino Unido e nos EUA, incluindo as universidades de Harvard, Michigan, Pensilvânia e Princeton. Seu escritório, Adjaye Associates, foi fundado em 2000 e hoje possui estúdios em Accra, Londres e Nova Iorque, com projetos em todo o mundo.


Adjaye é mais conhecido pelo Museu Nacional de História e Cultura Afro-americana Smithsonian, em Washington, DC (2016). Outros projetos concluídos incluem a Ruby City, um centro de arte em San Antonio, Texas (2019); a Alara Concept Store em Lagos (2016); o Sugar Hill Mixed Use Development (habitação, museu e escritórios comunitários) no Harlem, Nova Iorque (2015); a Aishti Foundation, um centro de varejo e artes de uso misto em Beirute, Líbano (2015); duas bibliotecas comunitárias em Washington, DC (ambas de 2012); a Escola de Administração de Moscou Skolkovo na Rússia (2010); o Museu de Arte Contemporânea de Denver, Colorado (2007); o Centro Nobel da Paz em Oslo, Noruega (2005); o Centro de Artes Rivington Place em Hackney, Londres (2007); e as Idea Stores - duas bibliotecas comunitárias em Londres (2004, 2005).


É uma grande honra ter meus colegas reconhecendo o trabalho que desenvolvi com minha equipe e nossa contribuição para o campo nos últimos 25 anos. Arquitetura, para mim, sempre tratou de criar algo belo que contribuísse igualmente para todas as pessoas ao redor do mundo e, também, para a evolução do ofício. O impacto social desta disciplina foi e continuará a ser a força orientadora que informa a minha prática. Um momento de sincero agradecimento a todas as pessoas que apoiaram minha caminhada até aqui. – Sir David Adjaye


Aclamado por seu trabalho, Sir David Adjaye já foi premiado com a Medalha de Bronze RIBA de 1993, pelo melhor projeto estudantil do Reino Unido, além dos Prêmios Internacionais RIBA de 2008 para o Museu de Arte Contemporânea de Denver, e em 2013, para a Biblioteca Francis Gregory e a Biblioteca William. O Lockridge / Bellevue em Washington DC.



Os projetos atuais incluem uma nova sede para o The Studio Museum no Harlem, Nova Iorque, em colaboração com Cooper Robertson; o 130 William, um arranha-céu residencial no distrito financeiro de Nova Iorque; a International Finance Corporation (IFC) em Dakar, Senegal; o Princeton University Art Museum em Princeton, New Jersey, em colaboração com Cooper Robertson; a George Street Sydney Plaza em Sydney, Austrália; The Abrahamic Family House, um complexo inter-religioso em Abu Dhabi; a Biblioteca e Centro de Eventos de Winter Park em Winter Park, Flórida; o Memorial do Holocausto e Centro de Aprendizagem do Reino Unido, em Londres, liderado por Adjaye Associates, com Ron Arad Architects e Gustafson Porter + Bowman como paisagista; o Museu Real do Benin em Benin City, Nigéria; a Catedral Nacional de Gana em Accra; e a Biblioteca Presidencial Thabo Mbeki em Joanesburgo, África do Sul.


Na ocasião da premiação, o presidente do RIBA, Alan Jones, declarou:

Foi um prazer e uma honra absolutos presidir o comitê e participar da seleção de Sir David Adjaye como o medalhista de ouro de 2021. Em todas as escalas, de casas particulares a grandes centros de artes, pode-se sentir o zelo de David Adjaye e o poder criativo e enriquecedor de sua arquitetura. Seu trabalho é local e específico e, ao mesmo tempo, global e inclusivo. Misturando história, arte e ciência, cria ambientes altamente elaborados e envolventes que equilibram temas contrastantes e inspiram a todos nós. Acredito que sua prática e ensino em escolas de arquitetura tenha enriquecido significativamente seu trabalho. Sua visão artística e social levou à criação de projetos públicos que demonstram perfeitamente o potencial cívico da arquitetura – fomentando empatia, identidade e orgulho. A contribuição de David para a arquitetura e o design mundial já é surpreendente, e estou ansioso para ver o que está por vir.



 

Leia o discurso proferido pelo comitê sobre Sir David Adjaye

Por meio de seu trabalho como arquiteto, Sir David Adjaye fala com confiança através de culturas, disciplinas, políticas e continentes. Sua obra é global e local, perfeitamente sintonizada à medida que reflete e responde ao contexto e à comunidade, ao clima e à cultura.

As lições que Adjaye aprendeu através de sua série inicial de residências conceituais construídas na paisagem mutante do centro de Londres foram desconstruídas e reconfiguradas ao passo que abria seus horizontes para espaços cívicos mais amplos e socialmente engajados de cidades de outras partes do mundo. Ouvindo clientes e usuários, e muitas vezes trabalhando com artistas, o trabalho de Adjaye é contraditório e, ao mesmo tempo, coerente, contrastante e ousado, estabelecendo e equilibrando elegância e coragem, leveza e peso, escuridão e luz.

Adjaye combinou prática e ensino em escolas de arquitetura em todo o mundo e defendeu a representação cívica por meio do discurso público. Dedica-se a comunicar e criar uma arquitetura que seja pessoal e inspirada pela cultura e pelas histórias da vida das pessoas, sensibilizando-se com lugares que oferecem novas camadas de empatia, experiência e envolvimento.

Seu trabalho revela uma crença central no poder gerador da arquitetura. Em um mundo que se polarizou, ele une política, arte e ciência, trabalhando para criar um futuro melhor. O Museu Nacional Smithsonian de História e Cultura Afro-Americana em Washington DC uniu suas muitas agendas arquitetônicas e culturais e expressou o papel que a arquitetura pode desempenhar no pluralismo.

Adjaye é um talento singular e oportuno; um forte lembrete do papel perspicaz e integrador do arquiteto.


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O INACREDITÁVEL ROUBO NO SANTO ANTÔNIO

 CLÁUDIO MARQUES

Quarentena- dia 189


O Governo do Estado da Bahia, através da Conder, está fazendo uma obra grande aqui na rua Direita do Santo Antônio além do Carmo. Calçada, iluminação, esgoto… Trata-se de um dos bairros mais sedutores da cidade, em pleno Centro Histórico. Um lugar especial, que reúne moradores antigos, artistas e estrangeiros. Bairro único na cidade.

Uma reforma era necessária e sempre foi bastante desejada. Mas, a forma como tudo está acontecendo… que ano!

A obra começou sete meses atrás. A empresa Pejota é a responsável pela execução. Nunca discutiram ou apresentaram aos moradores os materiais que seriam utilizados, planejamento, cronograma… nadica de nada. Nunca foi cogitado paralisar a obra diante da pandemia, que começou pouco tempo depois. Assim, diariamente, dezenas de trabalhadores se espremem nos poucos ônibus lotados em direção ao trabalho.

Em ano de COVID-19, tivemos que conviver com valas abertas, lama e retroescavadeiras durante praticamente todos os dias. Batemos o recorde de casos de dengue, zika e chicungunha.

No último domingo, 27 de setembro, por volta das 8h30, começou um barulho ensurdecedor sob a minha janela. A rua tinha sido fechada e as obras estavam a pleno vapor. Irritado, peguei a minha máscara e fui à rua. Cerca de vinte trabalhadores, que vestiam os tradicionais uniformes de cor azul, estavam abrindo novas valas em um local que já tinha sido devidamente trabalhado. Uma das principais queixas dos moradores é justamente essa: a obra nunca termina, sempre está a recomeçar.

Eu me apresentei e pedi para falar com o encarregado, que não usava máscara. Aliás, nenhum dos trabalhadores usava. Não deixei que o encarregado se aproximasse de mim. Pedi que ele colocasse máscara, mas o rapaz disse que não tinha nenhuma ali com ele. De trato gentil, no alto dos seus 30 anos, ele pediu desculpas e relatou que seria necessário tirar a “rede morta” ou algo assim. “Estamos trabalhando domingo para que a obra termine logo”.

Enquanto conversávamos, percebi que alguns guardadores de carros que ficam no Largo do Santo Antônio tentavam identificar os proprietários dos veículos que atrapalhavam a retroescavadeira. Havia um nervosismo e pressa um pouco acima do comum nessa busca.

Um vizinho se aproximou e contou que a escavadeira tinha quebrado um cano de água. Novas desculpas, mas nada que impedisse a continuidade do trabalho, cada vez mais apressado. “Já vamos chamar a Embasa”, disse o encarregado. A rua já estava toda quebrada, enlameada. Caos.

Eu cobrei a presença do supervisor. O rapaz pegou o telefone, fez uma ligação e confirmou que o supervisor já estava a caminho.

Os carros eram retirados e a rua continuava a ser quebrada. Nada do supervisor. O encarregado se encostou na parede onde eu estava e, do nada, me disse: “Você sabe que a gente precisa se unir, né?”. Eu franzi o cenho e olhei para ele, sem entender direito o que ele queria me falar. “Se o povo não se unir, estamos perdidos. Os de cima não vão nos deixar respirar. Você viu o caso do negro nos Estados Unidos?”. Havia uma transformação no gentil rapaz, que, agora, ensaiava proselitismo firme e revolucionário. “Eles querem nos ver no chão. Mas, nós somos mais fortes. Eles não podem com a gente. Estamos juntos!”. O rapaz parceria saber do que falava, não se tratava de discurso decorado.

Enquanto eu o escutava, a escavadeira continuava a destruir a rua. A água empoçava e nada do supervisor chegar. 

Eu não estava entendendo nada.

     Canos de água estourados. O bairro ficou sem água                durante todo o dia.

Resolvi me despedir. O encarregado voltou a encarnar o primeiro personagem e me pediu desculpas, mais uma vez, num tom doce. Disse que iria até a minha casa quando o supervisor chegasse.

Já em casa, eu resolvi colocar minha indignação nas redes sociais. Postei no grupo do bairro. Muitas pessoas já estavam se manifestando. Uma das moradoras, que intermedia a comunicação da comunidade com a Conder, estava perdida. Ela reenviava as respostas dos técnicos do órgão, que estavam estressados. Eles negavam o ocorrido na manhã. Como se nada daquilo estivesse acontecendo.

Demorou até que todos entendessem o que estava acontecendo. Ali, não era uma equipe da Conder/ Pejota. Os guardadores de carro compreenderam primeiro que se tratava de roubo dos fios de cobre e passaram a disputar o espólio. Teve luta.

Depois de cerca de duas horas e muito estrago, a falsa equipe de trabalhadores já havia sumido. Deixaram a parte da rua esburacada com diversos canos de água estourados. Lama, poeira, calçada quebrada.

Os fios de cobre roubados eram de uma obra realizada há quinze anos, aproximadamente, e que jamais foi concluída. Material valioso, com compradores certos. A vizinhança devaneia. Muitos afirmam terem visto um caminhão à espera de cerca de 1.000 quilos de fios de cobre. A R$ 15,00 o quilo, a gangue teria feito fortuna. Já não sei mais o que é real nessa história toda.

Passei dia pensando nessa história improvável. Como é que um bando consegue fechar uma das mais importantes ruas de Salvador em plena luz do dia, mobilizar tantas pessoas, além de uma retroescavadeira… provocar tanto estrago e ainda sairem sem que nada aconteça a eles?

Faroeste caboclo.

O assalto à luz do dia teria acontecido caso a Conder tivesse tomado a comunidade como parceira desde o início?

Pensei bastante no encarregado gentil e revolucionário. Quem será esse sujeito, de fato?

Ficamos sem água no decorrer do domingo. O Santo Antonio além do Carmo foi rebatizado por seus moradores como Santo Antônio além do Caos.

sábado, 26 de setembro de 2020

COMANDO VERMELHO NA BAHIA

 


Comando Vermelho se alia a facção local e se estabelece na Bahia, Presença do grupo carioca é notada em pichações e mensagens de WhatsApp e chega em áreas da capital e do interior. Especialistas veem avanço com preocupação e temem onda de violência no Estado,

SALVADOR - A facção carioca Comando Vermelho está se estabelecendo em Salvador, de acordo com o que indicam pichações em muros da capital baiana, além de mensagens de WhatsApp e monitoramento realizado pela polícia. A informação foi originalmente publicada pelo jornal Correio da Bahia e foi confirmada pelo Estadão.
A chegada do grupo às terras baianas aconteceu durante a pandemia do novo coronavírus e se deu através de uma aliança feita com uma facção local, a Comando da Paz, que foi criada em 2007. Agora, a CP, como é popularmente conhecida, funciona como uma célula do Comando Vermelho, que já tinha o hábito de fornecer armas e drogas para criminosos do Estado.
Um dos principais locais de Salvador que estão no domínio do CV é o Complexo do Nordeste de Amaralina, que também engloba os bairros de Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho. É na frente de uma base comunitária do bairro de Santa Cruz e a menos de 500 metros da 40ª Companhia Independente da Polícia Militar que, em cor vermelha, a pichação “CP” e “CV” foram feitas. Após a reportagem do Correio, as pichações foram apagadas.
Nos grupos de WhatsApp, uma mensagem atribuída aos integrantes baianos do Comando Vermelho lamentava a morte do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, uma das principais lideranças da facção. Elias foi encontrado morto na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. Ele foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.
O texto compartilhado dizia ainda que a facção possui o comando de 26 localidades baianas, da capital e interior. “Dentro dos presídios baianos, já têm integrantes tanto do CV como do Primeiro Comando da Capital (PCC). De certa forma, eles já estavam presentes na Bahia. O que pode estar acontecendo agora é uma oficialização, se é que podemos usar esse termo”, explicou o especialista em segurança pública e coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário Estácio da Bahia - Estácio FIB, coronel Antônio Jorge.
Para ele, essa oficialização pode trazer consequências para a segurança pública do Estado. “A chegada do Comando Vermelho muda a identificação das ocorrências ligadas ao narcotráfico. Poderemos ter um acirramento dos confrontos para conquista de território, como já ocorreu em outros estados”, disse.
O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em segurança pública, Rafael Alcadipani, lembrou que tanto o PCC como CV possuem uma disputa nacional e que os integrantes entram em conflito para controlar territórios. “O PCC já está presente na Bahia há cerca de seis anos, após começar sua expansão nacional. Para o Comando Vermelho, é uma questão de posicionamento estratégico ir para a Bahia e ocupar mais posições nesse jogo de xadrez que é o crime organizado do Brasil”, disse.
Também para o professor Rafael, a consequência disso tudo pode ser o aumento da violência no Estado. “Podemos ver crescimento no número de homicídios e de disputas em bairros pelo controle do tráfico. No Ceará, tivemos recentemente problemas graves por causa de uma guerra de facções. Nós sabemos que o Comando Vermelho é menos estruturado do que o PCC, mas as características de violência são parecidas”, afirmou.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia disse que qualquer organização criminosa que almeje se instalar na Bahia será combatida com ações de inteligência e de repressão. “Em 2020, o trabalho contra o tráfico de drogas apreendeu, até agosto, 3,2 toneladas de cocaína, número 913% maior do que o de 2019, e 10 toneladas de maconha, representando um aumento de 54%, na comparação com o mesmo período do ano passado”, disseram.

VARGAS LLOSA HABLA DE VICTOR-HUGO



UM HOMEM EXCEPCIONAL


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

UNS MINUTOS DE ÓPERA

Tinha chovido naquela noite pegajosa pós-carnaval. Sai do cinema com uma ternura especial para esta infeliz Macabéa, mais uma nordestina perdida na desilusão da capital paulista.

A rua Chile brilhava de mil placas de prata. Passavam raros ônibus. Do bocão do Elevador Lacerda escapava esporadicamente uma dúzia ou menos de transeuntes. Em poucos minutos eles desapareciam e a Praça Municipal voltava a ser um imenso palco abandonado.

De repente, algo surreal aconteceu.
Um som poderoso espalhou pelo ar quente e pesado a voz inconfundível de Maria Callas cantando a ária mais famosa de La Traviata.
Era um modesto carro de cafezinhos saído do elevador.

O vendedor e a soprano grega atravessaram calmamente a praça e se perderam pelas ruelas por trás da Câmara dos Vereadores...
Salvador 25/9/20

SONHEI COM UMA COBRA VERDE


A bicha era enorme. Estava tocaiada, enrodilhada, esperando que eu passasse por algum lugar que eu não lembro – meus sonhos raramente têm cenários, mas, são ricos em personagens. E eu vi a cobra! Tinha um tom verde gaio belíssimo e era enorme – pelo menos, era maior que eu.

Num reflexo “BruceLeeano”, quando a bicha saltou para inocular seu veneno no meu corpinho, agarrei-a pelo pescoço. Ok, cobra não tem pescoço, mas, foi exatamente ali que eu a agarrei e chicoteei aquela forma traíra, gosmenta, pernóstica.
A bicha resistia, tentando me alcançar com sua boca peçonhenta – confesso que não conferi se a cabeça era triangular, mas eu olhei na cara dela e vi a pupila em fenda vertical e o cabeção destacado, por isso, achei o pescoço! Bati e pisoteei na bicha, cheia de nojo! No último suspiro, a traíra cuspiu uma gosma verde venenosa na minha perna (eu estava de pijaminha) – pronto, morri (pensei). Corri e lavei a perna com água corrente (não me pergunte como), passei álcool em gel e uma camada poderosa de creme Nívea, acreditando ter inativado o veneno. Olhei o cadáver no chão, liberando o meu mais tosco vocabulário para aquela criatura que ousou acreditar que eu seria uma presa fácil. Eu sou Bibliotecária! (gritei para a morta) e Servidora Pública (acrescentei)! E cuspi, cuspi, cuspi nela.
Acordei com o Guido olhando para mim. Guido é o cachorrinho da minha filha que está comigo, nesta etapa da quarentena. Olhei para o relógio: madrugada. Minhas mãos doíam pelos golpes dados no sonho e a camiseta do meu pijama estava toda cuspida! Acho que Guido testemunhou a matança da cobra.
Abri meu sempre presente Dicionário de Sonhos Zolar (sem chance para Freud e Jung!): “uma cobra enrodilhada: escapará ao perigo”; “uma cobra pronta a desferir bote: traição de quem menos se espera”; “matar uma cobra: obterá vitória contra os inimigos”; “a cor verde: boa sorte”; [qualquer coisa] verde: recursos abundantes”. Fiquei decepcionada porque desconheço qualquer inimigo, acho que sorte não existe, meus recursos já me bastam e se eu for traída, com certeza, perderei um amigo porque “inimigo não trai”.
Peguei o celular e dei uma “googlada” rápida: cobra é um animal rico em significados, às vezes contraditórios. Pelo lado negativo, simboliza engano, mentira, destruição; pelo lado positivo, transformação, sabedoria, superação.
Bastou. Lavei o rosto, troquei de roupa, fiz um carinho no Guido e voltei para cama, pensando nas mentiras que ouvi num discurso pela TV, no vírus que avança em efeitos colaterais e nas cobras da Amazônia e do Pantanal em chamas... Demorei para dormir.
ANA VIRGÍNIA PINHEIRO


Sobre a Imagem: gravura de folheto flamengo (Leiden, 1706), semelhante aos de literatura de cordel, que narra uma aventura do pirata e explorador inglês Sir Richard Hawkins (1562-1622). O folheto dá notícia dos perigos enfrentados nos rios da Amazônia, cheios de cobras capazes de abocanhar e engolir um homem inteiro – do acervo da nossa Biblioteca Nacional.

ISSO SIM É JUSTIÇA!

 




quinta-feira, 24 de setembro de 2020

VERY BLACK IS VERY BEAUTIFUL

É verdade que a linda modelo sudanesa Nyakim Gatwech entrou no Guinness com seu tom da pele mais escuro do planeta?

A afirmação foi compartilhada nas redes sociais na segunda semana de julho de 2020 e parabeniza a modelo Nyakim Gatwech pelo feito de ser a primeira mulher a entrar para o livro Guinness dos recordes, graças ao seu tom da pele.

De acordo com o texto, acompanhado de foto de uma mulher negra, a sudanesa é a mulher com a pele mais escura do mundo, o que lhe rendeu a inclusão no famoso livro!




A TULIPA E O MERCADO DO FUTURO

O GOVERNADOR E O CENTRO HISTÓRICO

 




MINHA COLUNA DE SÁBADO NO JORNAL A TARDE TEVE UMA BOA REPERCUSSÃO.

JÁ NA TERÇA-FEIRA A TVBAND VEIO ENTREVISTAR OS MORADORES DO BAIRRO DE SANTO ANTÔNIO QUE SOFRE TEM SETE MESES COM A DESORGANIZAÇÃO DA DUPLA CONDER/PEJOTA.
MUITA GENTE ASSISTIU.

SURPRESA HOJE! O GOVERNADOR RUI COSTA, QUE NÃO É ARQUITETO, ENGENHEIRO OU HISTORIADOR, VEIO VISITAR O BAIRRO COM NUMEROSA CORTE E JORNALISTAS.

DEVE TER FEITO ALGUMAS PERGUNTAS BÁSICAS, OUVIU RESPOSTAS DE QUEM SÓ SE PREOCUPA EM AGRADAR, E FOI EMBORA.
ATÉ AGORA NÃO SE SABE SE DEU O MERECIDO BERRO.

SERÁ QUE ESTA VISITA FOI O RESULTADO DE MINHA COLUNA?

CRISTIANO RONALDO, UM HOMEM

 

Repórter:

- Cristiano Ronaldo, Porquê sua mãe até hoje mora com você?? Porque não constrói uma casa pra ela?

Cristiano Ronaldo:
"Minha mãe me criou sacrificando sua vida por mim. Ela dormia com fome, para que à noite eu pudesse comer. Não tínhamos dinheiro para nada e ela trabalhava 7 dias por semana e fez plantão a noite como faxineira para comprar minha primeira chuteira para que eu pudesse ser jogador de futebol. Todo o meu sucesso é dedicado a ela.
E enquanto ela tiver vida sempre estará ao meu lado tendo tudo que puder proporcionar. Ela é meu refúgio e meu maior presente."

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O MODELO ÍNDIO

 EX-PINTOR, ÍNDIO PATAXÓ 

É NOVA APOSTA NO MERCADO DA MODA: 

‘RESGATE DA MINHA AUTOESTIMA’



No começo da adolescência, entre os apelidos que recebeu, “canela de sabiá” era um dos que mais incomodavam Noah Alef. Isso quando não vinha acompanhado de uma imitação barata de alguém batendo a mão na boca emitindo “uh uh uh”. Agora, o rapaz de origem indígena ri disso tudo. Afinal, foram justamente suas origens e as longas pernas em seus 1,85m de altura que o colocaram como a nova aposta brasileira da moda masculina.



Aos 20 anos, o jovem da periferia de Jequié, no Sul da Bahia, acaba de ser contratado pela Way Model, mesma agência que tem Sasha Meneghel e Alessandra Ambrósio em seu cast. “Posso dizer que estou realizando um sonho antigo. Sempre quis ser modelo, mas achava que seria difícil por ser um índio”, conta.

Descendente dos Pataxós, Noah Alef não nasceu numa aldeia como a grande maioria imagina. Mas carrega na cor da pele, no cabelo liso e negro e no sorriso largo a garra de seus antepassados. Algo que ele próprio já tentou renegar. “A gente tem tanto medo do preconceito, que eu já quis ser diferente. A profissão ajuda no resgate da minha autoestima”, avalia.


Atento aos problemas que seus parentes estão passando nas aldeias, principalmente na Amazônia e no Pantanal, Noah quer dar visibilidade à causa e à diversidade. “É o que mais quero: poder mostrar as raízes do meu povo. Sei que essa é uma grande responsabilidade também. Mas é tão importante que o mundo conheça nossos traços originários e a beleza que a gente tem. Além de poder chamar atenção para nossos problemas. Há índios morrendo para apagar os incêndios e tendo que deixar sua terra porque o verde está se tranformando em cinzas”, justifica.

Até fazer suas primeiras fotos e tentar a carreira na cara e coragem por um período pequeno em São Paulo, Noah foi empacotador numa fábrica de camisas e auxiliar de pintor na sua cidade. “Esses trabalhos me ajudaram a valorizar ainda mais o que eu tenho agora. Chegar até aqui não foi fácil. Minha família é bem humilde e tenho a chance de mudar tudo isso”, observa.


Foi o avô, índio, que o ajudou a comprar as passagens para que ele fosse “tentar a sorte na cidade grande”. “Ele pegou a aposentadoria e me deu para poder viajar. Minha avó, costureira, é minha fã número um e quando pode me ajuda no que for preciso. Inclusive fazendo minhas roupas. Faz tão bem que fica até melhor do que se eu tivesse comprado”, diz ele, que pretende aprender o ofício enquanto não retorna a São Paulo.


Inspirado em Gisele Bündchen, Noah espera que a moda também seja seu caminho. “Ela levou tantos nãos e chegou onde está, com persistência e disciplina. Sei que o mercado da moda é diferente para homens e mulheres, mas um dia quero servir de inspiraçao para outros jovens, indígenas como eu, para que também possam estar numa passarela”, planeja ele, que pretende cursar Odontologia: “Sei que é um curso caro, acima da minha possibilidade atual, mas como modelo posso ter a oportunidade de realizar esse objetivo”.




PARIS E O BARÃO HAUSSMANN

    


   Georg
es-Eugène Haussmann (1809 — 1891), largamente conhecido apenas como Barão Haussmann- o "artista demolidor", foi prefeito do antigo departamento do Sena (que incluía os atuais departamentos de Paris, Hauts-de-SeineSeine-Saint-Denis e Val-de-Marne), entre 1853 e 1870. Durante aquele período foi responsável pela reforma urbana de Paris, determinada por Napoleão III, e tornou-se muito conhecido na história do urbanismo e das cidades.


Nomeado prefeito de Paris por Napoleão III, tinha o título de Barão e foi o grande remodelador de Paris, cuidando do planejamento da cidade, durante 17 anos, com a colaboração de arquitetos e engenheiros renomados de Paris na época. Haussmann planejou uma nova cidade, modificando parques parisienses e criando outros, construindo vários edifícios públicos, como a Opéra. 

Melhorou também o sistema de distribuição de água e criou a grande rede de esgotos, quando em 1861 iniciou a instalação dos esgotos entre La Villette e Les Halles, supervisionada pelo engenheiro Belgrand.



Napoleão III declarou o 2º Império em 1851, proclamando-se Imperador depois da Revolução de 1848. Era sobrinho de Napoleão Bonaparte. 

A partir de Napoleão III, Paris se transformou radicalmente, tornando-se a cidade mais imponente da Europa durante seu governo, tudo isso a duras penas. 

O Barão de Haussmann foi encarregado pelo novo imperador de modernizar a cidade. Para isto, o Barão demoliu as antigas ruas, pequenos comércios e moradias da cidade e criou uma capital ordenada sobre a geometria de grandes avenidas e bulevares, uma nova disposição que também iria colaborar com o fim dos levantes populares, as barricadas de Paris. Auteuil, distrito vizinho anexado, passou a ser subúrbio como outros.


O plano criado para o centro da cidade, previa a reformulação da área em um dos extremos dos Champs-Elysées (Campos Elíseos). Haussmann criou uma estrela de 12 avenidas amplas em volta do Arco do Triunfo, onde grandes mansões foram erguidas entre 1860 e 1868 sobre os escombros da antiga cidade. Além da Place de l'Opéra, foi projetada também pelo Barão a Place de l’Étoile, um dos cruzamentos mais complicados de Paris. 



L’Opéra de Paris foi projetado pelo arquitecto Charles Garnier a pedido do imperador Napoleão III e levou treze anos para ser concluído, de 1862 a 1875. O prédio é suntuoso e singular, uma mistura de materiais como pedra, bronze, mármore e outros, bem como de estilos que vão do clássico ao barroco, tido como o "estilo do 2º Império".

Haussmann foi sub-prefeito em Nérac em 1830, prefeito do Sena de 1853 a 1870, senador em 1870, deputado em 1877. As despesas decorrentes de todas as suas obras provocaram protestos e levaram à sua demissão em 1870.



Na Paris do século XIX, posteriormente à revolução burguesa, ocorreu o que a história nomeou “haussmannização”, o projeto de modernização e embelezamento estratégico da cidade realizado pelo Barão de Haussmann, seu “artista demolidor”, que pretendia, além de tornar a cidade mais bela e imponente, cessar com as barricadas, insurreições e combates populares muito recorrentes na época. Além disso expulsaria seus antigos moradores centrais da classe trabalhadora para a periferia, a partir da demolição das ruas e construções antigas para uma nova organização geométrica de casas e comércios idênticos.



As barricadas, após a remodelação de Paris, iriam cessar devido à geometria das ruas, antes sinuosas e estreitas que possibilitavam a luta frente a frente entre civis e militares, e depois largas e retas, possibilitando então o uso de canhões, que massacrariam as revoltas populares, então objetivo do Império.


Dessa forma se ergue uma elegante e homogeneizadora Paris sobre os escombros da antiga, futuramente apagando-a da memória histórica junto das correntes guerras civis e influenciando a modernização de outras tantas metrópoles desde o século XIX e estendendo-se até hoje.