sábado, 30 de março de 2024

UM SER MUITO HUMANO

 Eu tinha 8 anos e meus amigos, 80': a história do menino colombiano que cuidava de idosos e comoveu a França

Albeiro Vargas vivia na pobreza e, em vez de sair para brincar depois da escola, percorria as casas do seu bairro em busca de idosos que precisassem de ajuda.

·         Rafael Abuchaibe - BBC News Mundo

·        


  Albeiro com uma idosa

Foto: Fundação Albeiro Vargas / BBC News Brasil


O pequeno Albeiro, de apenas 8 anos, estava ensinando um idoso a ler e escrever quando o jornalista francês Tony Comitti o viu pela primeira vez em sua terra natal, Bucaramanga, no norte da Colômbia.

Comiti cobria havia anos a tumultuada Colômbia do final dos anos 1980 para um dos principais canais da França, quando, quase por acaso, se deparou com a história de uma criança que vivia na pobreza — e que, em vez de sair para brincar depois da escola, percorria as casas do bairro em busca de idosos que precisassem de ajuda.

"Eu estava no cabeleireiro", conta Comiti à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC. "Vi a história dele no jornal El Tiempo, pensei que seria uma história positiva, algo que ajudaria a motivar as pessoas".

O que ele não sabia naquele momento, há mais de 30 anos, é que seu encontro com Albeiro iria promover todo um movimento de apoio e reconhecimento internacional que atualmente se reflete em uma fundação que ajuda quase 500 idosos em estado de vulnerabilidade no departamento de Santander.as a história de Albeiro Vargas, o menino que a imprensa colombiana chamava na época de "O Anjo do norte", não começa em Bucaramanga.

Ela começa, como muitas outras no país, no campo, com o drama do deslocamento forçado.

·          história positiva, algo que ajudaria a motivar as pessoas".

Mas a história de Albeiro Vargas, o menino que a imprensa colombiana chamava na época de "O Anjo do norte", não começa em Bucaramanga.

Ela começa, como muitas outras no país, no campo, com o drama do deslocamento forçado.

 

Fugindo da violência 

Bucaramanga, como outras regiões da Colômbia, começou a observar um aumento no deslocamento de camponeses com a chegada do tráfico de drogas

Foto: Getty Images / BBC News Brasil


Antes de Albeiro nascer, seus pais moravam no norte do departamento de Santander, próximo ao centro urbano de Puerto Wilches.

Eles se dedicavam ao trabalho no campo com seus quatro filhos quando começaram a chegar ameaças tanto de grupos guerrilheiros de esquerda quanto de paramilitares de direita.

"Junto com meu pai, minha mãe decide fugir e sair correndo para proteger meus irmãos mais velhos, com o intuito de cuidar deles, para que não fossem para os grupos armados. E assim eles chegam a uma zona de invasão no norte de Bucaramanga", conta à BBC News Mundo Albeiro que, aos 45 anos, ainda mantém intacta a malandragem infantil do menino que comoveu jornalistas internacionais há mais de 30 anos.

"Havia montanhas de lixo, e minha mãe e muitas outras famílias chegaram ali para invadir com caixas de papelão".

"Minha mãe conseguiu construir o barracão dela, conseguiu começar a vender coisas no bairro, fazer arepas. E vira empiricamente enfermeira, pela experiência que tinha injetando vacas e curando galinhas e porcos, quando os animais adoeciam no campo ."

Albeiro nasceu em 1978, em meio a uma família repleta de carências, mas, acima de tudo, repleta de amor e valores, segundo ele conta à BBC News Mundo.

"Foi uma infância difícil, numa zona difícil: todos os dias ouvia-se gritos de abusos cometidos pelos pais com os filhos, e pelos maridos com as esposas", recorda.

"Mas também podíamos ver na minha casa uma mãe protetora, uma mãe que todos os dias dava um pão para cada um, e que nos ensinava a dizer 'obrigado'."

"Esses valores importantes que se incutem na família e que não são uma questão de dinheiro: na riqueza ou na pobreza, são uma questão de atitude", afirma.

O contato com a velhice

 

O avô Josefito foi a primeira experiência que Albeiro teve cuidando de um idoso, aos 6 anos

Foto: Fundação Albeiro Vargas / BBC News Brasil


Ao completar seis anos, Albeiro recebeu uma notícia: seu avô paterno viria morar com eles, no norte de Bucaramanga.

Ele também teve que deixar o campo, mas por motivos de saúde.

"Ele trabalhou até receber o diagnóstico de câncer. Naquela época não havia possibilidade de ir ao hospital. A previdência social era muito difícil", lembra Albeiro.

"Então minha mãe cuidava dele com os remédios caseiros da época, era o sogro dela, e com que amor ela fazia isso. Com compaixão ela dava banho nele, vestia ele, oferecia um cafezinho, enquanto eu assistia."

Albeiro começou simplesmente levando café para o avô, mas pouco a pouco a relação dos dois ficou mais próxima.

"Ensinei a ele os números de um a dez, e as vogais. Virei professor dele, porque tudo o que me ensinavam na escola quando eu tinha sete anos, eu ensinava ao meu avô. E exigia dele como aluno, o repreendia quando não fazia o dever de casa!"

Albeiro conta que dado o quão perigoso era o bairro — eles estavam expostos à prostituição, às drogas e, sobretudo, a grupos armados ilegais —, sua mãe era superprotetora, razão pela qual seu avô, de 87 anos, se tornou seu melhor amigo.

"Era para ele que eu contava tudo e era eu quem ouvia todas as suas histórias", relembra.

Poucos meses depois, o câncer deixou Albeiro sem o avô — e com um grande dilema que precisava resolver de alguma forma.

Brincando a sério

Com a morte recente do avô, Albeiro concentrou sua atenção em descobrir quem poderia ser seu novo companheiro de brincadeiras.

"Assim que meu avô morreu, fui até uma vovozinha vizinha e falei para ela: 'Vovó, quero brincar com você'. E ela me disse: 'Não, o que você quer é me roubar e tirar sarro de mim.'"

A complicada situação de segurança do bairro fazia com que qualquer pessoa ficasse alerta diante da chegada de um estranho, principalmente se a pessoa que recebia a visita fosse idosa e estivesse em situação de vulnerabilidade.

Por isso, Albeiro traçou um plano: abordaria uma das idosas com o pedido de "querer brincar, mas também aprender a rezar o rosário", uma oferta irresistível para uma idosa tradicional de Santander.

Além disso, o truque tinha um valor agregado: "Me tornei o melhor rezador de todo o bairro", lembra Albeiro com orgulho.

"Cada vez que alguém morria, me contratavam para rezar o rosário, e foi assim que fiquei conhecido no bairro".

Isso abriu para ele as portas das casas dos idosos do bairro — e para as histórias dramáticas que os acompanhavam.

"Cheguei na casa de uma vovozinha que tinha cento e poucos anos. Eram três da tarde. Cheguei para cumprimentá-la, buscar sua amizade, e percebi que a vovozinha estava com a boca cheia de bitucas de cigarro.", diz Albeiro, com o frescor da memória, como se tivesse acontecido ontem.

Albeiro passou a cuidar da saúde dos idosos da região

Foto: Fundación Albeiro Vargas / BBC News Brasil


"Lembro que a repreendi e disse: 'Vovó, não seja porca! Isso vai te fazer mal'. E a vovozinha, com uma lágrima no rosto, me disse: 'Estou com muita fome, não comi nada.'"

"Acredite, naquele momento, me senti impotente. Senti muita vontade de correr, de fazer algo — e, sim, corri para roubar pão da minha mãe, roubar porque sabia que minha mãe tinha muita dificuldade para dar de comer a oito filhos. Levei (o pão) para a vovó, e ela me disse: 'Mas eu não tenho dente para mastigar.'"

"Peguei um pouco de água, e dei para ela o pão com água. Tenho este momento gravado (na memória)."

'O anjo do norte' em ação

O jornalista local Euclides Ardila foi o primeiro a divulgar a história de Albeiro, na sua primeira reportagem para um jornal

Foto: Fundação Albeiro Vargas / BBC News Brasil


Quando a mãe de Albeiro descobriu quem estava roubando o pão da cozinha, deu ao filho uma garrafa térmica, que ele poderia encher de café e distribuir aos idosos pela manhã, antes de ir para a escola. Ele repetia a visita a alguns na parte da tarde.

"Foi assim que quando tinha oito anos já tinha cerca de 20 amigos entre 70, 80 e 90 anos", lembra Albeiro, reconhecendo que isso se tornou uma responsabilidade muito grande para ele sozinho.

"Às vezes, os vovozinhos reclamavam comigo: 'Vamos ver, menino Albeiro, você não veio ontem, e eu fiquei esperando'. E aquilo se tornou demais para mim. Foi quando decidi formar meu primeiro conselho de administração."

Albeiro explica que sua solução consistiu em recorrer a outras crianças da escola para ajudá-lo no trabalho com os idosos — e que esse grupo funcionava como haviam aprendido na escola.

"Em uma matéria chamada Ciências Sociais, ensinavam sobre o Executivo, o Legislativo, o conselho de administração, as funções do presidente, do secretário", explica.

"Os cadernos estão exatamente aqui", diz ele à BBC News Mundo, de seu escritório em Bucaramanga, "nos quais redigíamos as atas do conselho, os compromissos, os cardápios das refeições que levávamos para os idosos, a contabilidade, quando as pessoas me davam 100 pesos, e assim por diante."

Albeiro manteve as contas, assim como as atas de cada uma das sessões que realizou

Foto: Fundação Albeiro Vargas / BBC News Brasil


Os feitos do "anjo do norte" continuaram crescendo até chegar aos ouvidos do jornalista Euclides Ardila, que publicou sua história no jornal local Vanguardia Liberal. Com isso, o caso ganhou repercussão nacional e não demorou a cruzar as fronteiras do país.

A aparição do anjo  

Albeiro Vargas

Foto: Fundação Albeiro Vargas / BBC News Brasil


Da cadeira do cabeleireiro, onde leu a história pela primeira vez, o jornalista Tony Comitti diz que começou a planejar como faria a reportagem.

"Pensei em passar três ou quatro dias com o menino. Naquela época, não havia internet nem celular, então a única forma de entrar em contato com ele era ir procurá-lo", diz à BBC News Mundo.

Ao chegar ao local onde Albeiro morava, Comitti conta que só precisou perguntar a uma pessoa: "O anjo? Claro, vamos, eu te levo até ele".

A primeira vez que viu Albeiro, ele relembra, o menino de oito anos estava ensinando um idoso a ler e escrever.

"Foi muito impactante vê-lo, e ele me disse que eu poderia segui-lo, então fiz isso, e nos três dias seguintes o vi fazer coisas absolutamente incríveis".

A reportagem que Comitti havia planejado inicialmente ter uma duração de três ou quatro minutos virou um documentário de quase meia hora, em que Albeiro aparecia fazendo o que o tornou famoso, como indo às pressas ao banco para pagar o aluguel de uma idosa que estava sendo despejada de casa; e coletando alimentos do comércio local para levar aos "velhinhos".

Em uma cena impactante, Albeiro entra na casa onde uma idosa está trancada com cadeado — e a leva para dar banho. A mulher sofria de um estado avançado de demência, e a filha tinha que deixá-la trancada em casa para evitar que algo acontecesse com ela.

 

"Cheguei em Bucaramanga com minhas câmeras, meu equipamento e entrei no táxi. Quando falei para o taxista para onde estava indo, ele me disse que eu estava louco, e que iam me roubar, mas eu disse a ele para seguir em frente."

Albeiro, junto a outras crianças que o ajudaram, perceberam que as temperaturas na casa improvisada ficavam insuportáveis durante o dia, e usaram a chave que a filha deixava escondida para dar banho nela na sua ausência.

Com as imagens em mãos, Comitti se despediu de Albeiro e da mãe dele — e seguiu para Paris para iniciar a edição do documentário.

A comoção na França

Comitti lembra que mostrou as imagens de Albeiro a pelo menos dois colegas e que, assim que eles viram, começaram a chorar.

"Estávamos esperando uma reação forte do nosso público, mas o que aconteceu foi insólito", lembra o jornalista.

A rede de televisão recebeu pelo menos 200 ligações de pessoas que queriam ajudar o pequeno "anjo do norte", o "menino que havia trocado brincar por ajudar os idosos".

Uma das maiores doações veio de uma mulher que, como lembra Comitti, "decidiu dar o que tinha, porque era viúva e não tinha filhos nem ninguém para quem dar".

O programa também gerou furor no público, que queria conhecer pessoalmente aquele menino que passava por tantas dificuldades e fazia tanto bem à sua comunidade.

Comitti se lembra com amargura daquele momento e afirma ter rejeitado a ideia do canal de levar o menino e mãe para a França, com o intuito de fazer o habitual tour midiático dos acontecimentos da moda:

"Eu disse a eles que não, aquele não era o meu trabalho. Sou jornalista, e aquilo me parecia terrível."

A viagem aconteceu da mesma forma, sem a participação de Comitti, e o que ele temia que acontecesse, aconteceu, como lembra Albeiro:

"As pessoas me diziam: Alberro, Alberrito, Albergo. Elas queriam tocar em mim, e eu não entendia o que estava acontecendo."

"Lembro que me mudaram de hotel, mudaram meu nome porque muitos jornalistas queriam dar o furo. Queriam ver o Anjo da Colômbia, e esse canal de televisão me colocou em uma bolha. Foi uma coisa impressionante".

 

A Fundação Albeiro Vargas

Um tempo depois de seu retorno à Colômbia, Albeiro recebeu um convite da embaixada francesa para receber um cheque simbólico com os recursos que os franceses haviam doado após assistir ao documentário.

Simbólico porque Albeiro só poderia ter acesso aos fundos quando atingisse a maioridade.

"Perguntei a um amigo: 'Escuta, vão me dar um cheque simbólico em Bogotá'. E ele me disse: 'Bobo, vão te roubar, simbólico é de mentira, falso'", lembra Albeiro.

"Estava o diretor do canal de televisão que veio da França. A esposa do presidente da Colômbia estava lá e todos me disseram: 'Albeiro, sorria para as câmeras, vamos te dar um cheque'. E eu disse a eles: 'Não, senhores, me entreguem o dinheiro, não vão me roubar.'"

Quando lhe explicaram que ele teria acesso ao dinheiro quando fizesse 18 anos, Albeiro respondeu: "Bom então não me importo nem estou interessado porque quando eu tiver 18 anos os velhos já terão morrido de frio e fome."

A resposta deixou todos em silêncio.

Através de um acordo segundo o qual tanto a mãe como o embaixador eram os guardiões do dinheiro, Albeiro conseguiu continuar fazendo o seu trabalho e começou a pensar em expandir a ação.

Um dos primeiros projetos - aos 14 anos - foi a compra de uma casa abandonada perto de Bucaramanga, que se expandiu e hoje abriga quase 500 idosos das áreas vizinhas em situação de pobreza.

A Fundação Albeiro Vargas e Anjos da Guarda também fez parceria com os 56 lares de idosos de Santander para formar cuidadores de 5.500 idosos abandonados da região.

Além disso, embora muitas crianças do bairro Albeiro tenham seguido outros caminhos, algumas das pessoas que iniciaram o projeto ainda trabalham com ele.

"Há um grupo de trabalho de 90 funcionários e não somos suficientes", afirma Albeiro, frisando que são as doações que ajudam a fundação a continuar aberta.

O jornalista Comitti diz ter uma foto do pequeno Albeiro na entrada de sua produtora na França, já que a empresa existe graças ao documentário "O anjo do norte".

"Às vezes é incrível como uma pessoa pode impactar tantas vidas", diz Comitti, analisando o caso de Albeiro.

Mas para Albeiro isso não deve ser considerado algo incrível.

"Se há algo a dizer sobre mim é que sou teimoso, mas é uma teimosia justa, por defender os direitos dos idosos. Acho que é isso que me faz hoje, 39 anos depois, dizer que é possível, sim, você pode mudar o mundo."

"Sim, você pode fazer coisas diferentes, porque querer é definitivamente poder."

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 29 de março de 2024

LA SALIDA DE JESUS

SEMANA SANTA DIANA NAVARRO

FARÓLEO

 


Foi sem dúvida um dos mais interessantes artistas com quem trabalhei neste quase meio século de galerista e curador na Bahia.


Apesar das contingências me obrigarem a vender algumas obras dele, desde a morte dele, num hospital de Aracaju, tentei manter um conjunto de seu trabalho.



O tempo vai confirmando a extrema qualidade da obra do Faróleo. sergipano de Campo do Brito .


Em 16 de julho de2024, estarei apresentando minha coleção - umas trinta peças - de tão especial artista


As fotografias de celular documentam instantes da curadoria 

quarta-feira, 27 de março de 2024

GRANDE HOTEL BUDAPEST












 

A POBREZA EM SALVADOR

 

Estudo revela Salvador como capital com os piores índices de pobreza, desnutrição e desemprego

Primeira edição do Mapa da Desigualdade entre as Capitais do Brasil reforça a percepção da distância que separa as 26 capitais do país

Movimentação próximo ao Farol da Barra. Imagem de arquivo
Movimentação próximo ao Farol da Barra. Imagem de arquivoFoto: Reprodução / CNN

Carolina FigueiredoJulia Fariasda CNN

Um mapa de desigualdades que analisa e compara indicadores sociais entre as 26 capitais do Brasil confirmou que Salvador é a cidade com piores índices de pobreza, desnutrição e desemprego no país.

O estudo divulgado nesta terça-feira (26) pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) compara 40 indicadores sociais e de atuação do poder público municipal (educação, saúde, renda, habitação, saneamento, etc.) nas 26 capitais brasileiras – Brasília não participou do levantamento.

A capital da Bahia (BA) apresentou no levantamento um percentual de 11% da população que se encontra abaixo da linha da pobreza, número esse, dez vezes menor do que quando comparado à Florianópolis (SC), capital que se destacou com a melhor taxa no mesmo indicador.

Ainda, Salvador se destaca como a pior capital no índice de desnutrição, com 4% de crianças menores de 5 anos que se encontram em situação de desnutrição, enquanto Teresina (PI), capital que lidera o mesmo indicador, obteve apenas 0,44%.

A cidade teve seu pior desempenho nas taxas de desocupação, em que foi mostrado que 16,7% da população ainda está desempregada, contra 3,4% em Campo Grande, capital com a melhor taxa no mesmo aspecto.

De acordo com o Instituto, a 1° edição do Mapa da Desigualdade entre as Capitais do Brasil tem o intuito de reforçar a percepção da distância que separa as regiões e estados do país, tanto em relação à aspectos socioeconômicos quanto na oferta de infraestrutura urbana e serviços públicos.

Confira os destaques gerais nas capitais em alguns dos indicadores divulgados

Desnutrição infantil (% de crianças menores de 5 anos desnutridas)
Melhor indicador – Teresinha (0,44%)
Pior indicador – Salvador (4%)

Pessoas sem instrucão e fundamental incompleto ou equivalente (%)
Melhor indicador – Florianópolis (13,7%)
Pior indicador – Maceió (30,8%)

Desigualdade de salário por sexo
(razão do rendimento médio real das mulheres sobre o rendimento médio real dos homens)
Melhor indicador – Macapá (0,97)
Pior indicador – Campo Grande (0,64)

População atendida com esgotamento sanitário (%)
Melhor indicador – São Paulo (100%)
Pior indicador – Porto Velho (5,8%)

Taxa de desocupação (desemprego)
Melhor indicador – Campo Grande (3,4%)
Pior indicador – Salvador (16.7%)

População abaixo da linha da pobreza
Melhor indicador – Florianópolis (1%)
Pior indicador – Salvador (11%)

Perspectiva geral dos indicadores no Brasil

As 26 capitais brasileiras foram colocada em um ranking para classificá-las em melhor ou pior desempenho geral.

Para classificar as capitais brasileiras nos indicadores, o estudo atribuiu notas e pontos a cada uma delas para que depois fosse possível ranqueá-las de formas crescente de 1 à 26.

Assim, o Instituto utilizou do seguinte critério de pontuação:
26 pontos foram atribuídos à cidade que apresenta o melhor indicador;
25 pontos à cidade que apresenta o segundo melhor indicador, e assim sucessivamente até a 26ª cidade, que recebe 1 ponto.

No entanto, quando houvesse empate de pontuação entre duas ou mais capitais em determinado indicador, os pontos atribuídos eram ponderados. Dessa forma, a pontuação final é o resultado da soma dos pontos da cidade obtidos em cada indicador.

Curitiba foi a cidade que se classificou em primeiro lugar, com um acumulado de 677 pontos, seguida por Florianópolis, Belo Horizonte, Palmas e São Paulo que também estão entre as 5 capitais com melhor pontuação, respectivamente.

Por outro lado, Porto Velho se destacou na última posição, com um total de 373 pontos, atrás de Recife, Belém, Manaus e Rio Branco, que se classificaram como as 5 cidades com menor desempenho geral nos indicadores.

Ranking Geral

1º Curitiba – 677

2º Florianópolis – 672

3º Belo Horizonte – 615

4º Palmras – 607

5º São Paulo -594

6º Vitória – 590

7º Cuiabá – 583

8º Porto Alegre – 580

9º Goiânia – 578

10º Campo Grande – 549

11º Rio de Janeiro – 548

12º Natal – 516

13º Boa Vista – 498

14º Teresina – 473

15º Aracaju – 468

16º João Pessoa – 463

17º Salvador – 438

18º Macapá – 435

19º São Luís – 435

20º Fortaleza – 431

21º Maceió – 428

22º Rio Branco – 424

23º Manaus – 417

24º Belém – 393

25º Recife – 392

26º Porto Velho – 373

terça-feira, 26 de março de 2024

COLD SONG

SUA PASSAGEM PARA O INFERNO

 


UMA OUTRA CACHOEIRA


Para um estado que pretende orgulhar-se de seu passado, triste é constatar o violento desmentido da realidade.

Entre tantos abandonos, a cidade de Cachoeira é emblemática. Esporadicamente são restaurados dois imóveis enquanto três outros viram escombros.

A Igreja da Ordem Terceira do Carmo fecha em fins de semana e feriados. A vizinha pousada do Convento de Carmo é um flagrante de amadorismo. Decoração aleatória, pátio e piscina sem charme e restaurante tristinho que remete aos anos 70. Nem a maniçoba é lá estas brastemps. Aliás, se quiser maniçoba, carro-chefe da gastronomia local, não precisa ir tão longe. Melhor ficar em Salvador e ir ao D´Veneta. Na cidade inteira, a poluição sonora impera. Nem de noite o viajante terá sossego.

Numa sexta-feira normal tentei telefonar para a Fundação Hansen-Bahia, através do 75 3438-3442, informação da internet. “Este número não existe”. Nem sei se a própria fundação ainda existe. Provavelmente deve ter atividades esporádicas por total falta de incentivos. Quanto ao importante trabalho do Roque Araújo – assisti à inauguração do Museu do Cinema em 2012 – tão pouco consigo informações pela internet. Parece que foi despejado, como se descartável fosse, para dar espaço a outra entidade que bem poderia ser instalada em outro endereço. Imóveis vazios é o que menos falta na cidade heroica.

Costumo afirmar que esta cidade tão charmosa apesar do desprezo geral poderia ser nossa Paraty. Tivesse meia dúzia de pousadas confortáveis, dois ou três bons restaurantes com serviço profissional e outra meia dúzia de conceituadas galerias de arte, um festival de música sacra ou barroca e a restauração séria de tão excepcional património sob o olhar vigilante do IPHAN, a qualidade de vida atrairia rebanhos de turistas e amantes da cultura.

Temos hoje uma prefeita dinâmica que venceu mil obstáculos e até ameaças de morte. Não é difícil adivinhar a total falta de apoio do governo estadual, além dos costumeiros belos discursos e promessas. Da rua Direita de Santo Antônio vai meu abraço, Dona Eliana!

Posso fazer umas sugestões? Aproveite a prazerosa beira-rio, transformando-a em passeio exclusivo para pedestres, com algumas esplanadas para aproveitar a sedutora vista sobre o Paraguaçu e São Felix saboreando um sorvete, uma caipirinha, um abará. Por favor, nada de paredão, nem mesmo caixa de som. Vez ou outra uma voz, um violão, tudo acústico. Só e mais nada. A sociedade reaprenderá que o silêncio também pode ser música. Não faltará quem reclame, mas a repercussão desta nova atitude será nacional.

E capriche na entrada da cidade pintando o casario, tirando qualquer resquício de lixo e proibindo os outdoors que tanto poluem nossas mais belas paisagens.

Cachoeira merece.

 

VOCÊ ESTÁ CONVIDADO...

 NA QUINTA-FEIRA 6 DE JUNHO...

... estarei inaugurando uma exposição de minhas fotos na GALERIE EFMR na linda cidade cultural de L´Isle-sur-la Sorgue, no sul da França
Você está convidado (a)!!!!

segunda-feira, 25 de março de 2024

FAVOR MANDAR AO BRUNO REIS...

 ... SUPONDO QUE ELE ENTENDE 

O ESPANHOL.









FILHO DE PEIXE...

 MP denuncia Jair Renan por lavagem de dinheiro e uso de documento falso para obter empréstimos


Investigação aponta que filho do ex-presidente Jair Bolsonaro teria falsificado documentos para conseguir empréstimos de banco

2.202 DIAS DE ESPERA

 Foram 2.202 dias de espera. 6 anos e 10 dias dessa dor que hoje não acaba, mas que encontra, finalmente, um momento de esperançar justiça e paz. E isso é apenas uma parte do que Marielle e Anderson merecem. Nesse domingo chuvoso de março, a verdade começou a ser desvelada. O que, diante da nossa dor, é o tempo de uma vida inteira depois daquele 14 que marcou mais do que nossas vidas - marcou a nossa carne e o próprio Estado Democrático de Direito. 

A Polícia Federal realizou hoje uma operação para prender não um, mas três mandantes do assassinato brutal de Marielle e Anderson. Se os nomes de integrantes da família Brazão não causam surpresa ao serem revelados, a investigação da PF traz ainda mais um integrante desta odiosa trama: Rivaldo Barbosa, o então chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. O anúncio do seu nome mostra que a Polícia Civil não foi apenas falha, mas cúmplice deste crime. Rivaldo, que recebeu as nossas famílias logo após Marielle e Anderson serem assassinados, com o sorriso cínico que só as mais corruptas das burocracias podem produzir, nos dizendo que o caso seria uma prioridade máxima para ser solucionado o mais rápido possível. Seu nome envolto nessa execução brutal só demonstra o tamanho do abismo que vivemos no Estado do Rio de Janeiro, com instituições amplamente comprometidas nas teias mais podres do crime, da corrupção e do mercado de mortes. Um passo decisivo foi dado, mas a luta por justiça que nossas famílias travam nesses longos seis anos não termina na manhã de hoje. Não descansaremos até que haja, enfim, uma sentença. E iremos além. Não descansaremos até que todos os sórdidos poderes que dominam este Estado sejam, enfim, derrotados. À Polícia Federal, ao Ministério da Justiça, e ao Governo Federal, ao Ministério Público do Rio de Janeiro e ao Ministério Público Federal, expressamos o nosso mais profundo reconhecimento pelo compromisso de fazer valer este sopro de esperança. Há luta pela frente, e estaremos cada vez mais fortes para enfrentá-la. Hoje vence a democracia. Hoje Marielle e Anderson começam a ter justiça por suas vidas ceifadas. Não descansaremos até que a Justiça seja feita de forma plena. Por Marielle e Anderson, por nossas famílias, pela democracia no Brasil. Monica Benicio, viúva de Marielle Franco. Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes.