quarta-feira, 17 de abril de 2019

PORTUGUÊS COM "P"

LOUVOR PARA O MILICIANO

PNEUS PORTUGUESES

Quando de pneus nascem travões, calçada portuguesa ou solas de sapato

Mais de metade dos pneus são reciclados em Portugal. Já usado na indústria cimenteira, também pode dar origem a calçado ou pavimentos.
Ao contrário da calçada fieta de pedra, aquela feita com pneus tem um sistema de amortecimento
Provavelmente é daquelas pessoas que só se lembra de que os pneus existem quando o do carro fura. E é bastante provável também que nem sequer nunca tenha pensado no que acontece ao tal pneu que, depois de furado, o deixou à espera de reboque na autoestrada.
A verdade é que se forem deixados expostos à luz solar e às chuvas, os pneus começam a desfazer-se tanto em líquidos como em gases, contaminando ecossistemas inteiros e a atmosfera. E é por isso que os agentes económicos que vendem pneus novos são legalmente obrigados a encaminhar esses pneus usados para um centro da Valorpneu, que se encarrega de os transformar novamente em matéria-prima.
Esta entidade, que é a gestora do Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados, explica à MAGG que, só em 2018, foram recicladas mais de 50 mil toneladas, o que corresponde a 66,3% dos pneus gerados no ano. E se estes números são difíceis de imaginar, nada como uma comparação mais palpável. Em dez anos de reciclagem de pneus, evitou-se o equivalente à emissão de 26 mil carros ou de 70 mil viagens a Nova Iorque.
E a parte mais divertida desta transformação vê-se quando de pneus velhos são feitas coisas tão inusitadas como solas de sapato, travões nas estradas ou calçada portuguesa.
Estes foram alguns dos projetos candidatos ao Prémio Inovação Valorpneu, que todos os anos destaca a originalidade na hora de aproveitar os pneus como matéria-prima.Pedro Gonçalves, por exemplo, criou a Ubber Foot e faz calçado com solas feitas de pneus antigos. Já Francisco Duarte criou uma alternativa às lombas redutoras de velocidade, com a aplicação de um equipamento nas estradas que reduz a velocidade, sem ação do condutor, e sem que sejam necessárias travagens bruscas.
A Ecokalçada utiliza como matéria-prima o granulado produzido a partir de pneus velhos
E calçada portuguesa? Também há, até porque os pneus são mais versáteis do que à partida possam parecer. Climénia Silva, diretora-geral da Valorpneu, explica à MAGG as potencialidades do pneu enquanto matéria-prima. “O têxtil dos pneus é um excelente combustível, sendo utilizado essencialmente na indústria cimenteira. O aço é encaminhado para as siderurgias para nova produção de aço e o granulado e pó de borracha de pneu é utilizado sobretudo nos pavimentos de parques infantis e desportivos, no enchimento dos relvados sintéticos, na indústria de isolamentos e da borracha, bem como nas misturas betuminosas com borracha utilizadas nas vias rodoviárias”.
Perante esta versatilidade já não é tão difícil imaginar como é que de pneus se faz calçada. Começou com a proposta de Bruno Pinelas e concretizou-se com a intervenção de Pedro Marques, atual responsável pela Ecokalçada, um projeto feito de borrachas recicladas, transformadas em “pedras” pretas e brancas que, apesar da semelhança com a calçada tradicional, têm capacidade de amortecimento.
E já é possível ver esta calçada instalada um pouco por todo o País, garante Pedro Marques. Já criaram passadiços de creches e lares de idosos, fizeram o chão de quiosques de venda de produtos portugueses e revestiram o pavimento dos ecopontos espalhados por Lisboa, Oeiras e Tavira.
Este ano, e pela primeira vez, vai circular pelo País até junho um projeto de sensibilização para a importância da reciclagem dos pneus, o Circuito de Portugal. Quando dizemos circular, é circular mesmo. Trata-se de um pneu telecomandado e interativo que percorre Portugal e que propõe uma viagem pelo sistema de transformação do pneu, desde o carro até, quem sabe, calçada portuguesa.

terça-feira, 16 de abril de 2019

O JOGO DOS 7 ERROS

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Alguns meses atrás, escrevi um texto para o blog do jornalisa Fausto Macedo, no Estadão, sobre o Supremo Tribunal Federal. O texto tinha o título "O jogo dos 7 erros no Supremo Tribunal Federal" e detalhava -- surpresa! -- 7 erros técnicos que dois ministros -- Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli -- tinham cometido numa guerra de decisões envolvendo uma autorização que o Min. Lewandowski tinha dado para que repórteres entrevistassem Lula na cadeia. Alguns desses erros técnicos eram bastante graves, e causavam surpresa vindo de dois ministros da mais alta corte do país, ao menos um dos quais é professor doutor de uma das mais prestigiosas faculdades de direito do Brasil. 
Eu honestamente acreditava que episódios como aquele -- que envolveu dois ministros dando decisões contraditórias entre si e determinando que a Polícia Federal as cumprisse simultaneamente -- eram o pior a que poderíamos chegar em termos de mancha na imagem institucional do STF. Talvez junto com as trocas de insultos entre ministros no plenário, televisionadas ao vivo. 
Pois hoje me dei conta de que eu estava errado. O poço tem um fundo muito maior do que pensávamos. 
Em março deste ano, usando um artigo bizantino constante do Regimento Interno do STF, artigo provavelmente incompatível com a constituição e as leis processuais penais atuais, o Presidente do STF havia instaurado um inquérito para apurar a"existência de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de 'animus calumniandi', 'diffamandi' e 'injuriandi', que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares". 
Descontem o latim e acreditem em mim que esse inquérito não tem objeto definido. É para investigar qualquer coisa que tenha que ver com notícias contra o Supremo, seus ministros e familiares dele/as. Não se pode ter um inquérito penal para investigar um tema. O que se investiga é um fato. 
Mas vamos adiante. Esse inquérito não foi distribuído para um ministro qualquer da corte, aleatoriamente, como manda a lei. O Presidente do STF designou o Min. Alexandre de Moraes para presidir esse inquérito, sem deixar expresso por que. Até aqui, seria só um ato heterodoxo no âmbito do STF, sem maiores repercussões ou efeitos práticos.
Porém, eis que essa semana surge, em um veículo de imprensa, uma notícia de que Marcelo Odebrecht, colaborador da Justiça, esclarecendo dúvidas da Polícia Federal sobre alguns e-mails que ele trocara com seus empregados em 2007, identificou uma das pessoas referidas nesses e-mails por codinomes como o então Advogado-Geral da União. 
O então Advogado-Geral da União, hoje Presidente do STF, manda o que parece ter sido um e-mail para o Min. Alexandre de Moraes, comunicando sobre a notícia e "autorizando" providências. Você não leu errado. O Presidente do STF autorizou providências em procedimento que ele não preside, com o objetivo de sanar suposta ilegalidade de que ele se disse vítima. O Min. Alexandre de Moraes, na qualidade de ministro designado para presidir o inquérito sem objeto definido com autorização de norma regimental bizantina, toma uma decisão no meio desse inquérito, sem ouvir ninguém, determinando que o veículo de imprensa que tinha noticiado o fato retire-o dos seus canais de comunicação, sob pena de uma multa diária de 100.000 reais. Uma multa astronômica, que dificilmente seria reconhecida como legal se aplicada num caso normal. 
Calma que ainda não acabou. 
A Procuradora-Geral da República, que é a autoridade máxima do Ministério Público Federal, que, por sua vez, é o órgão a quem qualquer inquérito penal é destinado, se manifesta espontaneamente. Ela alega que o inquérito é irregular, que não foi cientificada oficialmente da sua existência e que o seu conteúdo lhe vem sendo sonegado. Por isso, ela informa que promove o arquivamento desse inquérito. Ou seja, como ela é quem teria de receber o inquérito de qualquer jeito, ela diz desde logo que não tem interesse nele e que ele pode parar. 
Enquanto escrevo essa postagem, o último movimento do caso foi uma decisão do Ministro Alexandre de Moraes, designado para presidir o inquérito autorizado pela norma bizantina do Regimento do STF, com arquivamento já promovido pela Procuradora-Geral da República, negando essa promoção de arquivamento. Aparentemente, em sua decisão, ele disse que mesmo que a destinatária do inquérito já tenha declarado que não tem interesse nele e que o considera ilegal, o inquérito pode prosseguir assim mesmo. 
Não sei se consegui passar nesse post o absurdo dessa situação e o sentimento de perplexidade que me domina.
Então vou fazer uma última tentativa. Eu sou professor de Direito Processual Penal há mais de 10 anos. Tenho mestrado, doutorado e pós-doutorado, artigos e trabalhos publicados no Brasil e fora. Eu posso dizer, depois de hoje, que não sei mais o que ensinar para os meus alunos. Não sei nem mais o que pensar sobre a matéria que achei que dominava mais do que a maioria. 

A boa notícia é que, pelo menos, situações como a que vigora hoje no STF nos dão uma lição de humildade. 
Só sabemos que nada sabemos.

BILIONÁRIOS LÁ E CÁ

Bilionários se mobilizam para reconstruir Notre-Dame

Se concretizadas, doações somarão R$ 2,87 bilhões


Bombeiros jogam água em alguns pontos da catedral de Notre-Dame — Foto: Zakaria Abdelkafi / AFP Photo

Bilionários e doadores privados se mobilizam para financiar a reconstrução da catedral de Notre-Dame de Paris, destruída em parte por um incêndio.
O bilionário francês Bernard Arnault anunciou nesta terça-feira (16) que ele e seu grupo LVMH, especializado em produtos de luxo, doarão 200 milhões de euros (cerca de R$ 875 milhões) para a reconstrução.
Outros 200 milhões de euros foram prometidos pela família Bettencourt Meyers, sócia da L'Oreal.
A oferta foi feita depois que a Kering, grupo de moda fundado por outro bilionário francês, François Pinault, anunciou 100 milhões de euros (R$ 437 milhões) para "reconstruir completamente Notre-Dame".
A Total, uma empresa de energia, também anunciou que fará uma contribuição de outros 100 milhões de euros para a reconstrução, afirmou seu diretor-executivo, Patrick Pouyanne, na terça-feira (16).
A cidade de Paris fará um aporte de 50 milhões de euros (R$ 218,5 milhões), disse a prefeita Anne Hidalgo. Ela também propôs uma conferência internacional para coordenar as doações.
A região de Ile-de-France, que inclui Paris e seus arredores, prometeu dez milhões de euros (R$ 43,7 milhões).
Se concretizadas, essas promessas de doações somam 660 milhões de euros (R$ 2 ,87 bilhões).
A Heritage Foundation, organização francesa financiada por fundos privados, pede doações em seu site. Houve também apelos semelhantes pelo site de crowdfunding (vaquinhas online) Leetchi.

Artesãos especializados e madeiras raras

Para reconstruir o templo, que anualmente recebe 13 milhões de visitantes - uma média de 35.000 pessoas por dia - serão necessários artesãos especializados em madeiras raras.
O diretor do grupo Charlois, o maior fornecedor de carvalho na França, prometeu oferecer os melhores materiais para reconstruir a complexa armação de madeira, conhecida como "a floresta", devido ao número de vigas usadas para construí-la.
"As obras certamente vão levar anos, talvez décadas, e serão necessários milhares de metros cúbicos de madeira. Vamos ter de encontrar as melhores peças, de grande diâmetro", explicou Sylvain Charlois à rádio France Info.
A UNESCO, com sede em Paris, prometeu trabalhar com a França para restaurar a catedral, inscrita desde 1991 em sua lista de patrimônios da humanidade.
"Já estamos em contato com especialistas e preparados para enviar uma missão urgente para avaliar os danos, salvar o que pode ser salvo e começar a tomar medidas para o curto e médio prazo", disse Audrey Azoulay, secretário-geral da agência da ONU, em comunicado.

Restauração pode custar centenas de milhões

Especialistas afirmam que as consequências poderiam ter sido piores, a restauração poderá custar centenas de milhões de euros por vários anos, até mesmo décadas.
É por isso que muitas pessoas pediram uma mobilização de recursos para uma rápida reconstrução.
"Desde ontem venho ouvindo que levará uma década, é um absurdo", disse à AFP o ex-ministro francês da Cultura, Jack Lang.
Lang pediu um plano de três anos para reconstruir o telhado e a flecha, que desabou duas horas após o início do incêndio.
"Precisamos estabelecer um prazo curto, como fizemos outras vezes em outros trabalhos excepcionais", disse.
O edifício gótico estava sendo reformado para reparar o efeito do clima e da poluição, com um orçamento de 11 milhões de euros, financiado pelo Estado francês.

ENQUANTO ISSO...

Imediatamente após o incêndio, algumas das famílias bilionárias da França anunciaram doações que já chegam a 600 MILHÕES DE EUROS, isso sem se ter uma ideia do quanto será necessário para a completa restauração do templo-monumento. Quantas famílias de bilionários brasileiros anunciaram doações para a reconstrução do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista????? Na época do incêndio, só os herdeiros controladores do Itaú (Vilela-Setúbal-Moreira Sales) receberam 9 bilhões de reais de dividendos não taxados sobre os lucros do banco naquele trimestre.
SÉRGIO SOBREIRA

CENSURA E RETROCESSO

ESTADÃO

Houve censura e retrocesso em decisão para retirar reportagens, diz Marco Aurélio

Para ministro do Supremo Tribunal Federal, determinação de Alexandre de Moraes para excluir matéria da revista Crusoé do ar marca 'retrocesso em termos democráticos'

Rafael Moraes Moura/BRASÍLIA


BRASÍLIA – O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira ao Estadão/Broadcast Político que houve censura na decisão do colega Alexandre de Moraes de determinar à revista digital “Crusoé” e ao site “O Antagonista” a remoção da reportagem “O amigo do amigo do meu pai”, que menciona o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli. Para Marco Aurélio, o episódio marca um “retrocesso em termos democráticos”.
“Isso, pra mim, é inconcebível (a remoção do conteúdo dos sites jornalísticos). Prevalece a liberdade de expressão, para mim é censura”, disse Marco Aurélio à reportagem.
O site informou que a reportagem tem como base um documento que consta dos autos da Operação Lava Jato. O empresário Marcelo Odebrecht encaminhou à Polícia Federal informações sobre codinomes citados em e-mails apreendidos em seu computador em que afirma que o apelido “amigo do amigo do meu pai” se refere a Toffoli.
“Eu não vi nada de mais no que foi publicado com base em uma delação. O homem público é, acima de tudo, um livro aberto. (A remoção de conteúdo) É um retrocesso em termos democráticos”, avaliou Marco Aurélio Mello.
A decisão de Alexandre de Moraes de remover conteúdo de “Crusoé” e “O Antagonista” foi reprovada pela cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR). Pelo menos três ministros do STF também criticaram reservadamente a decisão do ministro por avaliar que o entendimento de Moraes contraria entendimentos recentes do tribunal sobre a liberdade de imprensa e abre margem para excessos.
Indagado se o plenário do Supremo poderia derrubar a decisão de Moraes, Marco Aurélio disse: “Não sei, cada qual tem a sua concepção sobre o Estado democrático de direito. A minha é sólida e sempre procedi assim.”
ARQUIVAMENTO. Nesta terça-feira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, informou ao STF que deve ser arquivado o inquérito aberto pelo presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, para apurar ameaças e fake news contra a instituição e seus integrantes.
A manifestação foi encaminhada ao relator do inquérito, Alexandre de Moraes, nesta terça-feira, data em que foi deflagrada uma operação para vasculhar residências de pessoas que criticaram o Supremo nas redes sociais, e um dia após a notícia de que o ministro mandou retirar do ar reportagens dos sites da revista “Crusoé” e “O Antagonista”.
“O STF não pode a um só tempo instaurar o inquérito, investigar e julgar. Não pode. Isso quebra a organicidade do direito. O STF é o Estado julgador, não o acusador. O Estado acusador cabe ao Ministério Público. Tempos estranhos!”, comentou Marco Aurélio à reportagem.
Procurado pela reportagem, o gabinete de Alexandre de Moraes não havia se manifestado até a publicação deste texto.

MAIS UMA RECUSA!

Após museu, restaurante tradicional de Nova Iorque se nega a receber homenagem a Bolsonaro

Com isso, o evento “Homem do Ano”, organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, continua sem local definido
A imagem de Jair Bolsonaro não está desgastada apenas no Brasil, o que mostram as últimas pesquisas. Depois que o Museu de História Natural de Nova Iorque se recusou a receber o evento que pretende homenagear o presidente, agora foi a vez de um restaurante de luxo.
O evento “Homem do Ano”, organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, continua sem local definido, pois a segunda opção consultada, o tradicional restaurante de luxo chamado Cipriani, já considerado um dos cinco melhores de Nova Iorque, também se recusou a sediar o jantar em homenagem a Bolsonaro.
Nesta terça-feira (16), o prefeito nova-iorquino, Bill de Blasio, voltou a criticar o militar reformado. Pelo Twitter, ele agradeceu ao Museu de História Natural da cidade por ter cancelado o evento.
Perigoso
“Jair Bolsonaro é um homem perigoso. Seu racismo evidente, homofobia e decisões destrutivas terão impacto devastador no futuro do nosso planeta. Em nome de nossa cidade, agradeço ao Museu de História Natural por cancelar este evento”, escreveu Blasio.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

UMA SURRA POLÍTICA

A surra intelectual da indígena Sônia Guajajara na senadora patricinha Soraya Thronicke. Por Joaquim de Carvalho


Muito pouco se sabe sobre a senadora Soraya Thronicke, que se elegeu no ano passado pelo Mato Grosso do Sul. Ela é de Dourados, interior do Estado, advogada e teria MBA em Direito Empresarial na Fundação Getúlio Vargas e, segundo uma publicação simpática à candidatura dela no ano passado, com “passagem” por Harvard — seja lá o que isso signifique. Desde 2014, participou das manifestações de rua em seu Estado e se filiou ao PSL, com o discurso de que não era política. Assim ganhou popularidade.

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A LINHA AZUL, A VERDE E A VERMELHA

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DROGAS: PERDEMOS A GUERRA

"Nós perdemos a guerra. Nunca vi faltar maconha em lugar nenhum do país devido às nossas apreensões"


“Se 500Kg de maconha é uma pequena quantidade, então quanto passava por aqui quando era uma grande quantidade? 
Ele me respondeu: umas 20 toneladas por dia”
Por Martel Alexandre del Colle 

Ainda me lembro da sensação. Ver toda aquela droga, mais o dinheiro apreendido e os traficantes detidos. Ainda havia carregadores de pistola e balanças de precisão. Aquilo era o que chamam aqui no Paraná de “servição”. Lembro-me de ir até o rádio da viatura a avisar sobre todo o material apreendido. Lembro-me da sensação de acreditar estar mudando o mundo, fazendo algo útil, melhorando a vida das pessoas que moravam naquela comunidade e eram oprimidas por aqueles traficantes.
me senti desafiado a desmontar um esquema de tráfico que parecia impossível e que coagia uma comunidade inteira às suas regras
Trabalhava em uma cidade que figurava, e ainda figura, entre as cem mais violentas do País. Eu tinha uma ideia bem clara de que eu precisava me esforçar ao máximo para impedir uma certa gama de crimes que eu considerava os mais danosos. Dentre eles estavam: homicídio, estupro, tortura, uso de drogas e tráfico de drogas.
Homicídios são difíceis de prever. É preciso trabalhar com reforço positivo e não com prisões para se reduzir homicídios, mas isso era grego ou até Gaélico Escocês para grande parte das policiais militares na época (e ainda é uma linguagem de pouca compreensão nas polícias do Brasil em geral);
Estupros ocorrem – a sua maioria – dentro de casa e, geralmente, o autor é um parente que acaba sendo defendido pela própria família, forçando a vítima a esconder o ato como se ela fosse a culpada (e é por isso que as escolas devem ter em seus currículos a matéria de educação sexual. Afinal, a vítima pode ter um estuprador dentro de casa que não irá lhe ensinar a se defender, e nem a dizer que estupro é errado, que é crime. Se você quer que estupradores te agradeçam para sempre, crie alguma desculpa, como a “ideologia de gênero”, doutrinação do MEC, e outras baboseiras para proibir a educação sexual nas escolas e impedir que as vítimas se empoderem e denunciem o autor);
Tortura não é algo muito comum nas ruas. A gente ouve mais é de policiais que torturaram “bandidos” do que de criminosos que torturaram alguém.
Eu era um policial novo e inexperiente, logo, decidi atacar os crimes mais simples: tráfico e uso. Eu nunca fugi de uma ocorrência envolvendo os fatos acima, a questão é que essas atividades são mais difíceis de pegar, principalmente com o péssimo sistema de escalas alternadas entre dias e noites que muitas policias militares ainda usam. Já está mais que provado o dano a saúde do policial por ficar alternando entre dia e noite. E é um sistema empiricamente burro, já que o policial não consegue instintivamente perceber quais são as horas e os locais, dentro do seu turno, em que o crime é mais plausível de acontecer – o tal do policiamento comunitário.
São essas coisas que me adoeceram. Eu me pergunto como tanta burrice pode existir dentro de um sistema depois do surgimento dos livros, da internet, da universidade? Não entra na minha cabeça. Mas eu tenho de me conformar, afinal, eu vivo no país onde cristãos ajudaram a eleger o Bolsonaro. Eu queria saber como eles encaixam o “bandido bom é bandido morto” com o “ama o teu próximo como a ti mesmo”. É como um suicídio. Eles matam o bandido e com isso se matam. Se eles parassem para refletir…
A apreensão narrada no início do texto foi a minha primeira de grande porte. E ela foi especial porque foi alcançada através de uma ação estratégica minha. O ponto de tráfico a que me refiro ficava na comunidade mais temida pelos policiais da área. Muitos policiais não entravam naquela comunidade, algo raro aqui no Paraná. Inúmeras vezes eu fui chamado para apoiar uma viatura que precisava atender uma ocorrência próxima aquele local. Ninguém queria entrar lá sozinho. As ocorrências lá eram escassas, havia boatos de que os traficantes coagiam a população a não ligar para a polícia em casos de emergência, a fim de manter o tráfico ocorrendo livremente. Os moradores diziam que quem ligava demais para a polícia acabava desaparecendo.

EM DEFESA DOS ABROLHOS


Resultado de imagem para fotos de abrolhos

Sou contra o leilão de petróleo ao lado de Abrolhos. Claro. Mas me pergunto sobre a posição dos ambientalistas baianos e da sucursal local da Rede de Marina. 

Quase todos os nossos ambientalistas só gritam quando a ação predatória vem da prefeitura de Salvador. 

Quando o crime ecológico é cometido pelo governo estadual, não se manifestam: ou por serem petistas ou por trabalharem na burocracia estatal. Como agora o lance é federal, não sei como irão se comportar. 

Lula e Dilma seriam a favor do leilão, claro. Com o cinismo de sempre, se diziam amigos do meio ambiente, mas, em suas ações objetivas, não hesitavam em destruir nada. 

Nisso, são iguaizinhos a Bolsonaro e sua gangue. 
Mas também gostaria de saber qual a posição de nossa Secretaria de Meio Ambiente com relação ao assunto? 

Vão ficar calados, como já começou a ser a praxe da tchurma do PSB que se instalou por lá?
ANTÔNIO RISÉRIO