segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

DUETO

NA RUA, NA CHUVA, NA SARJETA

 


NA RUA, NA CHUVA, NA SARJETA

Marcos Amorozo e Renata Buono 


Aquantidade de pessoas em situação de rua no Brasil vem aumentando em decorrência da crise, e São Paulo, maior cidade do país, simboliza bem esse momento. Divulgado há poucos dias, o Censo da população em situação de rua de 2021 revelou que há quase 32 mil pessoas morando nas ruas da capital paulista. É uma população maior do que a de 80% das cidades brasileiras. Esse número de pessoas seria suficiente para encher nove vezes o Edifício Copan, maior prédio residencial da América Latina. São, na maioria dos casos, homens negros que passaram a viver na rua de 2019 para cá. O =igualdades desta semana mostra o tamanho e o perfil da população em situação de rua em São Paulo.

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VOCE SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?

 

Médico é preso após negar atendimento prioritário a Delegado: “Todos têm que ser iguais”

Juiz decretou soltura do profissional de saúde e entendeu caso como abuso de autoridade

Médico Fábio Franca foi preso após negar prioridade a delegado com covid-19 - Redes Sociais


O médico Fábio Marlon Martins Franca foi preso, na última quinta-feira (27), por não atender o delegado Alex Rodrigues da Silva com prioridade, ou seja, antes de outros pacientes que aguardavam atendimento no posto de saúde de Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros.

Segundo a secretária municipal de Saúde, Gesselia Batista, ela disse estar surpresa com a prisão. “É um médico que não temos reclamações dele. Como colega de trabalho, por cinco anos, nunca vimos uma pessoa reclamar dele. Como secretária, nunca recebi reclamação. Essa prisão foi algo que nos chocou muito”, declarou a responsável pela pasta.


MOTIVO DA PRISÃO

Em nota, a Polícia Civil informou que o médico foi preso por exercício irregular da profissão, desacato, resistência, desobediência, ameaça e lesão corporal. A corporação disse ainda que o profissional se alterou e ofendeu o delegado e sua equipe, o que seria confirmado por testemunhas

Entretanto, o médico é cadastrado e atua pelo programa do governo federal ‘Mais Médicos', que autoriza atendimentos nesse tipo de situação, desde que executados em postos de saúde. Ou seja: o médico estava dentro da regra de atuação.

A prefeitura por sua vez explicou que a situação do médico é regular, pois ele se formou no Paraguai e não precisa do cadastro brasileiro para atuar no posto de saúde.

Ainda segundo a secretária, ele atende em Cavalcante desde novembro de 2016, e teria seu contrato com o programa encerrado em 19 de novembro deste ano.

O médico passou por audiência de custódia e após ser solto, na última sexta-feira, Fábio Marlon contou que não se arrependeu de sua atitude: “Todos têm que ser iguais. Temos protocolos e temos que cumprir isso, independente do cargo”, desabafou o profissional.

Ele ainda acrescentou que não é por uma pessoa ter "cargo superior" que irá passar à frente dos demais pacientes. “Se esse é o preço para eu pagar, então que me prenda novamente, porque toda vez que acontecer isso eu vou fazer a mesma coisa. Não me arrependo de nada”, finalizou.

domingo, 30 de janeiro de 2022

SEGREDOS DO SAARA

 Segredos da antiga civilização do Saara perdida

O Saara é o maior deserto do mundo. Com 3-1 / 2 milhões de milhas quadradas, o Saara é tão grande quanto os Estados Unidos e cobre um terço do continente africano.

Com temperaturas atingindo 135 graus e umidade de 2%, pode ser difícil imaginar que este lugar já foi um paraíso verde.

No entanto, o Saara, que é um dos lugares mais quentes e secos da Terra, há apenas 10.000 anos era um lugar maravilhoso para se viver.

O Saara Verde era uma savana exuberante repleta de vida selvagem, grama, árvores e lagos cheios de peixes.

A região foi habitada pela antiga civilização perdida do Saara.


Por cerca de cinco milênios, as pessoas prosperaram aqui, pescando, caçando, pastoreando o gado, colhendo grãos, fazendo cerâmica e joias. Então acabou tudo …

O Saara Já Foi Verde

Cerca de 8.000 a 10.000 anos atrás, ocorreu uma grande mudança climática . Foi causado por uma variação no ângulo de inclinação da Terra e na forma de sua órbita.

De acordo com o cientista climático Gavin Schmidt, do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, cerca de 8.000 anos atrás, a órbita da Terra era um pouco diferente de como é hoje.

A inclinação mudou de cerca de 24,1 graus para os atuais 23,5 graus. Mudanças na inclinação da Terra causam mudanças nos padrões climáticos. Acredita-se que tal mudança tenha feito o “Saara Verde” secar.

As chuvas pararam virtualmente. As pessoas foram forçadas a deixar seu paraíso e migrar para o leste, para o vale do Nilo. Os novos assentamentos deram origem à civilização egípcia e às dinastias dos faraós.

Escondidos sob a areia do Saara estão os vestígios da civilização que outrora ocupou esta terra. Os arqueólogos começaram recentemente a descobrir pistas para este mundo maravilhoso perdido.

Em mais de uma centena de locais, os cientistas desenterraram amostras geológicas, ossos de animais, ferramentas e arte rupestre fascinante que deu uma imagem dramática e colorida de como era a vida no Saara Verde.

Se viajarmos para as alturas do Tassili N’Ajjer no sudeste da Líbia, o Hoggar e o Ar, ainda é possível ver árvores como ciprestes e oliveiras.

Eles conseguiram sobreviver, embora sejam incapazes de se reproduzir. Muitos deles têm pelo menos 4.000 anos. Raízes que se estendem por 25 pés no solo os mantêm abastecidos de água.

Antes de o Saara se transformar em deserto, havia também árvores como freixo, cedro, carvalho, nogueira, murta e limão na região.

Os camelos eram desconhecidos da antiga civilização do Saara Perdido

Os camelos estão hoje associados ao Saara, mas o animal era desconhecido pela antiga civilização que viveu aqui há 10.000 anos. Os camelos não apareceram nesta região até por volta da época de Cristo.

Os camelos eram desconhecidos da antiga civilização que viveu aqui há 10.000 anos.

 

 

Vários fósseis de dinossauros foram descobertos nesta área. Bestas gigantes como Ouranosaurus, Afrovenator, Jobaria e várias outras espécies diferentes que ocuparam esta região na antiguidade.

Outros animais que viveram aqui foram os répteis e roedores. Ambas as espécies são facilmente adaptáveis ​​ao intenso calor do deserto. Ao se esconder 60 centímetros abaixo da superfície, eles podem encontrar um ambiente de temperatura tolerável.

Além disso, os répteis são capazes de viver sem beber, pois seu sistema digestivo quebra as plantas secas para fabricar água.

Um animal frequentemente visto aqui era o jerboa, conhecido como rato do deserto. Além de escavações enérgicas, o jerboa também conseguia pular nas patas traseiras, como se fosse um canguru, movendo-se rapidamente sobre a superfície.

A lebre também foi encontrada com frequência na região. Por ser um bom funil, pode mover-se rapidamente e evitar queimaduras. Com base em uma grande quantidade de ossos descobertos, é evidente que os crocodilos controlavam os muitos rios que já não existem mais.

Arte rupestre antiga revela os segredos da civilização do Saara perdido

É possível aprender muito sobre a civilização perdida com a incrível arte rupestre do Saara, que retrata milhares de anos de história esquecida.

A arte rupestre pré-histórica no Saara é, em muitos aspectos, mais detalhada do que as pinturas rupestres conhecidas na França e na Espanha.

A maior coleção do mundo de pinturas rupestres fascinantes foi descoberta pela primeira vez pelo homem moderno em 1842.

Arte rupestre pré-histórica de Tassili N’Ajjer.

 

 

Heinrich Barth, um explorador alemão passou cinco anos na região examinando milhares de pinturas pré-históricas.

Essas representações antigas foram encontradas em uma área que abrange desde Timbuktu, no oeste, até o Chade, no leste.

Em grandes cavernas dentro de Tassilli N’Ajjer, no sudeste da Líbia, Barth descobriu milhares de pinturas e gravuras. Muitos deles eram enormes, alguns tinham até metros de altura.

 

As pinturas mostram claramente como as pessoas da região desfrutaram deste paraíso pré-deserto. Podemos ver cenas da antiga vida diária. Os homens geralmente são retratados em cenas de caça. Mulheres são vistas penteando o cabelo ou dançando em círculos.

Existem muitas representações de animais comuns na região neste momento. Entre eles, encontramos elefantes, rinocerontes, leões, avestruzes, girafas, hipopótamos, búfalos e antílopes.

As representações de casas revelam que as pessoas viviam em cabanas hemisféricas de grama. Vários objetos de cerâmica também são representados em várias pinturas.

As pessoas cultivavam gado. Existem muitas representações de bezerros, cabras, ovelhas e porcos. Os cães domésticos também aparecem. A pesca também era uma atividade muito comum.

Existem muitos segredos antigos enterrados sob a areia do Saara. Os cientistas suspeitam que haja grandes quantidades de água sob a areia. Provavelmente também existem vestígios antigos de cidades escondidas sob a areia.

 

Fonte : ancientpages

TURISTA FICOU COM MEDO

 Turista tem dinheiro ‘levado’ no Farol da Barra por ambulantes: "Fiquei com medo"


Turista precisou correr para não ser abordado pelos ambulantes da Barra


Se as abordagens dos ambulantes com os soteropolitanos nos pontos turísticos em Salvador já assusta, imagina para os turistas? Esse foi o caso de Cadu Pacheco, que relatou suas peripécias em terras baianas.

Turistando no Farol da Barra, o rapaz comentou em um vídeo no TikTok que os ambulantes pintaram o braço dele e ainda colocaram um colar no pescoço cobrando quase R$ 100.

“Já pintaram o meu braço. (...) Me cobraram nisso R$ 25 porque eu chorei, porque iriam cobrar R$ 50 na pintura, sendo que eu não pedi e ninguém me falou que era esse preço”, disse. 

Ele ainda colocou na legenda que uma ambulante acabou vendendo três colares artesanais por um valor exorbitante. “Cobraram R$ 100 nos três colares que eu não queria, dei os R$ 94 que tinha e corri”.

“Eu fiquei com medo real e saí comprando tudo e gastei quase R$ 100. (...)  Eu tenho um ódio que eu tenho uma cara de otário que as pessoas olham a distância e pensam assim ‘vou tirar todo o dinheiro dele’, e tiraram”.

MARCELO SÁ

 Morre produtor cultural Marcelo Sá, aos 57, responsável pelo Circuito Sala de Arte

De acordo com a sua sócia Suzana Argolo, ainda não se sabe o motivo do óbito




O ator e produtor cultural Marcelo Sá, responsável pelo Circuito Sala de Arte de cinema, teve a morte confirmada neste domingo (30), em Salvador. De acordo com a sua sócia Suzana Argolo, ainda não se sabe o motivo do óbito. Marcelo tinha 57 anos.

"Falamos com ele pela última vez na sexta (28). Ficamos procurando ele, não conseguíamos falar. E hoje entramos na casa que ele estava, e o achamos", conta a sócia da Saladearte, emocionada. 

"Não se sabe ainda o que foi. Provavelmente foi alguma coisa súbita. Um AVC, algo assim, ainda vai ter tudo pra ver o que é. Estamos nos trâmites de levar para a polícia", diz. 

COR E CLASSE SOCIAL

 


COM AÇUCAR, COM AFETO

BASTA DE PATRULHAMENTO!






sábado, 29 de janeiro de 2022

POR TODA ETERNIDADE

Porto Alegre, 1983


O Hotel Majestic colocou Mário Quintana no olho da rua.
A miséria havia chegado absoluta ao universo do poeta.
Mário não se casou e não tinha filhos.
Estava só, falido, desesperançoso e sem ter para onde ir.
O porteiro do hotel, jogou na calçada um agasalho de Mário, que tinha ficado no quarto, e disse com frieza: - Toma, velho!
Derrotado, recitou ao porteiro: - A poesia não se entrega a quem a define.
Mário estava só.
Absolutamente só.
Onde estavam os passarinhos?
A sarjeta aguardava o ancião. Alguém como Mário Quintana jogado à própria sorte!
Paulo Roberto Falcão, que jogava na Roma, à época, estava de férias em sua cidade natal e soube do acontecido.
Imediatamente se dirigiu ao hotel e observou aquela cena absurda. Triste, Mário chorava.
O craque estacionou seu carro, caminhou até o poeta e indagou: - Sr. Quintana, o que está acontecendo?
Mário ergueu os olhos e enxugou as lágrimas - daquelas que insistem em povoar os olhos dos poetas - e, reconhecendo o craque, lhe disse: - Quisera não fossem lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha mãe e fosse engenheiro, médico, professor. Ninguém vive de comer poesia.
Mário explicou a Falcão que todo seu dinheiro acabara, que tudo o que possuía não era suficiente para pagar sequer uma diária do hotel.
Seus bens se resumiam apenas às malas depositadas na calçada.
De súbito, Falcão colocou a bagagem em seu carro, no mais completo silêncio.
E, em silencio, abriu a porta para Mario e o convidou a sentar-se no banco do carona.
Manobrou e estacionou na garagem de um outro hotel, o pomposo Royal.
Desceu as malas.
Chamou o gerente e lhe disse: - O Sr. Quintana agora é meu hóspede!
Por quanto tempo, Sr. Falcão? - indagou o funcionário.
O jogador observou o olhar tímido e surpreso do poeta e, enquanto o abraçava, comovido, respondeu: - POR TODA ETERNIDADE.
O Hotel Royal pertencia ao jogador!
O poeta faleceu em 1994.
Por isso sou fã desse ex jogador!!

POR TODA ETERNIDADE.

MAS QUE NADA

ALGUÉM SABE QUEM É ESTA (EXCELENTE) CANTORA?

TRISTE

UMA COLEÇÃO BILIONÁRIA DE ARTE

A FANTÁSTICA HISTÓRIA DOS RUSSOS POR TRÁS DE UMA COLEÇÃO BILIONÁRIA DE ARTE




UM SONHO A DOIS

ATRAS DA PORTA

CADEIRA VAZIA

KAFKA E A BONECA

 

"Aos 40 anos, Franz Kafka, que nunca se casou e não teve filhos, estava passeando em um parque de Berlim quando conheceu uma menina que chorava porque havia perdido sua boneca favorita. A menina e Kafka procuraram a boneca sem sucesso. Kafka propôs que eles se encontrassem novamente no dia seguinte, para voltarem a procurá-la juntos.

No dia seguinte, ainda sem ter encontrado a boneca, Kafka entregou à menina uma carta "escrita" pela boneca que dizia: "Por favor, não chore. Fiz uma viagem para conhecer o mundo. Vou te escrever sobre minhas aventuras."
Assim começou uma história que continuou até o fim da vida de Kafka. Durante os encontros, Kafka lia as cartas cuidadosamente escritas da boneca com aventuras e conversas que a menina achava adoráveis.
Por fim, Kafka trouxe de volta a boneca que "havia retornado" a Berlim. (Kafka comprou uma)
"Não se parece nada com a minha boneca", disse a menina. Kafka então lhe entregou outra carta na qual a boneca escrevia: "minhas viagens me mudaram". A menina abraçou a nova boneca e a levou para casa feliz.
No ano seguinte, Kafka morreu.
Muitos anos depois, a criança, agora adulta, encontrou uma mensagem dentro da boneca. Na pequena carta assinada por Kafka estava escrito: 'tudo o que você ama provavelmente se perderá, mas eventualmente o amor retornará de outra maneira.'
['Kafka e a boneca viajante', de Jordi Sierra I Fabra]"

PESQUISA

 


sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

A BOLSA DO IMPERADOR

 

A FILHA DO ASTRÓLOGO

 MULTAS E BRIGAS NA HERANÇA DE OLAVO

Rompida com o pai e os irmãos, filha mais velha do guru bolsonarista quer revelar o faturamento e os financiadores da máquina olavista

João Batista Jr.


Heloísa de Carvalho, de 52 anos, estava em sua casa em Atibaia (SP) na madrugada de terça-feira (25) quando acordou com o ronco de sua cachorra, Nina, uma mestiça de pastor branco com vira-lata. Carvalho havia se deitado depois de assistir à novela das nove da TV Globo, Um Lugar ao Sol. Em recuperação por ter realizado recentemente uma cirurgia na perna, ela vem passando mais tempo do que gostaria na cama. Tendo despertado, pegou o celular para zapear as redes sociais e se deparou com vários de seus seguidores perguntando se procedia o rumor de que Olavo de Carvalho havia morrido. Eram quase duas horas da manhã. Heloísa, que não sabia de nada, foi atrás de perfis de seguidores próximos de seu pai e viu que alguns deles lamentavam a morte do escritor e ex-astrólogo. Uma nota oficial publicada no perfil de Olavo dissipou qualquer dúvida.

Confirmada a notícia da morte, Heloísa não ficou triste nem feliz. Em sua conta no Twitter, onde soma 35,6 mil seguidores, foi sucinta: “No dia q o Olavo postou q não tinha 1 morte por covid, perdi uma querida amiga, q era viúva e deixou 3 crianças c/ menos de 10 anos órfãs, Olavo morreu de covid, não tem como eu sentir grande tristeza pela morte dele, mas também não estou feliz. Sendo sincera comigo e meus sentimentos.” Em hipótese alguma Heloísa, a mais velha de oito irmãos, usa o termo “pai” para se referir ao guru bolsonarista. 

Ela e Olavo estavam rompidos desde que a extrema direita se fortaleceu no Brasil e as fakes news se tornaram uma estratégia organizada de massacre de reputações. Nos últimos anos, a relação entre pai e filha foi marcada por ataques mútuos nas redes sociais e na esfera jurídica. Heloísa conta que, em 2017, Olavo prestou uma queixa-crime no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em São Paulo. Ele relatou aos policiais que a filha era chefe de uma organização criminosa apoiada por partidos de esquerda cujo objetivo era minar a reputação dele no Facebook e no Twitter. Heloísa chegou a prestar depoimento em delegacia, mas o caso foi arquivado por falta de provas.

No mesmo ano, o guru bolsonarista processou Heloísa por calúnia e difamação depois que ela escreveu uma carta aberta contando, entre outras coisas, que seu pai certa vez ameaçou os filhos com uma arma e culpou uma de suas filhas, ainda criança, por ter sido violentada por um parente próximo. A filha, no caso, era a própria Heloísa. Sem ter provas a apresentar, mas afirmando que tudo de fato aconteceu, ela sabia dos riscos que correria se o processo fosse adiante. Pai e filha, então, assinaram um acordo judicial: ela deletou seu perfil no Facebook, ele encerrou o litígio. “Tanto a queixa-crime quanto a ação por calúnia tinham um único objetivo: tornar a mim, a filha de esquerda, indigna de seu pai – e com isso me afastar de uma eventual partilha de bens”, disse Heloísa em entrevista à piauí por videochamada. Isso, porém, não aconteceu. Heloísa faz parte do espólio de Olavo.

E agora vai começar outra batalha.

 

Olavo de Carvalho teve oito filhos: Heloísa, Luiz, Tales e Davi, do casamento com Eugênia Maria de Carvalho; Maria Inês e Percival, do relacionamento com Silvana de Barros Panzoldo; e Leilah e Pedro, frutos da união com Roxane Andrade de Souza Carvalho. Olavo e Roxane se casaram em 2005, e desde então viviam juntos nos Estados Unidos.

Caso Olavo e Roxane tenham firmado um regime de comunhão parcial de bens, a viúva se tornará meeira do patrimônio – ou seja, 50% de todos os bens amealhados durante a relação pertencerão a ela. Metade da parte de Olavo automaticamente será distribuída entre todos os seus filhos – isto é, 25% do total de bens. Já a outra metade pertencente a Olavo (os 25% restantes) pode ter sido designada para quem ele bem entendesse. Essa divisão só será confirmada quando o inventário for aberto. O que se sabe é que Olavo deixou um testamento pronto (anos atrás ele registrou esse fato no Facebook).

A abertura do processo de inventário, em geral feita até trinta dias após a morte, é tudo o que Heloísa de Carvalho almejava. Não pelo dinheiro, mas pelo acesso a informações. “O Olavo passou a vida se fazendo de pobre coitado, sem ser transparente sobre suas fontes de renda. Agora, como sou parte do espólio, terei acesso aos dados das contas bancárias, os honorários com as vendas de livros e, quem sabe, poderei descobrir se empresários financiavam a máquina de ódio e fake news do guru bolsonarista”, afirma a primogênita. Caso não conste nada em nome do pai, Heloísa deve pedir a quebra de sigilo bancário de Roxane e da irmã Leilah. “Já tenho falado com três advogados para ficar bem instruída.”

Se há muitas dúvidas sobre o real patrimônio de Olavo de Carvalho, há algumas certezas sobre os passivos jurídicos. Em outubro de 2021, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro reconheceu a necessidade de retomada da penhora de bens que estava suspensa em virtude de dois recursos apresentados pela defesa de Olavo. Não cabe novo recurso. Os advogados de Caetano Veloso, que processou o escritor em 2017, já deram entrada com o pedido de execução da dívida de 2,9 milhões de reais. Esse valor vultoso é fruto de uma multa que Olavo recebeu por não ter acatado a decisão judicial de deletar postagens em que acusava Veloso de pedofilia. A acusação, publicada nas redes sociais naquele ano, se refere ao fato de que o cantor começou um relacionamento com Paula Lavigne quando ela era menor de idade. O casal está junto há mais de três décadas e tem dois filhos.

Olavo manteve no ar as publicações ofensivas e caluniosas durante 281 dias. Daí o valor alto da multa. “Em um momento inicial, Olavo não foi orientado a apagar as postagens. Depois ele deletou algumas, mas outras permaneceram. Se tivesse removido tudo, não haveria multa. Era uma questão que poderia ter sido evitada”, explica Fernando Malheiros Filho, advogado criminalista de Porto Alegre que assumiu a defesa de Olavo em 2019. Malheiros Filho entrou para o caso a convite dos amigos e advogados Daniel Saldanha e Rodrigo do Canto. Tanto Saldanha quanto Canto foram alunos do guru bolsonarista. Malheiros Filho não foi aluno, mas comunga de muitos pensamentos de Olavo: escolheu não se vacinar contra o coronavírus e promete votar em Bolsonaro nas eleições deste ano.

Com a morte de Olavo, a multa milionária decorrente do processo de Caetano Veloso ficará sob responsabilidade do espólio. Se as dívidas forem maiores do que a própria herança, os herdeiros não terão direito a um tostão – tudo será utilizado para liquidar as pendências. De todo modo, caso o escritor não tenha deixado bens suficientes para arcar com 100% do passivo judicial, o que sobrar da dívida não será transferido aos filhos – será extinto.

Fora a multa de Caetano Veloso, a família de Olavo poderá herdar outros processos com valores menores. Jean Wyllys, por exemplo, conseguiu uma indenização por danos morais de 25 mil reais numa decisão de primeira instância. Isso porque Olavo, sem qualquer prova, associou o ex-deputado federal ao atentado realizado por Adélio Bispo contra o então candidato Jair Bolsonaro, em 2018. O ex-astrólogo recorreu. “Agora essa apelação aguarda julgamento”, diz o advogado João Tancredo, que representa Willys.

Toda a briga e troca de farpas nas trincheiras virtuais deram visibilidade nacional para Heloísa de Carvalho. Ela se filiou ao PT no ano passado, mas não sabe se irá se candidatar a algum cargo nas eleições de outubro.