Como passar dois dias perfeitos em Lisboa
Dois dias plenos na capital portuguesa, cheios de sabor, deslumbre e cultura!
Por Rachel Verano
Algumas coisas não mudam nunca – e ainda bem. O céu de Lisboa. A luz de Lisboa. As suaves e poéticas colinas de Lisboa. O resto está sempre mudando –e ficando melhor ainda.
Primeiro, a cidade recuperou a sua beira-rio com o fim das intermináveis obras do metrô nos arredores da Praça do Comércio. Depois veio a revitalização do Cais do Sodré, onde hoje estão concentrados alguns dos melhores bares e cafés. Agora é a vez de ver surgir novas galerias, novos museus, novos restaurantes e uma onda de premiações e comemorações: Lisboa é a Capital da Cultura Ibero-Americana de 2017 e, em janeiro, foi eleita a melhor cidade no prêmio Design Awards 2017, da revista Wallpaper.
Um novo terminal marítimo deve ser inaugurado ainda no primeiro semestre, duplicando a capacidade de cruzeiristas na cidade. Antes de cair na estrada, deixe-se guiar pelo nosso roteiro, que contempla as grandes novidades – e também os clássicos, porque ninguém sabe ser tão vintage como Lisboa.
Dia 1: ontem, hoje e um bocadinho de amanhã
O Maat trouxe um sopro de futurismo ao Tejo… (Sofia Pereira/stockphotosart.com/iStock)
Não importa onde esteja hospedado. O percurso até o novíssimo Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, o Maat (€ 5), vai sempre parecer uma viagem no tempo – no caso, o futuro. Grande novidade dos últimos meses, já apontado como uma das obras mais emblemáticas da Europa hoje, ele levou à beira do Tejo as linhas ousadas e futuristas da arquiteta inglesa Amanda Levete.
A escultura prateada, que lembra uma duna, se une com suavidade a um edifício da primeira metade do século 20 e abriga exposições. Vale a pena subir ao topo e ver a vida no rio passar sem pressa antes de atravessar a avenida de trás rumo a outra bela novidade: o novo Museu Nacional dos Coches (€ 6), a pouco mais de cinco minutos de caminhada.
Dono do acervo mais visitado do país, ele foi transferido de um antigo picadeiro para esse espaço maior, que revela mais detalhes da vida sobre quatro rodas da monarquia, antes da invenção dos carros, através de incrementadas charretes, que vão do século 16 ao início do 20.
Na saída, pegue a Rua de Belém, paralela à do museu (não sem antes atravessar o belo Jardim de Belém), e reabasteça as energias com os legítimos pastéis de belém. Mais adiante, chegue ao incontornável Mosteiro dos Jerónimos, (€ 10), fundado em 1496, onde eram rezadas as missas que antecediam as partidas das naus para aventuras pelo Atlântico.
Depois de deixar o queixo cair com a grandiosidade da construção e ver de pertinho os túmulos de Vasco da Gama, Camões, Fernando Pessoa e dos reis D. Manuel I e D. Sebastião, é hora de passear pelos jardins da Praça do Império, bem em frente. Malucos por museus podem encarar mais um e conferir as obras de Francis Bacon, Deschamps, Basquiat, Magritte e Roy Lichtenstein, da Coleção Berardo, no CCB.
Para quem achar too much para um dia só, a pedida é atravessar a avenida novamente e ver de pertinho o Padrão dos Descobrimentos, uma escultura enorme erguida em homenagem aos grandes navegadores, com destaque para a figura de 9 metros de altura do infante D. Henrique, na frente.
O que é mais fotogênico: o Padrão dos Descobrimentos, a Ponte 25 de Abril ou o céu de Lisboa? (Neil Farrin/Robert Harding/Getty Images)
O manuelino Mosteiro dos Jerónimos (Jarnogz/Divulgação)
Seguindo pela margem do rio rumo à direita tem-se um belo point para fotos que pega a Ponte 25 de Abril ao fundo, antes de chegar ao vizinho Altis Belém Hotel & Spa, na Doca do Bom Sucesso, parada ideal para um almoço debruçado sobre as águas do Tejo.
Ali as delícias ficam a cargo do chef João Rodrigues e são servidas em dois ambientes: o restaurante Feitoria, dono de uma estrela no Michelin e recém-eleito como o melhor restaurante do país, onde a sugestão são os menus degustação com belas releituras de clássicos portugueses; e a Cafetaria Mensagem, perfeita para refeições mais despretensiosas e rápidas.
Deixe o cafezinho para daqui a pouco, em outro endereço especial. Dê a volta na marina e, logo ao lado, depois de vencer os jardins, ela vai despontar de repente: a Torre de Belém (€ 4), uma joia da arquitetura manuelina do século 16. A melhor maneira de apreciar a bela vista? Sentado numa das estratégicas cadeiras do Wine with a View, uma motocicleta transformada em bar onde você pode curtir o visual com uma tacinha de vinho do Porto na mão – mas também pode ser branco, tinto, uma ginjinha…
A Torre de Belém fica ainda mais festiva com um vinho nas ideias (Email Wallace/iStock)
O percurso por Belém termina com chave de ouro no Darwin’s Café, mais cinco minutinhos adiante. Se o dia estiver desses impecáveis como só em Lisboa, o expresso pode ser servido nas espreguiçadeiras de frente para o rio.
A essa altura já deve ser fim do dia – hora de rumar para o Chiado. Um Uber até lá vai custar, no máximo, 10 euros. O destino é outra bela novidade, o Topo, nos Terraços do Carmo, um mix de esplanada, bar e restaurante que ocupa três andares junto às ruínas do Convento do Carmo e descortina vistas impressionantes da região, especialmente a do Elevador de Santa Justa. É o endereço ideal para um bom gim-tônica antes do jantar, ali pertinho.
Meros 500 metros o separam do mais novo e concorrido empreendimento do onipresente chef José Avillez. O Bairro do Avillez, na Rua Nova da Trindade, reúne uma mercearia de produtos tipicamente portugueses e dois ambientes distintos: a Taberna, com clima de bar, onde o ideal é pedir queijos, embutidos e os chamados pequenos pratos, caso do bacalhau com broa e do polvo com batatinhas; e o Pateo, de ambiente mais formal, ao fundo, especializado em peixes e frutos do mar. O mil-folhas de pastel de nata, uma desconstrução da mais famosa sobremesa portuguesa, é garantia de doces sonhos.
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