Estrada das Boiadas e a Estrada de Rodagem Bahia - Feira de Santana no contexto da Independência da Bahia. Pesquisa documental pelo historiador, Diego Kopke +55 71 99396-5422 (WhatsApp)
Utilizando-se de uma extensão da Estrada das Boiadas, no início do século XX, tem inicio a construção da rodovia Salvador - Feira de Santana, também denominada de estrada de rodagem Bahia - Feira, a primeira rodovia instalada para o tráfego de automóveis na Bahia.
Um relatório do governo do estado da Bahia, declarava que a execução do plano de construção da Estrada de Rodagem Salvador - Feira de Santana, fora contratado em 25 de janeiro de 1917, para ser realizado pela Firma Lafayette Pereira e Companhia, e fora transferido em 07 de outubro de 1920, para Raul Drumond Pereira, estas obras ficaram paradas até o inicio do ano de 1923, neste mesmo ano através da assinatura de um termo de compromisso Raul Drumond se comprometeu a concluir parte da estrada entre Salvador e “Camassary”, finalizando as obras do Rio “Camassary” até a ponte do Rio Sucuricanga, afluente do Rio Joanes em Lamarão de Passé.
O primeiro plano de Estrada de Rodagem do Estado da Bahia foi apresentado pelo então governador Antônio Muniz Ferraz de Aragão, em 17 de junho de 1917, mas sua origem é reportada a 31 de agosto de 1917, quando se deu a publicação da lei de nº 1.227, que estabelecia normas e condições para o desenvolvimento da malha rodoviária no estado. O trecho da estrada de rodagem que passava pelo município de Camaçari foi inaugurado no dia 05 de julho de 1923.
Em 1925, o Governo do Estado da Bahia, declarava que para construir a Estrada de Rodagem Salvador - Feira de Santana, "se trabalhou por cima da velha Estrada das Boiadas acompanhando todas as suas curvas e rampas até vinte por cento e com perfil longitudinal que a mesma permitira, dando-se ao reformado caminho a largura de seis metros.” Dois anos mais tarde, um novo relatório referente à estrada, acrescentava que haviam sido feitas substituições de muitas peças nas pontes de madeira sobre os Rios Joanes, Camassary e Sucuricanga.
A estrada de Rodagem Salvador - Feira de Santana começava em Pirajá, seguindo por Valéria, Água Comprida (atual município de Simões Filho), Camaçari, Lamarão de Passé, São Sebastião do Passé, Rio Jacuípe, Usina Aliança, Lapa (atual município de Amélia Rodrigues), Tanque Senzala, finalizando em Feira de Santana. Embora fosse conhecida como estrada de “primeira classe” era uma “estrada de chão”, fabricada com areia e argila comprimidas, com extensão de 144,7 quilômetros.
Esta mesma estrada está inserida no contexto histórico da Independência da Bahia e todos os anos o fogo simbólico das comemorações do dia 2 de Julho é levado à Igreja de São Bartolomeu de Pirajá, na cidade do Salvador, onde estão os restos mortais do general Pierre Labatut. Com saída do Fogo Simbólico do Recôncavo baiano da cidade de Cachoeira uma das referências nas lutas para independência, passando pelas cidades de Saubara, Santo Amaro da Purificação, São Francisco do Conde, Candeias e Simões Filho, ficando de fora o município de Camaçari.
Em obras poéticas, Ladislau dos Santos Titara, militar que participou das ações de combate e autor da letra do Hino ao 2 de julho, nos traz curiosas informações a respeito da atuação dos soldados do regimento de linha que sob as ordens do 1º Sargento Manoel Alves do Nascimento se apresentaram na Feira de Capuame ao comandante das forças da Torre e Pirajá, Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque que através do sítio do Capuame organizou regimentos denominados de Batalhões da Torre para fazer frente aos portugueses.
Devido ao sucesso de sua atuação Pires de Carvalho foi nobilitado com o titulo de Barão e Visconde de Pirajá. Em sua epopéia Ladislau dos Santos Titara além de descrever os feitos militares em Abrantes menciona os rios Joanes, Jacuípe, Camaçari e Piaçaveira dentre outros da região. Sua obra é um importante testemunho da atuação de Vila de Abrantes, do então povoado de “Camassary” e da Feira de Capuame.
O trecho remanescente da “Estrada Real das Boiadas” que passa pelo município de Camaçari foi uma via de acesso das tropas que no dia 2 de julho de 1823 seguiram vitoriosas com destino a capital.
O exato trecho da estrada que nos referimos passa pelo atual município de Dias d’Ávila seguindo pela via perimetral do Complexo Petroquímico de Camaçari até o bairro de Santa Maria também em Camaçari, se estendendo até o atual distrito de Góes Calmon que pertence ao município de Simões Filho, sendo, o remanescente dessa estrada um importante legado histórico que deveria ser inserido no contexto da passagem do fogo simbólico nas comemorações da Independência da Bahia e reconhecido como patrimônio material e imaterial dos municípios de Camaçari e Dias d’Ávila.
Ladislau dos Santos Titara, nasceu em 24 de maio de 1801, em Capuame, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 18 de março de 1861. Após as Lutas da Independência na Bahia renunciou o nome de batismo por ser de origem portuguesa. Ladislau do Espírito Santo Melo passou a ser conhecido como Ladislau dos Santos Titara.
A publicação do livro: Do Joanes ao Jacuípe. Uma História de Muitas Querelas, Tensões e Disputas Locais. Tem como objetivo trazer a luz à relevância histórica da Cidade de Camaçari e o que ela representou no processo de formação do Brasil Colonial. A história do Aldeamento do Espírito Santo, suscita uma emblemática discussão relacionada ao marco de nascimento de Camaçari, pois este município está completando 460 anos de fundação.
A publicação do livro: Do Joanes ao Jacuípe. Uma História de Muitas Querelas, Tensões e Disputas Locais. Tem como objetivo trazer a luz à relevância histórica da Cidade de Camaçari e o que ela representou no processo de formação do Brasil Colonial. A história do Aldeamento do Espírito Santo, suscita uma emblemática discussão relacionada ao marco de nascimento de Camaçari, pois este município está completando 460 anos de fundação.
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