segunda-feira, 26 de junho de 2017

GILMAR MENDES DENUNCIADO

Gilmar Mendes, alvo de denúncia, enfrenta pedido de impeachment

Acaba de desembarcar no Supremo Tribunal Federal um novo pedido de impedimento do ministro Gilmar Mendes


O protocolo do Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu, nesta quarta-feira, um novo pedido de impedimento ao ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (STF). Signatários do documento, os professores de direito da Universidade Federal de Brasília (UnB), entre eles o ex-conselheiro do CNJ Marcelo Neves, contestam a “atual conduta” do magistrado.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, é alvo de pedidos de impedimento na Corte Suprema
Em 61 páginas, os catedráticos apresentam acusações diretas a Mendes. O acusam de participar de julgamentos na Corte, mesmo quando é suspeito ou em condição de impedimento. Principalmente, por vínculos de amizade com os suspeitos citados no processo. Os professores também o acusam de exercer atividade político-partidária.
Apontam, ainda, a atitude desidiosa do magistrado, de reter um processo indevidamente. Citam a lei que proibia o financiamento empresarial de campanhas, atrasada por 17 meses. Mesmo depois de a maioria dos ministros haver definido o resultado do julgamento. Não bastasse, criticam a linguagem incompatível com o cargo, ao xingar partidos, políticos, colegas, juízes e cidadãos.

Denúncia

Ao pedido de impeachment, pesa ainda a denúncia veiculada em um dos diários conservadores paulistanos, nesta quarta-feira. Segundo o jornal, “o grupo J&F, que controla a JBS, gastou nos últimos dois anos R$ 2,1 milhões em patrocínio de eventos do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), que tem como sócio o ministro Gilmar Mendes”.
Ainda de acordo com a publicação, em resposta à denúncia, o instituto comprova a denúncia e diz “que devolveu R$ 650 mil deste total no dia 29 de maio, após a revelação do acordo de delação premiada de executivos da empresa”.
“O IDP diz que, em razão de uma cláusula contratual relacionada à conduta ética e moral por parte do patrocinador, rescindiu um contrato assinado em 11 de junho de 2015 com o grupo. Segundo a faculdade, os recursos foram destinados a cinco eventos, ‘além do suporte a um grupo de estudos em Direito do Trabalho, da concessão de bolsas de estudo para estudantes carentes e egressos do sistema prisional, cursos gratuitos para a comunidade”, acrescentou.
Em nota, a JBS afirma que pagou R$ 1,45 milhão ao IDP desde 2015. Mas não mencionou a devolução de R$ 650 mil.

Joesley e Temer

Ainda no âmbito da delação premiada de Joesley Batista, dono da JBS; além de citar o contrato milionário, rebateu as críticas do presidente de facto, Michel Temer. Batista está no Brasil desde domingo e disse a jornalistas que havia saído do país para “proteger a integridade da sua família”.
O empresário voltou ao país para depoimentos e em virtude de assuntos pessoais. Joesley e o diretor da J&F, holding do Grupo JBS, Ricardo Saud falaram ao procurador da República Ivan Marx. Responderam aos questionamentos em investigação sobre supostos repasses da empresa ao PT e citaram o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
O dinheiro teria sido desviado de contratos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de fundos de pensão. Os recursos teriam irrigado as campanhas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em contas no exterior, segundo os empresários apontaram em delação premiada. O PT nega as acusações.

Quinta Avenida

Na condição de delator, Batista perdeu o direito de ficar calado e precisará depor sempre que convocado. Em nota divulgada pela manhã, o empresário disse que seus familiares sofreram “reiteradas ameaças”. O fato ocorre desde a divulgação do teor da delação premiada desde o encontro com o presidente de facto, Michel Temer.
“Joesley Batista estava na China – e não passeando na Quinta Avenida, em Nova York, ao contrário do que chegou a ser noticiado e caluniosamente dito até pelo presidente da República. Não revelou seu destino por razões de segurança. Viajou com autorização da Justiça brasileira”, diz a nota.
“Joesley é cidadão brasileiro, mora no Brasil, paga impostos no Brasil e cria seus filhos no Brasil. Está pessoalmente à disposição do Ministério Público e da Justiça brasileiros para colaborar de forma irrestrita no combate à corrupção”, acrescenta.

Jatinho suspeito

Em seu novo depoimento, Joesley deverá desmentir Michel Temer. O empresário sustenta que Temer usou o jatinho para viajar a Comandatuba, na Bahia. O voo ocorreu em 2011 e o então vice-presidente sabia que o avião pertencia à JBS.
Ainda segundo o comunicado, o empresário esteve na segunda-feira em reuniões em Brasília. Nesta terça-feira, ele participou de encontros de trabalho em São Paulo.
O departamento jurídico do grupo J&F tem transferido o máximo possível de documentos à PGR, com dados complementares “à colaboração premiada dos executivos da empresa”, conclui a nota

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