sábado, 16 de novembro de 2019

AH! SE PUDESSE COMPRAR UM AVIÃO!

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Em quantos aviões terei sentado desde minha longínqua adolescência até hoje? Impossível dizer. Em contrapartida, me lembro perfeitamente do voo na Varig que me levou pela primeira vez até Salvador logo após o carnaval do Rio em 1971. A viagem coincidindo com a hora do almoço, inesquecível o filé mignon com gratinado de batatas.  Digno do parisiense La Coupole.
Bons tempos aqueles quando as companhias aéreas competiam em conforto e qualidade de serviço! Hoje somos tratados como gado, apesar dos sorrisos robotizados das aeromoças que assistem às entradas e saídas dos passageiros. E quando chega a bandeja com “aquilo” para comer?... Quem foi de Salvador para Lisboa na noite do 17 de abril deste ano, com certeza não esqueceu a mais abominável, diabólica invenção alimentar daquela viagem. Mas estou exagerando, já que bem pior foi “aquilo” que a mesma companhia ofereceu no dia 30 de maio entre Paris e Lisboa. Observando ao meu redor, notei que absolutamente ninguém tinha ousado tocar “aquilo”. E logo a companhia que representa uma das mais deliciosas culinárias da Europa! Depois de economizar nos secos e molhados, é o próprio espaço nos assentos que nos é atribuído com torturante avareza. Deve haver algum sádico Brilhante Ustra nos bastidores. Foi tudo calculado para anões. A parte inferior de meus 183 centímetros só após mil contorções consegue caber entre o fundo do assento e as costas da poltrona da frente, desde que o ocupante da dita poltrona não resolva, por infelicidade minha, inclinar o encosto. Grito! Lamento não ter nascido com pernas de borracha. Nos anos 50, os portugueses, que sempre tiveram um cáustico senso de humor, afirmavam que as iniciais significavam “Take Another Plane”. A piada continua valendo.
Fala-se a boca fechada que a companhia foi comprada... Ops! Perdão... como o governo lusitano não teria autorizado a venda, está sendo “controlada” por certa companhia brasileira há mais de três anos. Afinal quem é a administração responsável? Quando um casal em lua de mel, após ter comprado as passagens para Lisboa, resolve mudar da classe econômica para a executiva, é informado de que, mesmo pagando uns R$8 mil a mais, ainda terá que pagar uma multa de quase R$2 mil, não é piada de português? O casal desistiu, claro, e gastou a grana nos melhores restaurantes de Lisboa e Porto.
Tem mais: se você comprou passagem em abril para viajar em setembro e um imprevisto lhe obriga a mudar as datas, a dita companhia informará que este pedido deverá ser feito próximo à data do voo comprado. Suponho os computadores da firma serem ainda aqueles mastodontes dos anos 50. E aí, seu Neeleman, vamos desburrocratizar a casa?

Dimitri Ganzelevitch
A Tarde 16/11/2019



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