Gastar ou não gastar com restaurantes quando você viaja, eis
la question. “Segredos de Paris”, a página no Facebook do Tom Pavesi, guia
brasileiro morando em Paris há vinte anos, de repente pegou fogo com a
polêmica.
Alguns consideram que gastar em boas refeições é dinheiro
jeté na sarjeta. Outros esbanjam notas fiscais de famosos endereços onde
farofeiro jamais entrará.
Gente! Nem huit nem oitenta, a não ser, claro que você se hospede
no Plaza-Athénée onde as farras do Sergio Cabral ainda ecoam pelos corredores
do cinq étoiles. Mas de lá a pretender que, como o tutu mineiro de sua tia é
bem superior, prefere entrar de passo firme nos McDo de la vie, a distância é
estratosférica.
Vamos dissecar com délicatesse o assunto? Très simples.
Suponhamos: Você vai a Belém, reduto da cultura dos únicos donos deste Brasil
em chamas. Irá visitar quinze igrejas e vinte museus. Passeará por oito parques
e ao longo dos cais sem esquecer o suntuoso mercado de Ver-o-Peso. Mas, por espírito
de economia, deixará o Pará sem mergulhar por inteiro numa panela de pato no
tucupi? Não repugnará em engolir um hambúrguer com french fries em vez de se
deliciar com uma bela fatia de filhote? Então melhor ficar em casa, porque terá
perdido grande parte de sua viagem.
Viajar não é só percorrer milhas de Renoir e Monet, descer do
Sacré-Coeur para subir na Tour Eiffel ou lamber as vitrines da Avenue Montaigne
onde Chanel, Armani e Dior aguardam os dólares dos nouveaux-riches árabes,
russos e chineses.
Pelo amor de Baco! Comer é o pecado mais capital da vida! Abrir
um cardápio onde os pratos se oferecem como poesia, levar a seus lábios uma
taça de vinho cor de rubi e, antes de pegar no garfo, contemplar o arranjo
elaborado pelo chefe... Um conselho: não abuse do Opium para não brigar com os
cheiros de votre assiette.
Já entendi... Esta viagem foi o sonho de sua vida, muito
ralou e economizou para chegar até aqui e não pode se dar ao luxo de um
Lasserre ou Grand Véfour. Mas isso não é motivo para se precipitar no primeiro
fast-food que encontrar. Adentre esta boulangerie-pâtisserie. Hesitará
prazerosamente entre chaussons e feuilletés, baba-au-rhum e éclair au chocolate.
Além de mais saboroso, sairá mais em conta e sua saúde agradecerá. E que tal experimentar os tesouros de
qualquer feira ou mercado?
Considero-me, pardonnez mon arrogance, um turista
profissional. De Amsterdam a Addis-Abeba, de Lima a Marrakesh, sempre procurei
conhecer a culinária local. É só fechar os olhos e já estou me encantando com a
lembrança do acará de Cotonu, o tamal de Bogotá ou os mezze de Alepo.
Não tenha dúvida: um gigot d´agneau aux haricots com um bom Bordeaux
tinto vale tanto quanto três horas de Louvre.
Penso que a gastronomia em geral depende como você bem disse, da cultura e a história de cada nação.
ResponderExcluirA ARTE da gastronomia de todas partes do mundo pode estar relacionada a uma tradição familiar, a uma religião, ao seu meio social e cultural. Ou seja, uma discussão sem fim, onde sempre haverá polêmicas e poucas soluções. Abraços Dimitri! ��