Governo Bolsonaro boicota título mundial a Paraty
O governo de Jair Bolsonaro boicota a entrega do título de Patrimônio Mundial da UNESCO a Paraty. A região foi declarada como ambiente de proteção das Nações Unidas em 5 de julho, em reunião do conselho da entidade em Baku, no Azerbaijão. A cerimônia de entrega estava inicialmente prevista para ser realizada em 29 de agosto. Mas ela foi cancelada pelo Ministério da Cidadania, que até hoje não deu previsão de uma nova data.
Desde então, o município de Paraty tenta infrutiferamente remarcar, mas não obtém resposta do governo. Um ofício aos órgãos competentes, sugerindo as datas 28 e 29 de novembro, não obteve resposta. Apenas o Iphan se manifestou, informando que agenda dependeria do status dos ministros da Cidadania e do Meio Ambiente e da disponibilidade da Unesco. Os dois primeiros não deram sua posição, mas a Unesco emitiu uma nota.
“Será uma honra para nós a entrega do primeiro título de patrimônio misto a uma cidade brasileira, que também integra a nossa rede mundial de cidades criativas-gastronomia. Estamos aguardando confirmação por parte das autoridades brasileiras para realizar o agendamento”, informou Isabel de Paula, coordenadora de Cultura da Unesco.
A área de proteção das Nações Unidas compreende o Centro Histórico de Paraty e quatro áreas de preservação: o Parque Nacional da Serra da Bocaina, o Parque Estadual da Ilha Grande, a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul e a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu. Desde a Baía de Ilha Grande, são 187 ilhas cobertas de vegetação primária.
A decisão de tombar essas áreas como Patrimônio Mundial se choca com um desejo expresso pelo atual presidente da República, Jair Bolsonaro, que manifestou mais de uma vez a intenção de transformar áreas ambientais de Angra dos Reis em uma “Cancún brasileira”. A região que Bolsonaro cobiça, incluindo Paraty, é considerada área de amortecimento ambiental (responsável por filtrar os impactos negativos das atividades circundantes, como poluição, espécies invasoras e avanço da ocupação humana).
O presidente teria ficado contrariado com a distinção ambiental da área. Ele já se recusara a assinar do Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa, ao cantor Chico Buarque, por questões ideológicas. Chico ficou honrado com a negativa.
Cenário de inúmeros filmes (como Ele, o Boto, de Walter Lima Jr., e A Bela Palomera, de Ruy Guerra), abrigo de festas religiosas magníficas (Festa do Divino, realizada 40 dias após a Páscoa; da padroeira Nossa Senhora dos Remédios; de Santa Rita; de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito), Paraty já foi considerada, pelo jornal The New York Times, um dos 22 lugares mais bonitos do planeta para se visitar. É atualmente um dos cinco mais visitados destinos turísticos do Brasil, em parte por causa de sua espontânea vocação cultural. Abriga a maior feira literária do País, a FLIP (Festa Literária de Paraty).
Luciano Vidal, prefeito de Paraty, está tentando obter uma resposta das autoridades para que a cerimônia enfim ocorra. Ele afirma que “a sociedade de Paraty encontra-se em sua maioria desconfiada sobre o êxito deste título por não haver sua entrega até o momento”
E TAMBÉM: Como Era Gostoso Meu Francês (em Paraty Mirim), Azyllo Muito Louco, A Moreninha, Anchieta (em Paraty Mirim), O Princípio do Prazer, Gabriela, A Floresta das Esmeraldas, O Beijo da Mulher Aranha, O Quinto Macaco, Tiradentes, Harmada, Chico Rei e muitos outros que esqueci. devem ter sido mais de 40 filmes, fora as novelas, mini séries, vídeo clipes e até o final da saga Crepúsculo da TV. O primeiro registro de filmagens que consta na Secretaria de Cultura de Paraty é do filme Estrela da Manhã, de 1948, que teve roteiro do comunista Jorge Amado e contou com Dorival Caymmi e Dulce Bressane. Foi também o primeiro filme brasileiro a ganhar um prêmio internacional, no Festival Internacional de Karlow-Vary (na então Tchecoslováquia). É óbvio que o sociopata geral não libera a certificação da cidade.
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