Inspirados no fascismo italiano, os integralistas são um movimento ultrarreacionário, criado há oito décadas no Brasil para abrigar o ideário fascista. A Ação Integralista Brasileira teve papel fundamental no golpe militar de 64 e hoje apóia o governo Bolsonaro. Durante as eleições, o grupo formalizou apoio à candidatura do ex-capitão e chegou a participar de um ato de campanha na avenida Paulista. Muitos integralistas são filiados ao PRTB de Levy Fidelix, cujo lema da campanha para deputado federal também era “Deus, pátria, família”.
Mas não é só o lema. Tudo na Aliança pelo Brasil lembra os integralistas, desde a estética à ideologia. A defesa dos valores cristãos, a rejeição à democracia liberal, o nacionalismo autoritário — tudo parece ser uma cópia dos integralistas. Não dá nem para chamar de versão moderna do integralismo, porque tudo no bolsonarismo cheira a mofo.
A Aliança pelo Brasil pode ser classificada com tranquilidade como o primeiro partido neofascista do Brasil. Sim, neofascista. Todos os elementos estão ali: o ultranacionalismo, o anticomunismo, a contestação permanente da democracia liberal, a veneração por um líder populista, o discurso autoritário. Será um partido neofascista de cunho religioso e que já nascerá com alguma relevância no jogo político partidário, já que foi criado pelo presidente da República e tem como uma de suas principais bandeiras a exaltação de sua figura. É uma pena que a grande imprensa nacional, que até hoje evita chamar o governo Bolsonaro de extrema-direita, jamais chamará o neofascismo pelo nome.
A democracia brasileira está prestes a fornecer espaço para um partido cujos fundadores ameaçam constantemente a democracia, atacam princípios constitucionais e exaltam os criminosos do regime militar. É um partido que resgatará oficialmente o legado do fascismo brasileiro. O Partido Social Liberal, que foi temporariamente ocupado para a extrema-direita poder entrar na democracia, ficou pequeno. Faltava um partido genuíno, criado para unir todos as tribos neofascistas que desejam exaltar Bolsonaro e o Deus cristão. Não falta mais.