Todos os anos por esta altura, um estranho ritual de acasalamento acontece num pequeno país que é a única monarquia absoluta restante em África: Eswatini, a antiga Suazilândia.
Milhares de jovens castas acampam na residência oficial da rainha-mãe, para depois marchar (com uma faca na mão, símbolo da sua virgindade) até ao palácio real, em Mbabane, onde o rei Mswati III pode escolher mais uma virgem para sua esposa.
Manda a tradição, criada nos anos 1940 para promover a castidade das mulheres do reino, que as virgens marchem em parada para os convidados da monarquia e outros espectadores vestidas de saia e com os peitos a descoberto, numa exibição de velhos costumes que chocam com o mundo moderno.
Este ano, Mswati III está mais preocupado com outras marchas que, desde Junho, exigem a democratização de um país onde o rei governa como quer, sem responder a ninguém e acima das leis terrenas.
Apesar do controlo da informação dos media oficiais, que são os únicos permitidos, os protestos não têm parado, noticiados e convocados através das redes sociais (a Internet foi, entretanto, suspensa), apesar da forte repressão das autoridades: uma pessoa morreu (são já 29 desde o início das manifestações) e 80 ficaram feridas no último protesto, na quarta-feira. Mswati III tem tentado por todos os meios travar os protestos, com mudanças de primeiro-ministro, promessas de alterações constitucionais e de diálogo nacional, mas aquilo que os suazis querem o rei não lhes quer dar: o fim da sua vida de luxo enquanto o seu povo vive na pobreza.
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