Paulo Ormindo de Azevedo
Somos o celeiro do mundo, o maior produtor de soja, milho e carne. Mas 19 milhões de brasileiros passam fome. Famílias catam resto de comida em latas de lixo e metade da população não tem segurança alimentar. Em 2020 o óleo de soja subiu 104%, o arroz 76%, o feijão 39%, e a carne 36%, segundo o IPCA. A inflação está acima de 10%.
Temos uma das maiores jazidas de petróleo e gás, mas muitas famílias voltaram a cozinhar com lenha ou álcool, porque os sócios externos da Petrobras não abrem mão dos dividendos. A energia elétrica também subiu absurdamente. A Eletrobrás, empresa monopolista e sem concorrentes, foi privatizada e quem vai pagar para ela ampliar suas linhas e dar mais lucro a seus acionistas, é o consumidor. Inventamos o capitalismo sem concorrência nem busca de eficiência, basta aumentar a tarifa.
Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos, neto do famoso Bob Field, dizem que a culpa é do dólar. Guedes dá entrevista em inglês para explicar a inflação, evidenciando a nossa dependência externa. Sim, toda a economia está dolarizada, só falta adotarmos os verdes, como o Panamá, a Jamaica, a Namíbia e o Taiwan, mas os salários e o bolsa-família não foram indexados. O real foi a 6º moeda que mais se desvalorizou em todo o mundo em 2020, com queda de 28%. Neste ano já se desvalorizou 41%.
Os dois gestores de nossa economia são players do sistema financeiro internacional e têm milhões de dólares em paraísos fiscais. Nos EUA e Europa qualquer empresário que aceite assumir um cargo público tem que vender suas ações, no Brasil isto é legal. O Banco Central não tem mais controle da sociedade.
Para Guedes o estado brasileiro é o grande vilão e deve ser reduzido. No Brasil os funcionários públicos representam 12.5 % da força de trabalho formal. Se considerarmos os informais o valor cai pela metade. Nos países de mais alto IDH eles são bem mais numerosos: Dinamarca 28%, Suécia 29% e Noruega 30%. Com relação à população total do Brasil eles são 1,6%. Ou seja, 1,6 funcionários devem cuidar da educação, da saúde, do saneamento e da segurança de 100 brasileiros.
Por isto, as milícias dominam as periferias, onde não entram os correios, o caminhão do lixo, as ambulâncias, os ônibus e os taxis. A revolução pela inclusão social e a educação não é considerada como boa. Mas poderemos ter uma revolução verdadeira, como a francesa, que virá das periferias e do campo. Mas não se faz revolução sem armas. Neste campo também estamos avançando. Em 2020 o número de armas de fogo dobrou e os CACs e os criadores de bois estão espalhando javalis por todo o país, para terem direito a comprarem até seis fuzis e mil munições por pessoa. “Povo armado jamais será escravizado” (Bolsonaro).
Brasil/ Qual é o teu negócio/ O nome do teu sócio?/ Confia em mim!. (Casuza).
SSA: A Tarde, 17/10/2021
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