Em julho de 1791, Mozart está ocupado com a composição da Flauta Mágica, quando um dia recebe uma estranha visita.
É um homem misterioso, alto, magro, escuro e todo vestido de cinzento. Ele é o portador de uma encomenda – uma missa de Réquiem – mas desde logo estabelece uma condição: a de que Mozart não tente descobrir a identidade de seu patrono.
Embora esta história tenha um certo quê de mau agouro, Mozart, sempre precisando de dinheiro, aceita a encomenda.
Recebe metade do pagamento, 25 ducados, no ato – o restante será contra entrega – e promete começar assim que possível.
Este é, porém, um período de extraordinária atividade para Mozart. A Flauta Mágica exige sua atenção. Além disto, recebe uma outra e importante encomenda – A Clemência de Tito, uma ópera para celebrar a coroação, em Praga, do Imperador Leopoldo, como Rei da Boêmia.
E aí sua saúde, que já não era boa, começa a se deteriorar rapidamente.
Mozart trabalha no Réquiem na medida do possível. Mas já em meados de novembro, com o Réquiem longe de estar terminado, ele se recolhe ao leito.
O médico o trata de ‘febre miliar’, com compressas frias e sangrias. Mozart sofria provavelmente de febre reumática ou de uremia.
Nestas últimas semanas, ele se torna obcecado pelo Réquiem, referindo-se a ele como seu ‘canto de cisne’, convencido de que está escrevendo música para seu próprio funeral. O homem alto, magro, de aparência grave seria o mensageiro espectral do outro mundo.
“Não consigo tirar da cabeça a imagem do estranho emissário. Eu o vejo continuamente. Ele me pede, me exorta e então me ordena que trabalhe. Eu continuo, porque compor me cansa menos do que as outras coisas.”
Mozart consegue completar apenas parte da obra.
Segundo a tradição, no dia 4 de dezembro, ele escreve, a muito custo, alguns compassos do movimento Lacrimosa.
Pede então a três amigos que estão com ele que cantem o que acabou de escrever. Ele próprio tenta cantar a parte do contralto, mas começa a chorar e desmaia. Um padre, chamado às pressas, vem dar a extrema unção.
À meia noite Mozart se despede da família. Às cinco para a uma da manhã do dia cinco de dezembro de 1791 morre Wolfgang Amadeus Mozart.
Constanze, sua esposa, pediu a seu discípulo Süssmayr que completasse a obra para que ela pudesse receber os 25 ducados que o patrono, o Conde Franz von Walsegg, daria se recebesse a obra completa. Süssmayr, generosamente, atendeu ao pedido de Constanze.
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