sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

SALVE, JERÓNIMO!


Que bons ventos lhe acompanhem durante a longa travessia, Governador. Esperamos muito, muito mesmo, de sua gestão, começando pela conclusão de tudo aquilo que foi deixado de lado durante as últimas décadas. Se conseguir resolver estas pendências, já será um bom pedaço de caminho andado. Começarei por... Os assuntos se atropelam na minha cabeça, todos querendo aparecer primeiro.

O Centro de Convenções, por exemplo. Que vergonha passou seu antecessor bailando uma valsa hesitação sem fim! O local ideal está aqui esparramado debaixo de meus olhos, no Comércio entre dois moinhos; o quartel dos Fuzileiros Navais. Imenso, praticamente deserto e desocupado a não ser por uma centena de carros que nem estacionamento de shopping. Árvores frondosas, magnífica piscina raramente usada e um punhado de jovens jogando bola. Sonhemos com algo impactante, tipo Museu do Futuro para transformar e dar novo embalo ao quingentésimo Comércio.

A Ladeira da Soledade, com sua elegante arquitetura eclética, grita por socorro. Está se transformando num monte de ruínas. Que tal um Museu Nacional do Azulejo no Solar Bandeira? A Bahia merece, Governador! O bairro inteiro irá se beneficiar deste resgate. Somos um dos poucos Estados brasileiros que não possui um Memorial de Cultura Popular. Que escândalo! Outro escândalo é o Museu Wanderley Pinho que deveria ter sido reinaugurado em fevereiro 2022. Os dinheiros desta obra provêm de nosso bolso, Governador!

E o Palco Móvel do Largo do Pelourinho? O Centro Histórico de Salvador, sempre maltratado, faz pena de se frequentar, Seu Jerônimo. Nenhum de seus predecessores se empenhou seriamente em reabilitar um tesouro que atrai anualmente milhares de turistas. Sabia que, escondida na Rua Alfredo Brito, existe uma obra “social” iniciada há dezesseis anos e ainda não terminada? Trata-se da famigerada Vila Nova Esperança, proposta demagógica, onerosa e absurdamente inútil de um secretario de cultura deslumbrado com o próprio umbigo.

E o Recôncavo? Por quantos anos ainda vai continuar desprezado? Já escrevi nestas mesmas páginas que nossa riqueza não está nas praias, sem menosprezar seus encantos, mas sim no patrimônio único da História, da Cultura e das Artes da Bahia. De seus monumentos e de sua gente. Precisamos ampliar o leque de opções para seduzir um turismo a cada ano mais exigente.

Posso adivinhar o bocejo de alguns leitores que já conhecem meu hábito de bater sempre nas mesmas teclas. Má conservação do Patrimônio, abandono do Recôncavo, metrô medíocre, “reabilitação” medíocre do Santo Antônio, da Praça Cairu e do sambódromo da Barra. Que me perdoem aqueles que se contentam com pouco. Continuarei, Governador, exigindo o melhor para a primeira capital do Brasil.

Dimitri Ganzelevitch

A Tarde, 07 / 01/ 2023

Um comentário:

  1. A lista é realmente grande. E os subúrbios ferroviários, tão repleto de atrativos naturais e histórico e tão mal cuidado,, até os trem tiraram para acabar de matar a região toda. Tem mesmo de insistir nas mesmas coisas para ver se um dia alguém se sensibiliza. Parabéns pelos seus artigos.

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