Que bons ventos lhe acompanhem durante a longa travessia, Governador. Esperamos muito, muito mesmo, de sua gestão, começando pela conclusão de tudo aquilo que foi deixado de lado durante as últimas décadas. Se conseguir resolver estas pendências, já será um bom pedaço de caminho andado. Começarei por... Os assuntos se atropelam na minha cabeça, todos querendo aparecer primeiro.
O Centro de
Convenções, por exemplo. Que vergonha passou seu antecessor bailando uma valsa
hesitação sem fim! O local ideal está aqui esparramado debaixo de meus olhos,
no Comércio entre dois moinhos; o quartel dos Fuzileiros Navais. Imenso,
praticamente deserto e desocupado a não
ser por uma centena de carros que nem estacionamento de shopping. Árvores
frondosas, magnífica piscina raramente usada e um punhado de jovens jogando
bola. Sonhemos com algo impactante, tipo Museu do Futuro para transformar e dar
novo embalo ao quingentésimo Comércio.
A Ladeira da
Soledade, com sua elegante arquitetura eclética, grita por socorro. Está se
transformando num monte de ruínas. Que tal um Museu Nacional do Azulejo no Solar
Bandeira? A Bahia merece, Governador! O bairro inteiro irá se beneficiar deste
resgate. Somos um dos poucos Estados brasileiros que não possui um Memorial de
Cultura Popular. Que escândalo! Outro escândalo é o Museu Wanderley Pinho que
deveria ter sido reinaugurado em fevereiro 2022. Os dinheiros desta obra provêm
de nosso bolso, Governador!
E o Palco Móvel
do Largo do Pelourinho? O Centro Histórico de Salvador, sempre maltratado, faz
pena de se frequentar, Seu Jerônimo. Nenhum de seus predecessores se empenhou
seriamente em reabilitar um tesouro que atrai anualmente milhares de turistas.
Sabia que, escondida na Rua Alfredo Brito, existe uma obra “social” iniciada há
dezesseis anos e ainda não terminada? Trata-se da famigerada Vila Nova
Esperança, proposta demagógica, onerosa e absurdamente inútil de um secretario
de cultura deslumbrado com o próprio umbigo.
E o
Recôncavo? Por quantos anos ainda vai continuar desprezado? Já escrevi nestas
mesmas páginas que nossa riqueza não está nas praias, sem menosprezar seus
encantos, mas sim no patrimônio único da História, da Cultura e das Artes da
Bahia. De seus monumentos e de sua gente. Precisamos ampliar o leque de opções
para seduzir um turismo a cada ano mais exigente.
Posso
adivinhar o bocejo de alguns leitores que já conhecem meu hábito de bater
sempre nas mesmas teclas. Má conservação do Patrimônio, abandono do Recôncavo,
metrô medíocre, “reabilitação” medíocre do Santo Antônio, da Praça Cairu e do
sambódromo da Barra. Que me perdoem aqueles que se contentam com pouco.
Continuarei, Governador, exigindo o melhor para a primeira capital do Brasil.
Dimitri Ganzelevitch
A Tarde, 07 / 01/ 2023
A lista é realmente grande. E os subúrbios ferroviários, tão repleto de atrativos naturais e histórico e tão mal cuidado,, até os trem tiraram para acabar de matar a região toda. Tem mesmo de insistir nas mesmas coisas para ver se um dia alguém se sensibiliza. Parabéns pelos seus artigos.
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