Você escolhe a palavra certa
Ô pessoal, cuidado que hoje levantei da cama com o pé esquerdo! Agarrem os braços da poltrona, vamos iniciar uma viagem um pouco sacudida!
No princípio da nova gestão
estadual, convencido de que, agora sim, teria mais audiência para minhas
sugestões, estabeleci uma lista de propostas culturais bacanas e baratas para
animar o centro histórico de Salvador e pedi audiência à responsável, versão
morena da falsa loira de outrora. Quando cheguei ao encontro marcado, a senhora
diretora estava tão ocupada, coitada, que não poderia me atender. O braço
direito da dita também tinha mais o que fazer. Pediu a uma jovem assistente
para me ouvir, o que esta fez com extrema educação e paciência. Deixei cópia de
minhas sugestões à amável representante de terceiro escalão e saí da mesma
forma que tinha entrado.
Ninguém se dignou nunca em me
dar nunca a mínima resposta. Também, quem sou eu?
O tempo passou, até que um
belo dia, via Unesco-Paris, descubro que algumas de minhas ridículas idéias estavam
sendo realizadas. Mandei a 500 endereços internet cópias da agenda e da minha
lista. Foi um Deus-me-acuda geral. Pediram-me insistentemente por favor seu
Dimitri, faça um comentário sobre esta agenda, já que o senhor é o pai das
crianças. Redigi duas líneas. Foram publicadas vapt-vupt em algum e-mail
descartável. Tudo bem. Não vamos fazer uma tempestade num copo d´água pouco
transparente.
De repente, a poucos dias da
primeira feira de antiguidades, a responsável pelo Escritório de Referências,
me manda um e-mail informando que a senhora diretora me deseja curador da dita
feira. Não é maravilhoso? A própria senhora diretora sugere, como pró-labore,
equiparação com minha curadoria da retrospectiva de Eckenberger no Palacete das
Artes. Tudo bem. Sempre chegado a desafios, aceito o convite, sob certas
condições a debater
No sábado errado – lógico
seria no primeiro sábado do mês, quando a gente tem alguma grana a gastar
– a feira é inaugurada, mas reservada
aos únicos comerciantes da rua Ruy Barbosa e dois do Pelô. O Cabral Descobertas,
do Carmo, por exemplo, não foi nem lembrado, e os do Rio Vermelho, Vitória e
Graça foram excluídos sem direito a apelação. Ninguém entendeu porquê.
Choveu a cântaros naquele
dia. Ninguém vendeu nada. Mesmo assim, expositores e comerciantes do Cruzeiro
de São Francisco louvaram a iniciativa.
Marcamos nova reunião de
trabalho para uma sexta, fim do expediente, mas, no último momento, a senhora
diretora teve uma indisposição e mandou remarcar a reunião para a segunda-feira
seguinte. Também não veio naquela data, pela mesma inquietante indisposição.
Felizmente, ela estava com ótima aparência, três dias depois, na inauguração da
Praça Jubiabá. Não se dignou em falar comigo, mas fiquei muito aliviado ao
constatar sua ótima aparência.
Quem acha que haveria alguma
seqüência, está enganado. Por duas vezes mandei e-mails à senhora diretora
pedindo definição da proposta. Não obtive a mínima resposta.
No terceiro tive direito a
resposta, sim. Ríspida e impaciente
Tive pena de uma frágil
senhora sucumbindo sob o colossal peso do cargo
Funcionário público não tem
satisfação alguma a dar a seja quem for, menos ainda ao contribuinte que paga
seu salário.
Nunca esta senhora se dignou,
com toda razão, em se encontrar comigo, rastejante e desprezível verme fugido
de algum aquário de laboratório.
Alguma definição essa atitude
tem. Deixo ao leitor a escolha do termo.
Dimitri Ganzelevitch Salvador, 20 de novembro de 2008.
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