Os ambulantes estão parados,
sentados no meio fio.
Os tambores já foram colocados, mas os percussionistas ainda não chegaram.
Os pintores “tribais” aguardam suas vítimas.
Ainda é cedo para os rebanhos de turistas no Largo do Pelourinho.
Salvo um homem, um cinquentão solitário, camiseta branca, jeans surrados, tênis de marca.
Anda devagar olhando o casario com ar de tédio.
Para frente a Casa de Jorge Amado, levanta o braço e olha o celular com sorriso rasgando a face.
Selfie.
Abaixa o braço.
Desaparece a graça, o encanto.
Continua andando com o mesmo ar de tédio até chegar a igreja do
Rosário dos Homens Negros.
De novo levanta o celular para outro selfie, face iluminada de felicidade.
Abaixa o braço, volta a expressão de profunda indiferença a tudo e
todos.
Dimitri Ganzelevitch
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