Há dias de se acordar tão feminina!
Gata, sereia, bailarina,
sedas, laços e batom.
O corpo é doce, o beijo é bom,
a vida é orquestra; eu, maestrina.
Antes que o encanto rache
ou que o ciclone aumente,
lavo-me em mel e purpurina.
Mas toca o telefone, a flauta desafina,
e eu visto a couraça novamente.
(Flora Figueiredo, in "O trem que traz a noite", 2000.
Ilustração: Berthe Morisot, "Jeune Femme se Poudrant", 1877.
Óleo sobre tela: 46 x 39 cm. Museu d'Orsay.
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