Já lá se vão anos, desde que eu escrevi artigo – Merchandising: nossos ídolos se rendem - impertinente àluz dos interesses comerciais, porque fazia uma critica ética e sociológica ao oportunismo expressivo de personas
famosas, cantores e dramaturgos, seduzindo multidões no marketing televisivo.
Desde os cenários greco-romanos originários até o teatro de Shakespeare e Molière, o cotidiano e as artes sempre propiciaram encenações das injuções políticas, conflitos religiosos, dominação belicosa da subsistência nas sociedades.
O homem é um fingidor; nunca é tão autentico como quando interpreta um papel, diz Hazlit.
Nada obstante, com o olhar histórico percebemos os interesses egocêntricos dos afamados por suas virtudes artísticas, conjugando vantagens financeiras,potencializando significâncias políticas e culturais do seu tempo. Nesse patamar do prestigio social, a personalidade expressa uma visibilidade encantadora de segmentos sociais afinados com sua obra: o imaginário coletivo.
O povo tem mania de criar ídolos e a mania dos ídolos é menosprezar o povo, exalta Julio Camargo.Todo artista deve ir aonde o povo esta... cantarolou o poeta de Minas coerente à sua biografia. Decorre que a ambivalência da frase poderia ser (re) significada em proposição transformadora ou narcísica, vez que o virtuose sem publico não cria nem transcende a sua arte: necessita dementes e corações. O poder sedutor do cantor-ator esta em traduzir a realidade intangível pungente, a dialéticamusical ou imagética da existência sem sentido, massempre desejada. Nenhum artista vê as coisas como realmente são do contrario deixaria de ser um artista,ironiza O. Wilde.
Ao promover o consumo de objetos supérfluos, bebidas, perfumes, utensílios, automóveis e ate valores bancários, a persona estaria sujeita a contrapartida à sua identidade? A ética utilitarista na sociedade capitalista implica reciprocidade desigualada na estratificação socioeconômica e política. Dev e um ídolo popular usar oprestigio angariado nem sempre de modo glamoroso para persuadir ao consumo deste ou daquele produto? Aquele que proclama vantagens no consumo não deveriasubmeter-se à responsabilidade solidaria nos reclamos de proteção contra o mercado?
O ídolo enquanto cidadão tem direito a vantagem pecuniária, pois portador das ferramentas do talento e das garantias de contribuinte na construção da sociedade em que convive. Entretanto, poderá omitir-se do seucompromisso político e manifestar-se publicamente de que lado esta na sociedade almejada para si, e seuscompatriotas?
A sua reputação deve servir igualmente aos interesses comunitários, não apenas aos empresários - argentários não raro - alienados das iniqüidades sociais na qual sua empresa igualmente esta inserida.Precisamos da ética humanística e da solidariedade genuína, quando o individuo ilustrado e influente exerce a dissuasão da sua comunidade com a primazia de ressaltar a autonomia política e cultural, muito antes de um alentado consumo demercadorias, no mais das vezes desnecessário ou demasiado.
Marcos Luna
médico e escritor pós-graduado na Harvard University e UFBA
médico e escritor
email: doutor.luna@gmail.com
Muito bom!
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