sábado, 4 de março de 2017

OUTRO MUSEU ABANDONADO!


Museu Iberê Camargo: mais um absurdo da provinciana e atrasada Porto Alegre

por MILTON RIBEIRO

Quando certa manhã Álvaro Siza acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se pensando que aquilo que lhe passara pela cabeça seria uma maravilhosa realidade: um gigante pilotando uma enorme pá, enterrando fundo seu instrumento de trabalho na beira do Guaíba, para depois erguer do chão o Museu Iberê Camargo e perguntar para onde deveria levá-lo. A resposta seria óbvia: para uma cidade que desse um mínimo de atenção para a cultura.
Foto: Elvira Tomazoni Fortuna
Foto: Elvira Tomazoni Fortuna
Não sei como Álvaro Siza Vieira foi construir uma de suas mais belas obras em Porto Alegre, o que sei é que a cidade não a merece. Trata-se de um museu de arte, um lindo prédio branco e iluminado na mais bela região da cidade com estacionamento no subsolo… Mas vejam só — funciona apenas dois dias por semana, sexta e sábado. Talvez os ônibus nem parem mais na frente do Iberê. Não sei de vocês, mas eu sofro com isso. Como minha cidade pode descuidar tanto de seu patrimônio cultural?
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A obra é um achado. Espaçoso, privilegia a entrada de luz e a visão das águas do Guaíba. Deveria estar sempre lotado, com escolas durante o dia, mais visitantes e turistas. Em quase todos os lugares do mundo, os museus abrem todos os dias, exceto às segundas-feiras. São importantes não apenas para arte e sua memória, mas para o turismo. Só que aqui, no provinciano e cada vez mais cu do mundo chamado Porto Alegre, não há empresas, mecenas ou governo que possam assumir o local.
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Só o prédio de Siza já seria uma atração para o turismo cultural. Foi vencedor de vários prêmios internacionais. Aliás, Siza é o mais premiado dentre os arquitetos vivos. Mas, daqui alguns anos, sua obra porto-alegrense deverá ser uma ruína cheia de vazamentos e pintura gasta. Já estou até me imaginando, velhinho, olhando o pôr do sol sentado na frente do bar — talvez igualmente fechado –, contando como aquilo foi maravilhoso durante uns poucos anos.
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Não gosto nem de passar na frente. Para piorar, tem um pardal que faz com que todos os carros reduzam a velocidade quando passam por ele, o que faz com a gente observe bem a obra. E não entre.
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