Foi uma longa viagem. Começou nos anos 1920, no ateliê de retratos montado por Chichico Alkmim (1886-1978) no porão de sua casa no Beco João Pinto, em Diamantina (MG), e terminou – na verdade recomeçou – na segunda semana de dezembro de 2015 com a chegada do acervo do fotógrafo mineiro ao Instituto Moreira Salles, que agora tem sua guarda por 10 anos em regime de comodato.
Os 5.549 negativos de vidro com imagens cristalinas de tipos e costumes brasileiros da primeira metade do século XX viajaram 729,3 km transportados como tesouro, sob a supervisão de Gabriella Vieira Moyle e Rodrigo Bozzetti, da Reserva Técnica Fotográfica do IMS.
A mesma dupla esteve em novembro na Bahia acompanhando Sergio Burgi, coordenador de Fotografia do Instituto, nos procedimentos de embarque em Salvador de 100 mil fotografias de Mario Cravo Neto, outro conjunto recentemente incorporado ao acervo do IMS.
Ou seja, a obra de Chichico Alkmim (foto à direita) seria café pequeno para despacho, não fossem as chapas resgatadas em Diamantina de um material muito particular: “Quando a gente pensa que está lidando com vidro já começa a tremer”, brinca Rodrigo.
É um tipo de negativo que, sob os cuidados do IMS, só encontra paralelo em termos de quantidade no acervo de Marc Ferrez, composto por cerca de 5 mil unidades –, só que registradas em chapas de 40 x 50cm ou 24 x 30cm.
No caso de Chichico, o maior negativo mede 13 x 18cm, alguns deles armazenando até sete imagens, imagina-se que por medida de economia de material.
Presume-se que nas tais 5.549 chapas que Gabriella e Rodrigo foram buscar em Minas existam cerca de 10 mil registros fotográficos da gente de Diamantina e de cidades vizinhas.
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