Comerciante denuncia agressão de policial civil no Centro Histórico
Ameaça envolve denúncia de mudanças estruturais em prédio tombado; Iphan investiga
Era mais um
dia de trabalho do comerciante João Batista Cabral, 57 anos, em seu
brechó, o Brechó Descobertas, localizado na Rua do Carmo, no Santo
Antônio Além do Carmo, Centro Histórico de Salvador. Por volta das 14h
da última quarta-feira (21), no entanto, ele foi supreendido por um
policial civil, sem farda e identificação, mas portando uma arma de
fogo.
De acordo com João, o agente, que é perito técnico
do Departamento de Polícia Técnica (DPT), estava irritado com uma
denúncia feita pelo comerciante ao Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) sobre obras irregulares em um casarão ao lado
do seu estabelecimento.
Ainda de acordo com João, o responsável pelas
intervenções na residência número 17 é o próprio policial, que adquiriu
o terceiro andar do prédio há pouco mais de dois meses. Desde que passou
a morar na residência, conta o comerciante, o policial começou uma
intervenção no telhado e a construção de uma chaminé.
Preocupado com as mudanças que, para João,
"desconfiguram o bairro", ele decidiu então formalizar a denúncia na
semana passada ao Iphan.
"Acredito que a fiscalização esteve lá e ele,
irritado, resolveu vir aqui. Ele entrou com arma em punho, dizendo que
iria me matar e que eu queria acabar com a vida dele", conta o
comerciante, que também chegou a ser ameaçado de morte.
Ao CORREIO, a assessoria do Iphan confirmou que
recebeu a denúncia e que já tomou providências. "A denúncia foi feita ao
Iphan e já foi realizada vistoria no local. Está sendo elaborado um
relatório sobre a situação e serão adotadas as medidas administrativas
cabíveis para o caso", declarou o órgão, em nota.
Além
de insultar o comerciante, o policial, com a arma, agrediu João no
braço esquerdo. A agressão foi registrada na Corregedoria da Polícia
Civil no mesmo dia. O caso também foi registrado na 1ª Delegacia,
nos Barris, e foi feito exame de corpo de delito no Instituto Médico
Legal Nina Rodrigues (IML).
O CORREIO entrou em contato com a Polícia Civil,
para saber informações sobre o processo envolvendo o agente, mas a
assessoria disse que só seria possível após a solicitação de uma
pesquisa na Corregedoria, o que demanda maior prazo para atender ao
pedido da reportagem.
As construções irregulares, ainda de acordo com o
comerciante, estão ficando mais frequentes no Centro Histórico.
Inclusive, feito por moradores mais antigos. "Se não parar com isso,
daqui a 10 anos não vamos ter mais nada. Existe cada aberração, cada
construção sendo feita que chega a doer o coração. A gente precisa
brigar pelo nosso Centro Histórico", defende. O policial civil não foi
localizado para comentar a situação.
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