Entidades ambientais recolhem 15 mil assinaturas contra projeto do BRT
Roy Rogeres l A TARDE SP
As obras para a construção do BRT Salvador, iniciadas na semana passada, têm provocado manifestações de grupos e entidades ambientais, que não concordam com a implantação do projeto e utilizam como argumentos os custos para realização da obra e os impactos ambientais.
Um abaixo-assinado criado pelo Movimento Salvador sobre Trilhos, que circula na internet, tem buscado assinaturas com objetivo de pressionar o Programa da ONU para o Meio Ambiente, a prefeitura de Salvador, o Ibama, o Ministério do Meio Ambiente e a Câmara Municipal. Até o fechamento desta edição, mais de 15 mil assinaturas haviam sido recolhidas.
Com prazo de conclusão em 28 meses, o sistema vai ligar a região da rodoviária com o canteiro central da Avenida ACM, seguir pela Av. Juracy Magalhães, acessar a Av. Vasco da Gama e chegar à Lapa.
De acordo com Luís Prego Brasileiro, coordenador do Movimento Salvador sobre Trilhos, informações do projeto obtidas pelo Ministério das Cidades estabelecem o corte de 579 árvores das avenidas Juracy Magalhães e ACM e o revestimento dos rios Lucaia e Camarajipe. O que, segundo afirma, compromete os animais que ali residem e visitam. “Limitando as suas capacidades de carga hídrica, com prováveis ocorrências de inundações pelo grande volume de águas pluviais, que a galeria do rio não suportará, correndo pela superfície”.
Danos
A impermeabilização do solo natural, o desmatamento, a influência no tempo com provável elevação da temperatura devido ao excesso de cimento e concreto são outras consequências possíveis.
O custo inicial estimado, em torno de R$ 1 bilhão, faz do BRT Lapa-Iguatemi o mais caro do Brasil, conforme dados levantados pelo movimento, e destaca ainda que o valor total da obra pode chegar R$ 820 milhões. A alternativa indicada por ele seria a utilização das vias e dos ônibus já existentes, em faixas exclusivas de ônibus com monitoramento eletrônico total pelo sistema BHLS. “Com o uso de faixas exclusivas de ônibus com o sistema BHLS, o custo seria consideravelmente inferior, preservando assim as 579 árvores e os rios tão necessários”, sugere.
Processos
Segundo o coordenador, duas ações no Ministério Público da Bahia (MP-BA) e no Ministério Público Federal (MPF) estão com requerimento em andamento, além do abaixo-assinado no intuito de mobilizar a sociedade civil. “A preservação das árvores é importante para o clima, para a composição de um ambiente e paisagem urbana mais amigável e manter o equilíbrio do meio ambiente”, destaca.
O sentimento com os possíveis impactos das obras do BRT é de tristeza. “As próximas gerações jamais terão a oportunidade de ver as paineiras, gameleiras, amendoeiras, dendezeiros, mangueiras e tamarindeiras que um dia embelezaram essas avenidas”.
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