sábado, 14 de dezembro de 2019

NOSSOS EDIS NÃO GOSTAM DE VERDE

Resultado de imagem para FOTOS DE PALMEIRAS IMPERIAIS

Em 30 de novembro publiquei no meu blog mais uma notícia elogiosa sobre Portugal. Desta vez a respeito da escolha de Lisboa pela Comissão Europeia como Capital Verde 2020. É, sem dúvida alguma, mais um excelente motivo para atrair os doze milhões anuais de turistas.
Estive lá em setembro passado e me deslumbrei com a concretização, cada vez mais óbvia, da vontade política de realizar o velho sonho da cidade no campo. São raros os espaços públicos e privados que não apresentem uma orgia de árvores, plantas e flores, em qualquer estação do ano. Fotografar tornou-se fastidioso.
Mesmo com tanto verde – e com certeza por causa dele - entre 2004 e 2017 o consumo de água diminuiu em 46%. Até 2030, o município tenciona reduzir em 60% as emissões de dióxido de carbono. A proposta é de que cerca de 85% da população viva a menos de 300 metros de um espaço verde com pelo menos 2.000 metros quadrados. A filosofia municipal, oficialmente anunciada, pode se resumir a esta simples sentença: “Menos carros, mais árvores”.
Como evitar a comparação com a política, não somente da prefeitura de Salvador, mas também do governo do Estado, onde se derrubam árvores centenárias para construir viadutos tentaculares e abrir mais avenidas onde havia resquícios da mata atlântica?
Tive, dias atrás, uma traumática experiência com a prefeitura, experiência que vou contar agora. Sobrando mudas de palmeiras imperiais no meu pequeno jardim, resolvi doar oito delas com a condição que fossem plantadas no largo de Santo Antônio, mais especificamente do outro lado do gradil que separa o largo da encosta. Uma palmeira por trás de cada pilastra iria formar um elegante conjunto emoldurando a vista sobre a baía sem obstruí-la.
Uma equipe da prefeitura veio retirar as mudas para plantá-las no espaço que tornei a definir, explicitamente, aos piões. Nenhum responsável da Secretaria de Meio-Ambiente acompanhou o processo.
No dia seguinte, uma certa Bete me telefona. As palmeiras tinham sido plantadas e pessoas da comunidade se comprometiam em molhá-las. Perguntei se estavam bem no espaço decidido. “Bem... Algumas foram plantadas na encosta, mas outras foram colocadas no largo mesmo. Ficou muito bonito...”




Resolvi ir até o local. Passando o portão que dá acesso a encosta, constatei que absolutamente nenhuma palmeira tinha sido plantada no local indicado. O triste abandono indicava claramente que o terreno nem tinha sido preparado. Em contrapartida havia montes de lixo que até hoje devem permanecer. Minhas palmeiras estavam tapando buracos no projeto paisagístico (sic) da praça. Dona Bete tinha mentido, me fazendo de otário. É assim que é tratado o pretenso embelezamento da capital. Nas coxas.

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