Completou um ano o ato que mobilizou parte significativa
da classe artística para um protesto em defesa do Cineteatro Jandaia, abandonado
pelos proprietários e pelas autoridades supostamente envolvidas na preservação
do patrimônio cultural da Bahia.
Na sexta-feira 6 de
Novembro de 2015, o governador Rui Costa, pressionado pela repercussão do
movimento, conforme matéria d´A Tarde “(...)
determinou que o Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac)
realize obras emergenciais de conservação do cineteatro - como o escoramento de
toda a estrutura do imóvel, tombado como patrimônio cultural desde 2010 (...).
Anunciou que um novo equipamento cultural pode ser construído no local, onde já
se apresentaram nomes como Carmem Miranda, Bidu Saião e Dalva de Oliveira.”
Mas o grande problema do Jandaia é ser considerado
como obra de pouco impacto político, em bairro pouco valorizado, senão
decadente. Muito maior repercussão terá o anúncio da construção achinesada de
mais um elefante branco como a ponte Salvador-Itaparica.
Não é preciso ser
futurólogo para adivinhar que o monstrengo irá transformar e dividir aquilo que
foi um pedaço de paraíso em campo de infeliz competição entre mais luxuosos condomínios
e mais sórdidas favelas. A perfeita imagem da desigualdade socioeconômica do
Brasil será sem tardar resumida nestes 36 quilômetros de coqueiros e praias.
Existem prioridades, Governador. Para um estado que
anseia recuperar parte do sonhado fluxo de turismo e escapar da falência
hoteleira, é urgente-urgentíssimo investir na memória, na cultura popular, nos museus
e na Orquestra Sinfônica. Nos fabulosos tesouros do Recôncavo. Na preservação,
sim, da fauna e da flora. Florestas, matas, reservas, rios e lagunas.
Não
descarte estas sugestões como elucubrações de hippy extemporâneo.
São estas
riquezas que fazem de nosso estado uma terra privilegiada e não o rosário de
shopping centers e viadutos que nunca impressionará quem nos visita.
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